Direto de Portugal, aprenda fazer um saboroso arroz de polvo com camarões

A cidade portuguesa de Setúbal, à beira mar, tem restaurantes especializados em peixes e mariscos

por Isabela Teixeira da Costa 26/06/2017 11:30

Isabela Teixeira da Costa/Divulgação
Com a proximidade do Rio Sado e dos portos de Setúbal no oceano Atlântico, a gastronomia da região se baseia nos pescados (foto: Isabela Teixeira da Costa/Divulgação)

Setúbal é uma cidade portuguesa, com 130 mil habitantes, a 32 km de Lisboa. É banhada pelo Rio Sado e pelo oceano Atlântico, e ladeada a oeste pela Serra da Arrábida. Existe uma tese – do historiador da época filipina Frei Bernardo de Brito –, de que o nome da cidade veio da cisão de dois nomes bíblicos: Seth (3º filho de Adão) e Tubal (neto de Noé). Setúbal nasceu do rio e do mar, e por isso sua maior fonte econômica, no início de sua história foi o sal e as fábricas de conservas de sardinha em azeite, porém, com o passar dos anos, essas produções acabaram migrando para outras regiões do país. Com a proximidade do Rio Sado e dos portos de Setúbal no oceano Atlântico, a gastronomia da região se baseia em pratos à base de peixe e de produtos que se desenvolvem favoravelmente no clima da região. Com a migração da população das regiões do Alentejo e Algarve houve uma mudança na gastronomia com a introdução de pratos de carnes e aves, e de açordas que se adaptaram a mariscos e peixes. Fazem ainda parte do repertório gastronômico da cidade o vinho moscatel (muito famoso e tradicional) e licores, queijos, frutos e doçaria tradicional típica da região, principalmente de laranja.


O bairro situado próximo ao mar é onde se concentra o maior número de restaurantes, baseados em pratos de peixe assado, cozido ou grelhado na brasa: as marisqueiras. Normalmente os peixes são servidos com batata cozida e salada de alface temperada com azeite e vinagre. São três os peixes típicos de Setúbal, o salmoneta, o choco, e a sardinha, mas também se encontra com fartura o robalo e carapau. O choco é servido como especialidade é o choco frito, temperado em salmoura e depois frito e servido acompanhado com batatas fritas e salada, é um dos pratos mais procurados pelos visitantes da cidade sadina. Outros pratos à base de produtos do mar incluem: feijoadas e saladas à base de choco e polvo; pratos à base de marisco do Rio Sado (santola, sapateira, navalheira); pratos à base de moluscos (amêijoas, ostras, berbigão, navalhas, vieiras, caracóis do mar); caldeiradas de peixe ou de marisco, e também massas de cherne ou outros peixes.


A produção vinícola da região de Setúbal deu origem a produtos reconhecidos internacionalmente, com uma variedade de vinhos tintos – como os renomados Quinta da Bacalhôa e Palácio da Bacalhôa –, e brancos de qualidade, obtidos a partir de uvas maturadas nas encostas da Serra da Arrábida. Entre esses produtos se destaca o Moscatel de Setúbal, um renomeado vinho licoroso de origem demarcada centrada em Azeitão. O licor Arrabidine, menos conhecido do público, era originalmente produzido pelos frades que habitavam o Convento de Nossa Senhora da Arrábida, mas mais recentemente é produzido por uma família da freguesia da Quinta do Anjo. Na produção deste licor, cuja confecção, iniciada no século XIX, está envolta em secretismo, sabe-se que são usados frutos silvestres colhidos durante em dezembro na Serra da Arrábida bem como outros ingredientes únicos da região. O licor Arrabidine é engarrafado e necessita de estagiar cerca de 15 anos antes de ser consumido.


Do repertório da doçaria tradicional da região de Setúbal fazem parte as queijadas, as tortas, e os “esses de Azeitão” — biscoitos com a forma da letra “S”, feitos com farinha, açúcar, margarina, ovos e canela. De Setúbal destacam-se também os barquilhos de “casca” de laranja, confeccionados a partir de laranjas produzidas na região. Por fim, salienta-se a produção de queijos como uma das significativas atividades artesanais e econômicas desta região da Costa Azul.

 

 
Arroz de polvo com camarão

Isabela Teixeira da Costa/Divulgação
Arroz de polvo com camarões (foto: Isabela Teixeira da Costa/Divulgação)

Um dos pratos muito pedidos é o Arroz de Polvo com Gambas – o camarão médio, e não tem quem não aprove o prato, que é parecido com um risoto, só que bem mais molhado.

Ingredientes 

Pimentão verde; pimentão vermelho; cebola; polpa de tomate; coentro; caldo de peixe* (temperado); azeite; arroz; polvo; camarões médios; pimenta malagueta; camarão grande para decorar

Modo de fazer

Pique os pimentões e a cebola e refogue no azeite. Acrescente o arroz e refogue-o. Adicione o caldo de peixe, a polpa de tomate e o coentro e cozinhe o arroz neste caldo, se precisar acrescente água porque tem que ficar bastante aguado. Quando o arroz estiver quase pronto acrescente os camarões crus. Quando estiverem quase prontos ponha o polvo já cozido e picado. Acrescente pimenta malagueta a gosto. Prove para ver se está bom de tempero.Passe dois camarões grandes da frigideira, para enfeitar o prato. Sirva com um pão de centeio ou pão preto.

Ingredientes para o caldo de peixe:


2 cebolas médias; 2 alhos médios; 2 colheres de sopa de azeite; 1 peixe da sua preferência (usar a cabeça e os ossos); 2 colheres de sopa de massa de tomate; sal a gosto; 1 talo de aipo; 1 talo de alho-poró; 2 ramos de tomilho fresco ou 1 colher de chá de tomilho desidratado; água

Modo de fazer

Descasque e pique as cebolas e o alho. Aqueça o azeite em uma panela funda. Adicione as cebolas e refogue em fogo médio, até ficar macia (não deixe dourar). Acrescente o alho e refogue um pouco (este processo deve levar cerca de dois minutos). Acrescente as cabeças de peixe e os ossos e refogue até dourar (cerca de cinco minutos). Acrescente o alho-poró e o aipo partidos em três. Misture o sal e a massa de tomate. Ponha água até cobrir tudo. Acrescente o tomilho. Cozinhe por 25 minutos aproximadamente. Coe o caldo em uma peneira fina e reserve.

 

 

O restaurante da familia

 

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Sardinhas na grelha (foto: Isabela Teixeira da Costa/Divulgação)

Um dos restaurantes tipo marisqueira, localizado na praça principal, próximo à orla é o Copa D’Ouro II, dirigido por Márcio Baptista. Logo na entrada tem um balcão refrigerado com uma  quantidade diversificada de peixes frescos, mariscos e camarões que podem ser escolhidos pelo cliente e são preparados na grelha, na brasa, por Carlos Silva, profissional que trabalha lá desde a inauguração há 19 anos. Dentro do restaurante,  um amplo aquário com lindas lagostas que esperam para serem escolhidas e assadas. O primeiro restaurante da família foi fundado há 54 anos por Armindo Baptista, avô de Márcio. Era uma taberna de petiscos que foi crescendo com o passar dos anos, e deu origem ao Copa D’Ouro II. O segundo restaurante da família começou ao ar livre, sob toldos, os clientes eram servidos na rua. Até que a prefeitura exigisse que todos os restaurantes da região passassem a trabalhar em ambiente mais fechado. Além dos peixes grelhados na brasa existem outros tantos pratos que são preparados por uma cozinheira brasileira, Regina Siqueira, natural de Goiânia. Regina sempre trabalhou no Brasil como cozinheira de um asilo, e decidiu se mudar para Portugal há 12 anos, com o objetivo de melhorar de vida. Começou como ajudante de cozinha em um restaurante vizinho ao Copa D’Ouro, passou para cozinheira e depois de alguns anos o local fechou e foi aí que Márcio a contratou como cozinheira, e ela já está por lá há 5 anos.

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