Bloco contesta veto de bombeiros e tenta manter trajeto do cortejo

Os organizadores do bloco Tico Tico Serra Copo encaminharam uma carta à corporação para negociar a realização de seu décimo cortejo

por Silvia Pires 07/02/2018 19:13

Priscila Musa/Divulgação
Foto foi tirada em 2016, nas margens do Córrego do Onça (foto: Priscila Musa/Divulgação)
Um dos blocos pioneiros da retomada do carnaval em Belo Horizonte, o Tico Tico Serra Copo, que teve seu trajeto de desfile vetado pelo Corpo de Bombeiros na quinta-feira passada, promete ir à Justiça para tentar viabilizar seu cortejo. Nesta quarta-feira, os organizadores do grupo encaminharam uma carta à corporação, na tentativa de negociar a realização de seu décimo cortejo, mantendo o trajeto escolhido.


Os motivos para a não concessão da liberação estão ligados ao trajeto onde o cortejo afirma que irá passar. O desfile passaria pelo túnel que liga a Avenida Cristiano Machado ao Complexo da Lagoinha, trajeto que iria durar aproximadamente 40 minutos. Segundo os integrantes do bloco em novembro do ano passado eles enviaram à Belotur a sugestão do trajeto, com início no Colégio Batista e finalização na Lagoinha, mas às vésperas do carnaval o Corpo de Bombeiros vetou a opção apresentada pelo bloco.

Tradicionalmente, marcado para acontecer aos domingos, o desfile do Tico Tico Serra Copo busca oferecer experiências inusitadas de exploração do espaço urbano. Em 2016, o bloco reuniu os foliões para comemorar na beira do córrego do Onça. Para tentar conseguir a aprovação dos militares, os organizadores redigiram uma carta em que ressaltam o fato do desfile não utilizar trio elétrico ou equipamentos eletrônicos. Eles ainda afirmam que a expectativa é que o bloco reúna cerca 2 mil pessoas, o que não ocuparia o túnel em toda a sua extensão.

De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros, Hermam Ameno, independente do número de pessoas que participarão da folia, o trajeto oferece risco à vida dos foliões. Ele explica que a preocupação da corporação é com a segurança. "Esse número poderia ser maior ou menor, mas a questão é que este trajeto não é adequado. Segundo as exigências de segurança, a passagem por viadutos, túneis e áreas sujeitas a alagamentos oferece um risco iminente à vida dos participantes. No caso dos túneis, a ventilação é prejudicada e também há barreiras que impedem a fuga, em caso de emergências", explica o tenente.

Em contrapartida, o bloco garante na carta que atende todos requisitos propostos pelo Corpo de Bombeiros. No documento encaminhado à corporação, os organizadores afirmam que a legislação não proibi a inclusão de túneis nos trajetos. Segundo o bloco, o número de foliões que se pretende guiar pelo túnel é "inferior ao índice de pânico utilizado pela corporação, desenquadrando-o como situação de risco", escreveu na carta.

O tenente Hermam também disse que já foram realizadas reuniões com os organizadores do bloco para tentar alinhar uma alteração no trajeto. "Eles estão insistindo em um trajeto que para nós é considerado de risco", afirmou. Nesta quarta-feira, o bloco encaminhou a carta à corporação, protocolando uma reclamação formal contra a decisão. O tenente explica que a decisão será avaliada e nessa quinta-feira os organizadores devem receber uma resposta. "Os blocos submetem o projeto para que o Corpo de Bombeiros avalie todas as questões pertinentes à segurança. O trajeto do Tico Tico representa uma questão delicada, que será avaliada de forma criteriosa pela equipe de bombeiros", completa Hermam.

Na carta enviada aos bombeiros, os organizadores do bloco ainda se propuseram a orientar os foliões quanto a segurança durante o desfile. O Tico Tico afirmam que querem resolver a situação com o Corpo de Bombeiros, mas se não for possível, eles podem entrar na Justiça para conseguir desfilar.

*Sob supervisão da editora Liliane Corrêa

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