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Professora do 'look do massacre' admite erro e se explica: 'Humor ácido'

Segundo a educadora, a foto foi 'sem noção' e 'totalmente inapropriada', mas fazia parte de uma brincadeira

Professora do 'look do massacre' admite erro e se explica nas redes sociais: 'Humor ácido' Reprodução/Instagram/Montagem
Douglas Lima - Especial para o Uai clock 22/04/2023 22:43
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professora do Centro de Ensino Fundamental Zilda Arns, Lorena Santos, de 28 anos, usou as redes sociais para tentar se justificar sobre sua postagem com a legenda: "Look de hoje: especial massacre". 

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Segundo a educadora da rede pública do Distrito Federal, a foto foi "sem noção" e "totalmente inapropriada", mas fazia parte de uma brincadeira com "humor ácido" diante de uma situação de caos, como são as ameaças a escolas.

 

Lorena disse que os docentes no Brasil "vivem com medo" e que isso faz parte do cotidiano. A professora destacou que foi a forma que encontrou para "lidar com o caos e as tragédias". "Então assim, a minha forma de lidar com o caos e as tragédias da minha vida é assim. Não vou mentir, muita gente me acompanha exatamente por este motivo. Porque gostam de ver esse tipo de coisa, de humor, de felicidade, apesar das dificuldades e dos traumas. Então, não vou mentir falando que não sou assim. Sou sim, daquele jeito, aquele tipo de situação, aquele tipo de humor é de mim, e ultrapassa o limite", explicou.

 

"Estou passando por todas as consequências, estou encarando tudo. Eu acho que as consequências têm que ser proporcionais", acrescentou a servidora que foi intimada e prestou esclarecimentos à Polícia Civil do DF. Para a professora, as acusações de que estaria incentivando os ataques não fazem sentindo "porque eu estava lá, na linha de frente" e não faria sentindo promover algo contra ela mesma.

 

"Já que a gente se vê de mãos atadas, a gente faz o que dá para fazer. Não foi diferente com essas ameaças. Já que não dá mais para gritar por segurança, gritar por socorro, a gente recorreu a 'o que que a gente pode fazer?' Usar uma roupa confortável, não usar salto, para se qualquer coisa acontecer, a gente esteja preparado", destacou.

"Nesse sentido, eu postei fazendo um paralelo àquela brincadeira que a gente faz: 'ah, se eu sofrer um acidente, pelo menos a minha calcinha não pode estar furada'. [?] A gente não tem o que fazer mais, a não ser se preocupar com uma coisa banal, que é uma roupa. A gente fica tão indignado que não tem o que fazer, que a única coisa que me resta é agir como sempre ajo diante de situações de caos, e traumas e perigos: esse tipo de humor ácido".

Lorena Santos

 

"Para enfatizar que estou na linha de frente, sou também uma possível vítima dos ataques, das ameaças e ataques. Nós, professores, não tivemos o privilégio de escolha de não irmos à escola. Os alunos tiveram essa escolha de não irem para escola", afirmou.

 

Confira, abaixo, o vídeo na íntegra:

Entenda o caso

Lorena Santos viralizou nas redes na manhã da última quinta-feira (20/04), ao postar uma foto diante de um espelho com a legenda: "Look de hoje: especial massacre". Na sequência, ela ainda completou dizendo: "Se eu morrer hoje, estarei belíssima, pelo menos". A professora fez a postagem em referência ao dia 20 de abril, quando aconteceu o massacre em Columbine, nos Estados Unidos, em 1999. Nesta quinta-feira, muitos estados ficaram em alerta e fizeram operações para combater ameaças e ataques nas escolas de todo o Brasil.

 

De acordo com as informações exclusiva da coluna Na Mira, do jornal Metrópoles, a conduta pode tipificar a contravenção penal de "provocar alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto". A pena é prisão simples de 15 dias a seis meses ou pagamento de multa. 

 

A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) repudiu a conduta da educadora e abriu  procedimento de apuração. "A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal informa que instaurou um Procedimento de Investigação Preliminar para apurar a conduta da professora e ressalta, ainda, que repudia qualquer tipo de postagem que ressalte a violência. A Pasta reforça o compromisso e empenho na busca pela cultura de paz no ambiente escolar", diz o comunicado.

 

Em nota oficial, o órgão comunicou ainda que "a direção do CEF Doutora Zilda Arns do Itapoã tomou conhecimento do caso por meio das redes sociais e imediatamente pediu para que a professora excluísse a publicação".

 

"Somos tão vulneráveis e parecemos piadas perante o Estado. Mas já retirei a imagem. Não foi a intenção gerar polêmica", disse a educadora à publicação. Segundo ela, a postagem foi uma "posição perante as ameaças, de forma irônica".

 

Confira, abaixo, o post de Lorena Santos:

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