Cresce o número de blocos cadastrados para o Carnaval 2018 em BH

De 380 em 2017 para 500 este ano. Uma das características da festa na capital mineira é a pluralidade de ritmos e propostas musicais

por Francelle Marzano 17/01/2018 08:30

 Marcos Vieira/EM/D.A Press
Ensaio do É o Amô, que faz seu desfile de estreia em 2018 no domingo de carnaval homenageando o sertanejo de raiz. (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

A cada ano, o carnaval de Belo Horizonte conquista mais foliões. Este ano, de acordo com a Belotur, a capital deve receber cerca de 3,6 milhões de pessoas para a festa, número 20% maior do que o público do ano passado. O número de blocos também não para de crescer. Neste ano, serão mais de 120 novos grupos desfilando pelas ruas da capital. Em 2017, a prefeitura cadastrou 380 blocos e 416 desfiles. Para este ano, o órgão já cadastrou quase 500 blocos e 600 desfiles.


Por trás deles estão músicos e artistas locais que desejam fazer história, correm atrás da fama ou simplesmente se divertir. O carnaval, que ganhou novo impulso a partir de 2010 com a proposta de ocupar as ruas da cidade e resgatar as marchinhas e o axé retrô, segue abrindo espaço para todos os ritmos.

Entre os caçulas da folia, fazem estreia em 2018 o É o Amô, que coloca em evidência o sertanejo de raiz, e o Bloco do Marcão, que faz uma mistura de pagode retrô, samba, funk e sertanejo. O Haja Amor promete chegar repaginado para evidenciar canções autorais de artistas locais e independentes, e o Bloco Funk You, que mistura o ritmo carioca com a bateria de carnaval, faz seu segundo desfile em 2018.

 

 

O músico Marcos Bernardo, o Marcão, da Banda do Marcão, tem 19 anos de carreira, mas estourou no carnaval de 2015, em Abaeté, no interior de Minas, por conta de um grito criado pelos fãs: “Banda do Marcão é melhor que Safadão”. “Fazemos muitos shows em BH, em festa de formatura, aniversário, barzinhos, e a galera começou a pedir um bloco. Daí pensamos, por que não?”, lembra o músico. Com a ajuda do amigo e produtor de eventos Eber Júnior, o bloco foi tomando forma e vai ocupar a Savassi no domingo, 11 de fevereiro.

Marcão conta que a ideia inicial era utilizar um trio elétrico, mas que, devido ao sucesso e o medo de superlotação – o público estimado é de 25 mil pessoas –, optaram por um palco fixo. “A gente quer que o povo se sinta seguro no bloco, então fizemos a escolha de não sair. A banda vai ficar no palco e terá espaço para a bateria, que vai acompanhar o som em algumas músicas”, revela. Ao longo de 2017, a banda promoveu eventos para conseguir arcar com os custos.

ESTRUTURA O bloco É o Amô já nasceu grande e pretende arrastar uma multidão pelas ruas da cidade em sua estreia, também no domingo, 11 de fevereiro, quando vai colocar em evidência a música sertaneja de raiz. Com cerca de 200 instrumentistas na bateria, uma dupla masculina e outra feminina no vocal, o bloco surgiu da iniciativa de dois velhos conhecidos da cena carnavalesca em BH: os músicos Di Souza, um dos fundadores do Então, Brilha, e Peu Cardoso, que ajudou a criar o Baianas Ozadas e hoje integra o Havaianas Usadas. A ideia, segundo eles, partiu da vontade de promover algo novo e de fazer com que o sertanejo seja também um espaço para todos, inclusive a comunidade LGBT. No repertório, foram banidas quaisquer canções que objetifiquem a mulher ou incitem à violência.

Di Souza explica que os organizadores decidiram limitar o número de ritmistas. “Tivemos quase 300 inscrições para a bateria, mas é impossível colocar todo mundo. Então fechamos as participações para ser mais organizado e fazer um som legal para o público”, comenta. Para financiar o desfile, integrantes e convidados contribuíram nos ensaios e um patrocinador vai ajudar a bancar o trio elétrico.

Na segunda-feira, 12, é dia de o Funk You ganhar as ruas da capital pela segunda vez. Depois de atrair mais de 40 mil pessoas no ano passado – a expectativa era de 10 mil foliões –, o grupo incrementou a estrutura com um trio elétrico e espera embalar um público de 70 mil a 100 mil pessoas no Bairro Funcionários. A bateria será formada por 80 instrumentistas com surdos de marcação, corte e variação, repique, caixa, tamborim, chocalho e agogô. Lucas Moraes, publicitário e fundador do bloco, conta que o grupo fez vários eventos e shows ao longo do ano, com parte do cachê destinada ao caixa do bloco. “Além disso, nos associamos a outros três blocos (Baianeiros, Tambalaço e WS Elétrico) para dividir o trio elétrico, que também terá uma parte patrocinada por uma empresa”, revela.

Na terça-feira, 13, o bloco Haja Amor faz a sua reestreia na festa momesca. O bloco, fundado em 2014, foi para a rua de forma tímida no ano passado e chega renovado em 2018. A primeira mudança veio com o repertório, que passa a ser 100% de canções de bandas e artistas independentes, como Marcelo Veronez, Raphael Sales, Brisa Marques, Liniker, Johnny Hooker, BaianaSystem, Letrux, Maíra Baldaia, Sérgio Pererê e Rafa Braga, entre outros. De acordo com o músico e compositor Octávio Cardozzo, um dos fundadores do bloco, a ideia é desfilar com uma bateria aberta, sem corda, pé no chão, apenas com um caminhão de som para dar apoio à banda principal e aos vocalistas. “A ideia é fazer um bloco diferente, para que as pessoas que não curtem o carnaval ainda, passem a curtí-lo. Vamos ter muitas músicas da cena de BH, mas também músicas de artistas conhecidos, mas independentes, pois é importante ter um repertório que a galera saiba cantar”, revela Cardozzo.

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