Dorinha Duval, nascida Dorah Teixeira em 21 de janeiro de 1929, em São Paulo, foi uma das personalidades mais marcantes da cultura brasileira. Atuando como vedete, atriz, humorista, apresentadora e artista plástica, participou da formação da televisão nacional desde os seus primeiros passos.
Como começou a trajetória artística de Dorinha Duval?
Seu início na carreira ocorreu entre as décadas de 1950 e 1960, quando brilhou em programas humorísticos e de variedades nas antigas TV Tupi, TV Excelsior e TV Rio. Já em 1969, ingressou na Rede Globo, onde se destacou em novelas e produções que a tornaram conhecida em todo o país.
Com carisma natural e versatilidade, Dorinha transitava entre o drama e a comédia com facilidade, conquistando públicos de diferentes gerações e deixando sua marca como uma artista completa.
O que marcou sua vida pessoal e afetou sua carreira?
Mesmo com uma trajetória de sucesso, Dorinha enfrentou momentos difíceis fora das câmeras. Em 1980, foi presa após matar o marido, Paulo Sérgio Garcia de Alcântara, durante uma briga — um episódio que teve grande repercussão na mídia e interrompeu sua ascensão artística.
Depois disso, ela se afastou da televisão e mergulhou na arte plástica, encontrando nela uma forma de expressão e de cura. Suas obras exploravam temas espirituais e simbólicos, revelando uma busca intensa por equilíbrio e sentido.
Quais foram seus papéis e programas mais emblemáticos?
Entre os momentos marcantes de sua carreira na TV, estão personagens e participações que se tornaram clássicos da dramaturgia brasileira:
- Dulcinéia Cajazeira em O Bem-Amado
- A primeira versão da icônica Cuca no Sítio do Picapau Amarelo
- Participações em programas de humor como TV de Comédia e O Riso É o Limite
- Presença em atrações musicais como Noite de Gala e My Fair Show
Sua última aparição na televisão ocorreu em 2006, na novela Belíssima, onde interpretou a si mesma — uma despedida simbólica de quem fez história diante das câmeras.
O que revela o livro autobiográfico de Dorinha Duval?
Em 2002, Dorinha lançou sua autobiografia Em Busca da Luz, uma obra em que expôs os bastidores de sua vida, com relatos de dor, superação e espiritualidade. O livro vai além da trajetória artística, revelando episódios intensos e corajosos.
- Foi violentada aos 15 anos
- Passou por um aborto traumático
- Enfrentou períodos de prostituição e solidão
- Viveu um casamento abusivo que terminou em tragédia
Mais do que um desabafo, a obra é um testemunho de resistência. Dorinha buscava redenção, empatia e transformação, usando a arte como ponte entre sofrimento e libertação. O livro também reflete sua espiritualidade, revelando um olhar de compaixão e autoconhecimento.
Como foi o fim da vida e o legado deixado por Dorinha Duval?
Dorinha faleceu em 21 de maio de 2025, aos 96 anos, no Rio de Janeiro. Sua filha, Carla Daniel, confirmou o falecimento, embora a causa não tenha sido divulgada. Mesmo com a idade avançada, Dorinha mantinha contrato ativo com a Globo e seguia produzindo suas obras artísticas.
Seu legado ultrapassa o entretenimento. Ela foi uma mulher que ousou se reinventar, transformando dores profundas em expressão criativa. Sua história é lembrada pela coragem e pela sensibilidade com que desafiou os limites impostos à mulher em seu tempo.
Por que Dorinha Duval continua sendo uma figura inspiradora?
Porque sua trajetória combina arte, dor, fé e resistência. Dorinha foi pioneira, abrindo caminhos na televisão, questionando padrões e mostrando que é possível renascer mesmo após as maiores quedas. Sua vida é, ao mesmo tempo, um retrato da vulnerabilidade humana e da força feminina.
Em essência, Dorinha Duval permanece como símbolo de reinvenção e autenticidade — uma artista que fez da própria história uma obra de arte.






