Um respiro para dois dos mais importantes museus mineiros: o do Oratório, em Ouro Preto, e o de Sant’Ana, em Tiradentes. O Itaú Cultural resolveu aportar R$ 800 mil e garantir a manutenção até dezembro dos dois espaços que, aliás, estão fechados temporariamente até 5 de junho. No sábado à tarde, o Instituto Flávio Gutierrez (IFG), mantenedor das instituições, divulgou um comunicado informando que as equipes dos museus entrariam de férias coletivas durante 30 dias, “na expectativa de nesse período viabilizarmos captações para a manutenção dos mesmos”. “Esse aporte foi uma sobrevida, um fôlego que vai nos ajudar a nos manter por um bom tempo e a reabrir assim que as férias coletivas terminarem. A situação estava muito complicada. Só tenho a agradecer ao Itaú Cultural, que teve a sensibilidade para entender a importância desses museus”, ressalta Angela Gutierrez, presidente do IGF.
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LEI ROUANET
Já o Museu de Sant’Ana é mantido, sobretudo, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a famigerada Lei Rouanet. A indefinição com relação ao principal mecanismo de fomento à cultura do Brasil, de acordo com Angela, fez com que tudo ficasse mais complicado. “A gente não sabe ainda como vai ser com relação à Rouanet e ainda tem muito desconhecimento também. Ela teve, sim, mau uso, mas tem muito mais coisas positivas do que negativas. É uma lei maravilhosa que ajuda vários projetos pelo interior do Brasil, que sobrevivem graças a ela. Não se pode apenas jogar pedra”, defende.
A presidente do Instituto Flávio Gutierrez acrescenta que, mesmo com o auxílio providencial do Itaú Cultural, segue em busca de outros patrocínios. “Lutei tantos anos para inaugurar o Museu de Sant’Ana, que é hoje um dos museus mais visitados de Minas. Há 22 anos, o do Oratório é referência em arte sacra. Recebe estrangeiros de vários cantos, estudantes de todos os níveis – do ensino básico ao superior. São iniciativas de sucesso que valorizam e preservam a cultura e a história de Minas e do Brasil”, salienta.