Nos últimos meses, autoridades brasileiras registraram um aumento significativo de golpes aplicados por meio de antenas falsas instaladas em prédios altos de áreas urbanas. O esquema, identificado como uma das novas formas de crime digital envolvendo telecomunicações, chamou a atenção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e das polícias estaduais, principalmente pelo potencial de alcance dessas ações.
Esses equipamentos clandestinos, instalados geralmente em apartamentos alugados por curtos períodos, são capazes de disparar mensagens SMS em massa para milhares de celulares em poucos minutos. O alerta costuma utilizar nomes de bancos ou empresas de renome, informando movimentações ou compras suspeitas, com a intenção de induzir o destinatário a acessar links fraudulentos ou entrar em contato com falsas centrais de atendimento.
Como funcionam os golpes das antenas falsas?

O processo envolve o uso de dispositivos montados de forma improvisada. Esses dispositivos utilizam uma pequena antena, conectada a um notebook e uma caixa transmissora, permitindo o envio em massa de SMS em um raio de aproximadamente dois quilômetros. Uma única antena pode impactar até 100 mil aparelhos em pouco tempo, tornando o golpe extremamente eficiente para os criminosos.
A instalação ocorre, em sua maioria, em imóveis alugados temporariamente, dificultando a localização dos envolvidos. Ao se conectarem automaticamente à antena falsa mesmo por alguns segundos, os celulares acabam recebendo as mensagens fraudulentas, sem qualquer possibilidade de bloqueio imediato por parte das vítimas.
Quais são os principais riscos das mensagens de SMS fraudulentas?
O golpe das antenas falsas pode gerar sérios prejuízos, sobretudo financeiros. Segundo informações recentes da Polícia Civil de São Paulo, mais de cem pessoas sofreram perdas decorrentes dessas ações. Os transtornos para o consumidor, no entanto, não se limitam ao prejuízo monetário. Telefones que passam por essas conexões podem enfrentar instabilidade no sinal, chamadas interrompidas e lentidão nos serviços de dados das operadoras.
- Perda financeira: Transferência de dinheiro para contas de criminosos.
- Roubo de dados pessoais: Captura de informações sensíveis ao acessar sites ou centrais falsas.
- Problemas técnicos: Interrupções de chamadas e uso limitado da rede móvel.
- Disseminação de vírus: Instalação de malwares ao clicar em links suspeitos.
Como se proteger do golpe das antenas falsas?
Diante da disseminação dessa tecnologia fraudulenta, a orientação das autoridades e da Anatel é que consumidores mantenham uma postura cautelosa diante de mensagens inesperadas ou suspeitas. O contato via SMS representa um dos principais meios utilizados pelos criminosos, mas o usuário pode tomar algumas medidas preventivas.
- Desconfie de mensagens alarmantes: Evite responder a alertas de compras, empréstimos ou movimentações que não reconhece imediatamente.
- Evite clicar em links: Não acesse páginas informadas em mensagens duvidosas, mesmo se parecerem institucionais.
- Busque canais oficiais: Em caso de dúvida, entre em contato diretamente com bancos ou empresas por meios oficiais, como apps e sites verificados.
- Reporte sinais de interferência: Caso perceba problemas recorrentes no sinal do celular, informe à operadora ou à própria Anatel.
Que cidades foram alvo do golpe das antenas falsas?
São Paulo lidera os registros oficiais de antenas falsas encontradas e desativadas desde 2025. Entre os casos identificados, pelo menos cinco dessas estruturas clandestinas foram removidas na capital paulista, inclusive uma próxima ao Aeroporto de Congonhas, responsável por disparar milhares de mensagens em poucas horas. Outras cidades como Campinas, Guarulhos e Santos já são alvo de investigações, refletindo a preocupação das autoridades com a expansão desse sistema para diferentes regiões metropolitanas.
As investigações sugerem que a prática tende a se ramificar por outros grandes centros urbanos, devido à facilidade de deslocamento dos equipamentos móveis, inclusive em veículos, e à rentabilidade do golpe para os criminosos.
Como forma de resposta, a fiscalização e o monitoramento de interferências em redes móveis foi intensificado. O papel do cidadão, porém, continua sendo essencial, especialmente quando há denúncias rápidas em caso de recebimento de SMS suspeito ou identificação de falhas constantes no sinal de telefonia.
A atuação conjunta da Anatel e das forças de segurança permanece fundamental para debelar esse tipo de crime. A orientação oficial é manter-se atento, redobrar cuidados com dados pessoais e jamais seguir instruções de links ou contatos oferecidos por comunicações não solicitadas. Assim, é possível reduzir os riscos associados às antenas falsas e garantir uma rede de telecomunicações mais segura para a população.
Quais são as dificuldades enfrentadas pelas autoridades para localizar e conter antenas falsas?

As principais dificuldades enfrentadas pelas autoridades estão relacionadas à mobilidade e à fácil instalação dos equipamentos. Como os criminosos utilizam imóveis alugados por curtos períodos ou até mesmo veículos para instalar as antenas falsas, rastrear a origem do sinal e identificar os responsáveis se torna um desafio. Além disso, os dispositivos podem ser rapidamente desativados e removidos do local, dificultando a coleta de provas e a realização de flagrantes. O grande volume de sinais em áreas urbanas densamente povoadas também aumenta a complexidade das investigações, exigindo tecnologia avançada para monitoramento e detecção das fontes de interferência.
Como a legislação brasileira trata esse tipo de crime envolvendo antenas falsas?
A legislação brasileira prevê a punição para crimes que envolvem o uso indevido do espectro de radiofrequência, invasão de dispositivos eletrônicos e fraude. A Lei de Telecomunicações (Lei nº 9.472/1997) proíbe expressamente a instalação ou utilização de estações clandestinas de telecomunicações, estabelecendo penalidades administrativas e criminais para os infratores. Além disso, o Código Penal inclui artigos sobre crimes de estelionato e invasão de dispositivo informático, que podem ser aplicados aos envolvidos nesse tipo de esquema. Ainda assim, autoridades destacam a necessidade de atualização constante das normas diante da sofisticação dos golpes digitais e do avanço das técnicas utilizadas por criminosos.