Uma trama misteriosa e envolvente a bordo de um trem. Poderia ser Agatha Christie, mas é o novo filme do diretor espanhol Jaume Collet-Serra, que traz mais uma vez Liam Neeson no papel principal. É a quarta parceria entre os dois. Em O passageiro, o irlandês interpreta um ex-policial que trabalha como corretor de seguros em Nova York. Em dificuldades para manter as contas da família em dia, ele ainda é demitido, dando início aos acontecimentos do thriller, que chega nesta quinta (8) às salas brasileiras.

Michael MacCauley (Neeson) pega o trem suburbano diariamente para ir de sua longínqua residência para Manhattan, onde trabalha há 10 anos. A longa jornada o fez conhecido de outros usuários frequentes e funcionários da linha. No entanto, no dia em que perdeu seu emprego, sua volta para casa foi ainda pior do que ele imaginava. Quando entra no trem, ele percebe estar sem seu telefone celular, que pode ter caído ou sido roubado na movimentada estação. Assim que se acomoda, Joanna (Vera Farmiga), uma loira misteriosa, se aproxima e puxa uma estranha conversa.

A mulher propõe a Michael uma tarefa que, segundo ela, não lhe traria consequências ruins. Se cumprisse, ganharia US$ 100 mil. A missão seria encontrar um desconhecido específico a bordo e colocar um pequeno objeto em sua mala. Em seguida, Joanna desembarca, deixando o protagonista curioso e atordoado pela proposta, que parecia uma grande farsa. Parecia, pois logo ele se vê metido em uma situação perigosa, com riscos para sua própria vida e também para a de sua mulher e a de seu filho, caso não prossiga com a missão.

Neeson é figura batida de filmes de ação, como Star Wars episódio I: A ameaça fantasma (1999), Batman begins (2005), a trilogia Busca implacável (2008 a 2015) e títulos policiais, como Sem escalas (2014), também dirigido por Collet-Serra e de enredo extremamente similar ao de O passageiro. Novamente, ele protagoniza cenas de lutas, tiros e heroísmo, algumas delas sem tanto compromisso com a verossimilhança.

SEMELHANÇA A trama abusa da criatividade para criar uma situação de perigo para o protagonista. Em Sem escalas, o personagem de Neeson recebe mensagens a bordo de um avião com ordens para obrigar os responsáveis pela companhia aérea a depositarem US$ 150 milhões em uma conta bancária. Do contrário, um passageiro seria morto a cada 20 minutos. Embora esteja atravessando problemas pessoais, a condição de oficial da Força Aérea dos EUA o faz encarar a situação para salvar vidas inocentes, iniciando uma sequência de lutas, ameaças, mortes e mistério sobre quem está por trás de tudo.

O passageiro se desenrola em condições quase iguais, porém, sobre os trilhos. O diretor, no entanto, nega as semelhanças. Em entrevista ao jornal britânico The Independent, Collet-Serra disse que eles não queriam fazer a mesma coisa. “Eu queria ver mais do Liam do que já conheço na tela. Como o personagem vem de um bom lugar, sendo um bom pai e um bom marido, não o alcoólatra de Sem escalas ou o gângster de Noite sem fim (outra parceria deles), ele tem mais oportunidade para mostrar seu encanto. Neste filme, ele é um passageiro amigável, não vem da posição de poder com uma arma na mão, então ele precisa manipular e falar com as pessoas, é o lado dele que eu queria, que não vi antes”, disse o diretor.

A proximidade das duas produções foi criticada no exterior, mas a atuação de Neeson tem sido elogiada. Aos 65 anos, o ator representa bem a figura do ex-policial, meio fora de forma, cheio de problemas particulares e com uma missão perigosa e acidental nas mãos. Uma figura diferente daquelas interpretadas por Steven Seagal, Chuck Norris e outros que, não importa a idade, parecem ter mais superpoderes que muitos super-heróis dos quadrinhos.

 

Abaixo, confira o trailer de O passageiro: