Queda de árvore na Savassi chama atenção para risco durante o carnaval

Prefeitura de BH credita incidente a rompimento de adutora. Copasa nega. Uma força-tarefa foi montada para cortar 120 árvores até amanhã

por João Henrique do Vale 08/02/2018 06:00
Juarez Rodrigues/EM/DA Press
O espécime tombou na Rua Paraíba e suas raízes arrastaram parte da calçada. Moradores afirmam que já haviam alertado a prefeitura sobre o risco (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)

A queda de uma árvore na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde a maioria dos blocos vai desfilar no Carnaval, reforça o alerta durante a folia. Ontem, uma árvore de grande porte caiu na Rua Paraíba, na esquina com Rua Inconfidentes, na Região da Savassi. O tronco ficou atravessado e interditou a via por mais sete horas. Moradores afirmam que já tinham alertado a Prefeitura sobre os riscos de queda do espécime. A administração municipal e o Corpo de Bombeiros afirmam que o rompimento de uma adutora encharcou o solo e provocou o incidente. Já a Copasa retrucou e disse que os problemas na rede foram decorrentes “da movimentação das raízes no processo de tombamento da árvore”.

A queda da planta ocorreu no início por volta das 14h de ontem. A raiz arrastou parte da calçada, que foi destruída. Os galhos atravessaram totalmente a via e atingiram uma banca de revistas, localizada em frente à Escola Estadual Bruno Brandão. A iniciativa de um catador de papel foi essencial para ninguém se ferir, segundo testemunhas. “Já estávamos suspeitando que a árvore cairia desde dezembro. Hoje, saiu uma água barrenta da árvore e o passeio estufou ainda mais. Um catador de papel, chamado Vanderlei, saiu avisando todo mundo para não ficar embaixo”, contou a comerciante Maria das Neves Assunção Teixeira, que trabalha em uma lanchonete em frente ao local.

Maria conta que já vinha alertando as pessoas para evitar ficar próximo à árvore. “Poucas horas antes, dois adolescentes se sentaram nos bancos que ficam próximos a ela. Eu pedi para eles saírem e falei do risco. Foi por Deus que não teve nenhuma vítima”, disse a comerciante. Segundo ela, essa medida é tomada há meses. Os problemas na árvore foram detectados ainda em dezembro pelos comerciantes e pedestres que passam pelo local. De acordo com Maria, vários pedidos foram feitos à prefeitura para o corte do espécime. “Estou ligando para a prefeitura desde o ano passado, porque é uma árvore de porte grande com risco. Primeiro liguei no 156 e não fui atendida ano passado. Voltei a ligar em janeiro e não consegui nada. Falei na ouvidoria e nada. Hoje mesmo falei com um engenheiro da prefeitura e ele me disse que primeiro teria que retirar as abelhas da árvore para depois realizar o corte”, comentou.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi) informou que foi solicitado o serviço de poda da árvore e não de supressão. Completou dizendo que o trabalho foi feito. Técnicos foram ao local e constataram que uma adutora se rompeu e provocou o encharcamento do solo. Esse teria sido o motivo para a queda do espécime. O mesmo problema foi constatado pelo Corpo de Bombeiros. Por sua vez, a Copasa afirmou que o rompimento da rede de água foi decorrente da movimentação das raízes no processo de tombamento da árvore. A Companhia completou dizendo que o vazamento foi sanado por técnicos e que o abastecimento de água não foi afetado. 

Cortes


As quedas de árvores na capital mineira são uma preocupação da Prefeitura de Belo Horizonte para o carnaval. Uma força-tarefa foi montada para cortar 120 árvores até amanhã. A ação começou na última semana e, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi), até ontem aproximadamente 80% dos serviços já haviam sido concluídos. Dados da PBH mostram o risco iminente. De 29 de dezembro até 21 de janeiro, foram 76 quedas de árvores registradas, média de três por dia. Os problemas com quedas de árvores são antigos e já provocaram mortes na capital mineira.

Somente nas regiões Centro-Sul e Pampulha são 1,8 mil espécimes condenados. A operação de poda e supressão pré-folia ocorre pelo segundo ano seguido na capital mineira. Em 2016, a medida foi necessária devido à infestação do inseto Euchroma gigantea, conhecido como besouro metálico. Na época, 1,8 mil árvores também corriam o risco de cair. Por isso, algumas foram suprimidas ou podadas e outras monitoradas.

 

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