saiba mais
O cardiologista Paulo Alves de Oliveira, que tem entre seus pacientes muitas crianças e adolescentes, também destaca a não exigência dos exames nas escolas. “Não se podem estabelecer critérios para que uma escola exija uma avaliação cardíaca rigorosa para cada aluno. Quando o estudante tem um mal congênito e diagnóstico precoce, o estabelecimento de ensino deverá ser informado desde a matrícula. Se necessário, haverá a dispensa das atividades físicas”, afirma. Já o cardiologista Haroldo Christo Aleixo, chefe do Departamento de Medicina do Esporte do Minas Tênis Clube e do Clube Atlético Mineiro, destaca duas pesquisas sobre o assunto: uma italiana aponta a incidência de 2,1 mortes para cada 100 mil pessoas por ano; a outra, dos Estados Unidos, mostra a relação de 0,4 óbito entre atletas jovens de competição em 100 mil pessoas/ano. “A atividade física continua sendo uma alternativa muito saudável e deve ser buscada por toda a população”, afirma Haroldo.
ENSINO DE MOVIMENTOS
A profissional de educação física Marley Pereira Barbosa Alvim, do Conselho Regional de Educação Física de Minas Gerais, orienta pais, professores e alunos (veja abaixo). “Aula de educação física em escola é muito diferente da atividade em academia ou clube. O objetivo na escola é ensinar os movimentos, que podem ser de prática esportiva, dança etc., e não exigir o condicionamento físico”, explica a conselheira, lembrando que as aulas com partes teórica e prática são ministradas duas vezes por semana, com duração de 50 minutos cada uma. “Os professores devem levar em consideração a faixa etária das turmas.”
Para Marley, torna-se fundamental o acompanhamento médico dos estudantes e também que o professor fique de olho nas características dos jovens durante os exercícios. “Se notar alterações, a exemplo de pele amarelada, lábios roxos e outros, deve comuniciar à equipe pedagógica da escola. Já os alunos não precisam sentir vergonha de revelar cansaço excessivo. Acima de tudo, os pais devem comunicar ao estabelecimento se o filho tiver alguma doença cardíaca ou mal congênito”, alerta.
Paulo Alves de Oliveira, cardiologista
Fenômeno incomum
“A morte súbita de um adolescente de 16 anos pode ter diversas causas, incluindo arritmias, embora seja muito difícil relacioná-la a complicações cardíacas. Infelizmente, não se podem estabelecer critérios para que uma escola exija uma avaliação cardíaca rigorosa para cada aluno. No geral, se a criança ou adolescente tem boa saúde, tem condições de praticar atividades físicas. O certo mesmo é que não é comum uma pessoa nessa idade ter uma doença cardíaca que leve ao óbito, pois, quando esses problemas ocorrem, geralmente são congênitos e o diagnóstico precoce é feito nos primeiros anos de vida.”
ORIENTAÇÕES
» AOS PAIS
Levar o estudante ao médico pelo menos uma vez por ano, para controle e checape
Se a criança ou adolescente tiver algum problema cardíaco ou de outra ordem, a escola deve ser informada, para evitar riscos
» AOS ALUNOS
Respeitar os limites do corpo e sempre seguir as recomendações dos professores
Não ter vergonha de informar aos professores, se, durante a atividade física, sentir alguma dor, cansaço excessivo ou outro problema
» AOS PROFESSORES
Observar sempre o aspecto do estudante: pele amarelada, lábios roxos etc. Em caso de algo que fuja do habitual, comunicar à equipe pedagógica da escola
Planejar bem as atividades para as diversas faixas etárias, com as partes teórica e prática
FONTE: MARLEY PEREIRA BARBOSA ALVIM, PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E INTEGRANTE DO CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DEMINAS GERAIS.