O Fiat Argo é o exemplo perfeito de carro que funciona, mas não emociona. Lançado em 2017, ele virou presença constante nas ruas brasileiras não porque é incrível, mas porque faz o básico direito. É aquele amigo confiável que nunca te decepciona, mas também nunca te surpreende.
Olhando os números, até impressiona. Mais de 450 mil unidades vendidas até 2023 e posto de segundo mais vendido da Fiat. Mas a real é que o Argo é popular pelos mesmos motivos que arroz e feijão: é prático, acessível e está sempre disponível. Não é o prato mais saboroso do restaurante, mas mata a fome.
A Fiat acertou ao criar um carro sem grandes pretensões. O Argo não tenta ser esportivo nem luxuoso. Ele quer ser útil. E nisso consegue. Mas será que em 2025 essa simplicidade ainda basta? Com tantas opções no mercado, vale a pena se contentar com o básico?
Por que tantos brasileiros escolhem o Argo?
A resposta está no bolso. O Fiat Argo 2025 tem preços que variam entre R$ 84.490 e R$ 106.563, dependendo da versão escolhida. Para quem procura um carro 0km sem quebrar a conta bancária, essas cifras fazem sentido.
Mas não é só questão de preço. O Argo conseguiu acertar em pontos que realmente importam no dia a dia. O consumo de combustível, por exemplo, é de fazer inveja. A versão 1.0 Firefly consegue fazer até 14 km/l na cidade com gasolina. Com o litro custando o que custa, essa economia faz diferença no final do mês.
O espaço interno também surpreende. Para um hatch compacto, o Argo oferece bom acomodamento tanto na frente quanto atrás. Claro, não é um sedã, mas cumpre bem o papel para famílias pequenas ou quem usa o carro principalmente para trabalhar.

Qual versão do Argo oferece melhor custo-benefício?
Se a ideia é gastar pouco e ter o máximo possível, a versão Drive 1.0 parece ser o ponto doce da linha. Por cerca de R$ 89.990, ela traz itens que fazem a diferença real: central multimídia Uconnect de 7 polegadas, Android Auto, Apple CarPlay e até monitoramento de pressão dos pneus.
A versão de entrada, por R$ 84.490, já vem bem equipada com ar-condicionado, direção elétrica, vidros e travas elétricas. Para quem não liga muito para conectividade, pode ser suficiente.
Para quem quer mais potência, a versão Trekking 1.3 AT por R$ 100.990 traz o motor 1.3 Firefly com 107 cv e câmbio automático CVT. É a opção mais completa da linha atual, ideal para quem enfrenta trânsito pesado todos os dias.
Como está o desempenho do Argo na prática?
Aqui a coisa fica interessante. O motor 1.0 Firefly de três cilindros não vai ganhar nenhuma corrida, mas se vira bem no uso urbano. Com 77 cv de potência, ele é suficiente para o trânsito da cidade e até encara algumas subidas sem grandes dramas.
O motor 1.3 Firefly, com seus 107 cv, já oferece uma experiência mais confortável. Quatro cilindros fazem diferença na hora de acelerar e ultrapassar. Para quem faz estrada com frequência, vale o investimento extra.
O ponto fraco fica por conta do câmbio manual. Vários donos reclamam dos engates “esponjosos” e imprecisos. É uma característica que a Fiat ainda não conseguiu resolver completamente, mesmo depois de tantos anos no mercado.
Quais são os principais problemas relatados pelos donos?
Todo carro tem seus defeitos, e com o Argo não é diferente. Os proprietários mais antigos relatam alguns problemas recorrentes: ruídos no painel, especialmente em carros com mais quilometragem, falhas esporádicas na central multimídia e vazamentos de óleo em alguns motores.
O câmbio automático CVT, presente nas versões mais caras, também tem histórico de problemas. Alguns donos relataram falhas prematuras, o que pode gerar dores de cabeça e gastos não programados.
Por outro lado, a mecânica dos motores Firefly se mostrou bastante confiável. São propulsores modernos, com corrente no comando de válvulas (dispensando a troca da correia dentada) e manutenção simplificada.
Vale a pena comprar um Argo em 2025?
A resposta depende do que você procura. Se a prioridade é ter um carro confiável, econômico e sem surpresas, o Argo cumpre bem esse papel. Ele não é o mais moderno nem o mais equipado do segmento, mas entrega consistência.
Para famílias pequenas que precisam de um carro para o dia a dia, faz muito sentido. O preço das revisões é acessível (cerca de R$ 472 para manutenção aos 50 mil km), a rede de concessionárias Fiat é ampla e as peças não custam os olhos da cara.
A concorrência é forte. Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Peugeot 208 oferecem alternativas interessantes, algumas até mais modernas. Mas o Argo tem a seu favor o preço agressivo e a tradição da marca no Brasil.
Como a Fiat pode tornar o Argo relevante novamente?
O maior problema do Argo é estar parado no tempo. Seis anos com poucas mudanças é muito para mercado que evolui rapidamente. O interior precisa de reformulação urgente. Plásticos melhores, painel mais moderno e ergonomia atualizada fariam diferença.
Segurança é outro ponto crítico. Controle de estabilidade deveria vir de série em todas as versões. Mais airbags, assistente de frenagem e alerta de ponto cego são tecnologias que já deveriam estar no Argo. Hoje, isso não é luxo, é necessidade.
Uma versão com motor turbo seria bem-vinda. Não precisa ser potente demais, mas algo entre 100 e 120 cavalos daria mais personalidade ao carro. E por favor, Fiat, melhorem esse câmbio manual. É 2025, não dá mais para aceitar engates ruins.
Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que carros como o Argo ainda representam 35% das vendas nacionais. Existe mercado, mas a concorrência está cada vez mais acirrada. O Argo precisa evoluir para continuar relevante.