Muitas plantas que fazem parte do cotidiano, seja em jardins, quintais ou até calçadas, possuem potenciais alimentícios ainda pouco explorados. Diversas espécies conhecidas, por vezes tratadas até como ervas daninhas, destacam-se não apenas pela facilidade de cultivo, mas também por seu valor nutricional e versatilidade na cozinha.
Apesar de comuns em diferentes regiões do Brasil, algumas dessas plantas permanecem subestimadas quanto ao seu uso culinário. Esse desconhecimento pode ser resultado de hábitos alimentares tradicionais ou até da falta de informações sobre segurança e preparo correto desses vegetais.
Quais são as plantas comestíveis que passam despercebidas?
Entre as variadas opções encontradas em solos brasileiros, quatro plantas se destacam não apenas pela abundância, mas também pela riqueza nutricional: ora-pro-nóbis, capuchinha, taioba e dente-de-leão. Apesar de facilmente identificáveis, é comum encontrar quem já as tenha visto sem saber que elas podem ser consumidas. Além dessas, existem outras como peixinho-da-horta, beldroega e bertalha, que também estão ganhando espaço na culinária sustentável.
Como a capuchinha pode ser usada como flor comestível e ornamental?

A capuchinha (Tropaeolum majus) é uma planta bastante conhecida em jardins por suas flores vibrantes, mas poucos sabem que suas folhas, flores e sementes são comestíveis. O sabor picante se assemelha ao da rúcula ou do agrião, o que as torna interessantes para compor saladas e decoração de pratos.
Além de atrair polinizadores, a capuchinha é rica em vitamina C e minerais. Pode ser consumida crua em saladas, sanduíches ou usada para enfeitar entradas festivas. Eis alguns jeitos de aproveitar a capuchinha:
- Adicionar flores frescas a saladas;
- Incluir folhas em recheios de sanduíches naturais;
- Preparar molhos e pastas com as sementes.
Você sabia que o ora-pro-nóbis é rico em ferro e proteína?
A ora-pro-nóbis é uma planta trepadeira que costuma crescer em cercas e muros, principalmente em regiões de clima tropical. Seu nome científico é Pereskia aculeata. O destaque dessa espécie vem de sua composição nutricional, pois suas folhas apresentam quantidades significativas de ferro e proteínas vegetais, tornando-se boa opção em dietas alternativas à base animal.
No preparo culinário, suas folhas podem ser adicionadas a refogados, sopas, omeletes e até recheios de tortas. É comum seu uso na tradicional cozinha mineira. Confira outros benefícios da ora-pro-nóbis:
Contribui para fortalecimento da imunidade.
Fonte relevante de fibras alimentares;
Possui antioxidantes naturais;
Rica em vitaminas do complexo B;
Como identificar e consumir a taioba com segurança?

Muito utilizada como substituta da couve, a taioba (Xanthosoma sagittifolium) se adapta facilmente em regiões úmidas e sombreadas. Suas folhas largas e brilhantes lembram corações e possuem um sabor agradável, tornando-se versáteis em diferentes receitas.
É fundamental garantir a identificação correta, pois existem espécies não-comestíveis de folhas similares. A taioba legítima é utilizada em farofas, refogados, bolinhos e até sopas. Veja alguns cuidados importantes no consumo:
- Certifique-se de cozinhar bem antes de consumir;
- Evite ingerir folhas cruas;
- Prefira folhas jovens, macias e livre de manchas escuras.
Por que o dente-de-leão vai direto da natureza para a sua salada?

O dente-de-leão (Taraxacum officinale) é outra planta amplamente distribuída por várias regiões do país. Comumente considerada uma erva daninha, suas folhas jovens podem ser incorporadas diretamente em saladas, agregando um toque levemente amargo, similar ao das chicórias.
Além das folhas, as flores e raízes apresentam propriedades nutricionais relevantes, como vitaminas A, C e minerais. O dente-de-leão ainda contribui para a diversidade de hortas urbanas, promovendo alimentação saudável e sustentável. Sugestões para utilizá-lo incluem:
- Misturar folhas frescas em saladas verdes;
- Incluir em omeletes e tortas salgadas;
- Aproveitar as raízes para preparo de bebidas naturais.
Ao considerar o aproveitamento dessas plantas comestíveis de fácil acesso, nota-se uma ampliação no repertório alimentar e a valorização de espécies que antes passavam despercebidas. A integração desses vegetais ao cotidiano reforça práticas sustentáveis, incentiva a diversificação alimentar e estimula o redescobrimento de sabores tradicionais no Brasil.
Essas plantas apresentam riscos ao serem consumidas?
Apesar de serem seguras quando identificadas corretamente, algumas dessas plantas podem causar desconfortos caso não sejam preparadas do modo adequado. Por exemplo, consumir taioba crua pode ser tóxico devido à presença de oxalatos, substâncias que são eliminadas pelo cozimento. É importante sempre conhecer a procedência das plantas e garantir que estejam livres de agrotóxicos e poluentes, especialmente as colhidas em áreas urbanas ou próximas a vias movimentadas. Em caso de dúvida sobre identificação, o ideal é consultar fontes confiáveis, horticultores ou biólogos especializados antes do consumo.
Por que valorizar plantas alimentícias não convencionais no dia a dia?
Incorporar plantas alimentícias não convencionais ao cardápio contribui para a segurança alimentar, sustentabilidade e resgate da cultura alimentar local. Esse hábito diversifica a nutrição, reduz a dependência de ingredientes tradicionais e incentiva o cultivo sustentável, já que muitas dessas espécies são resistentes e demandam poucos recursos para prosperar. Além disso, valorizar essas plantas pode favorecer a economia local e ampliar os conhecimentos gastronômicos da população.