É frequente que adultos façam perguntas a crianças como forma de demonstrar interesse ou iniciar uma conversa. No entanto, algumas dessas perguntas, mesmo que pareçam inofensivas, podem ter efeitos negativos na autoestima e no desenvolvimento emocional das crianças. Psicólogos alertam que certos questionamentos podem gerar ansiedade e influenciar a formação da identidade infantil.
Avós, tios e até os próprios pais, muitas vezes sem perceber, podem plantar sementes de insegurança através de perguntas bem-intencionadas. Isso não significa que sejam maus cuidadores, mas é importante reconhecer o impacto potencial dessas perguntas para evitar danos emocionais a longo prazo.
Quais perguntas devem ser evitadas?
Algumas perguntas comuns podem ser prejudiciais ao desenvolvimento emocional das crianças. Vamos explorar algumas delas e entender por que devem ser evitadas.
- “Você tem namorado(a)?” – Essa pergunta pode parecer uma brincadeira, mas pode influenciar negativamente a forma como as crianças percebem suas relações sociais. Além disso, pode reforçar estereótipos heteronormativos e fazer com que a criança sinta que precisa atender a expectativas românticas desde cedo.
- “Por que você é tão tímido?” – A timidez é um traço comum e geralmente passageiro. Ao chamar a atenção para isso, o adulto pode transformar um comportamento natural em um problema, gerando insegurança e dificultando o desenvolvimento da autoconfiança.
- “Você não é velho demais para isso?” – Questionar os interesses e comportamentos infantis com base na idade pode causar vergonha e pressionar a criança a amadurecer antes do tempo. Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, e isso deve ser respeitado.
- “Por que você não pode ser como seu irmão/sua irmã?” – Comparar crianças pode enfraquecer o senso de valor individual e gerar ressentimento. É importante valorizar a individualidade de cada criança e estimular a colaboração em vez da competição.
- “O que você quer ser quando crescer?” – Embora pareça uma pergunta inofensiva, pode pressionar a criança a se definir antes da hora. Algumas crianças podem interpretar essa pergunta como uma cobrança para decidir seu futuro imediatamente.

Como abordar as crianças de forma positiva?
Mais do que evitar certas perguntas, é essencial estar atento ao impacto das palavras ditas às crianças. A infância é uma fase de descobertas e vulnerabilidades, e respeitar o tempo e as preferências das crianças é crucial para seu desenvolvimento emocional saudável.
Em vez de perguntar “Você tem namorado(a)?”, uma alternativa seria “Com quem você gosta de brincar na escola?”. Ao invés de “O que você quer ser quando crescer?”, pode-se perguntar “O que você gostou mais de fazer essa semana?”. Essas perguntas mantêm o interesse sem pressionar ou cobrar respostas definitivas.
Por que a escuta atenta é importante?
Escutar as crianças é uma forma poderosa de demonstrar amor e apoio. Ao dar atenção ao que elas têm a dizer, os adultos podem criar um ambiente seguro e acolhedor, onde as crianças se sentem valorizadas e compreendidas. Isso contribui para o desenvolvimento de uma autoestima saudável e fortalece o vínculo entre adultos e crianças.
Portanto, é fundamental que os adultos reflitam sobre suas palavras e busquem formas de comunicação que promovam o bem-estar emocional das crianças, ajudando-as a crescer com segurança e confiança.