É só abrir o TikTok, o Twitter (ou X, como quiser chamar) ou até os comentários de um vídeo do YouTube pra ver: a treta tá armada. Adolescentes estão brigando — muito — online. Discussões acaloradas, xingamentos, “exposeds”, threads infinitas e vídeos-resposta viraram rotina nas timelines. Mas por que isso virou tão comum? E o que isso diz sobre essa geração?
Neste artigo, vamos entender de onde surgiram essas brigas, por que elas se espalham tão rápido, o que dizem os especialistas e como isso tem moldado o comportamento dos jovens na internet — e fora dela também.
Como começaram as brigas de adolescente nas redes?
Briga de adolescente na internet é, basicamente, quando jovens discutem de forma intensa nas redes sociais. Pode começar com uma opinião impopular, um comentário atravessado ou até uma piada mal interpretada. Às vezes, o motivo é sério. Outras vezes, parece totalmente banal — tipo tretar porque alguém criticou um personagem de série.
Essas brigas costumam ganhar força nos comentários de vídeos, em tweets virais ou em lives. A linguagem é direta, cheia de ironias, emojis passivo-agressivos, e até com uso de áudios ou vídeos pra rebater.
O fenômeno cresceu com o TikTok e o Twitter/X, mas também está presente no Instagram e até no Discord. Surgiu de forma mais evidente por volta de 2020, quando o isolamento social levou muitos adolescentes a passarem mais tempo online. A necessidade de expressar opiniões, buscar validação e se posicionar acabou virando terreno fértil pra tretas públicas.
Por que tanta gente se envolve nas tretas?
Primeiro, porque está todo mundo assistindo. As redes sociais são feitas pra engajar — e nada engaja mais do que uma boa treta. Quanto mais comentários, mais o algoritmo entrega o conteúdo. E adolescente entende isso muito bem.
Além disso, existe uma necessidade crescente de se posicionar. A geração Z valoriza autenticidade, militância e humor ácido. Mas, nesse cenário, qualquer deslize pode virar motivo de confronto. A cultura do “cancelamento”, os Finstas (contas secundárias) e os grupos privados ajudam a espalhar ainda mais o fogo.
Outro ponto importante é que, muitas vezes, essas brigas viram entretenimento. É comum ver pessoas “narrando” tretas, criando memes ou até contas dedicadas só a divulgar confusões alheias. Influenciadores também têm papel nisso — muitos crescem em cima de polêmicas, e os fãs entram nas brigas pra defender seus ídolos com unhas e dentes.

O lado bom e o lado perigoso das tretas online
Psicólogos alertam: brigar o tempo todo nas redes pode afetar a saúde mental dos adolescentes. Segundo a psicóloga Marina Dias, a exposição constante a conflitos online pode gerar ansiedade, sensação de inadequação e até problemas de autoestima. “É como viver em um tribunal 24 horas por dia”, explica.
Sociologicamente, as brigas online refletem uma geração que cresceu com voz ativa na internet, mas ainda está aprendendo a lidar com os limites do debate. O sociólogo André Carvalho analisa que “o conflito faz parte da construção da identidade juvenil. A diferença é que hoje ele está visível pra todos, o tempo todo.”
Apesar dos efeitos negativos, alguns especialistas apontam que essas discussões também podem ser formas de resistência, afirmação de identidade e mobilização. O problema é quando isso vira hábito, ou pior: espetáculo.
Como isso muda a forma de se expressar nas redes?
A linguagem da internet já mudou. Expressões como “me cita então”, “manda exposed” ou “printa e mostra” fazem parte do vocabulário adolescente. As brigas também influenciam no comportamento: muitos jovens pensam duas vezes antes de postar algo, com medo de serem cancelados.
Além disso, surgiram subculturas inteiras em torno de “dramas” online. Há fandoms (grupos de fãs) conhecidos por proteger seus ídolos com fervor — e atacar quem pensa diferente. Isso muda a forma como consumimos conteúdo, interagimos nas redes e até como enxergamos celebridades.
Muitos acreditam que essa fase vai passar. Outros acham que estamos só no começo de uma era em que tudo é público, tudo é conteúdo e tudo é passível de julgamento coletivo.
Quem briga mais? Onde? Veja dados curiosos
- Um estudo da Common Sense Media mostrou que 63% dos adolescentes já presenciaram ou participaram de alguma briga online.
- O Brasil está entre os países com maior engajamento em debates e tretas online entre jovens.
- Em 2024, uma briga entre duas influencers adolescentes no TikTok ganhou mais de 30 milhões de visualizações em menos de uma semana — e gerou até merchandising.
E você, já presenciou (ou se envolveu em) alguma treta virtual?
Será que brigar online virou o novo normal ou estamos perdendo a noção dos limites digitais?