Com o aquecimento global, a distribuição de fungos causadores de infecções está se expandindo para novas regiões, alertam especialistas. Esses organismos, presentes em diversos ambientes, desempenham papéis cruciais nos ecossistemas, mas também representam uma ameaça significativa à saúde humana. Estima-se que infecções fúngicas sejam responsáveis por cerca de 2,5 milhões de mortes anualmente, um número que pode ser subestimado devido à falta de dados abrangentes.
Pesquisadores da Universidade de Manchester conduziram um estudo utilizando simulações computacionais para prever a expansão do Aspergillus, um grupo de fungos que pode causar a aspergilose, uma doença grave que afeta principalmente os pulmões. Os resultados indicam que, com o agravamento da crise climática, esses fungos podem se espalhar por novas áreas na América do Norte, Europa, China e Rússia.
Como as mudanças climáticas afetam a propagação de fungos?
O aumento das temperaturas globais está criando condições favoráveis para que certas espécies de fungos, como o Aspergillus, ampliem seu alcance geográfico. Este fenômeno é impulsionado pela capacidade dos fungos de se adaptarem a novos ambientes, incluindo aqueles que anteriormente eram inóspitos devido ao clima mais frio. Além disso, eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, podem facilitar a dispersão de esporos fúngicos por longas distâncias.
O Aspergillus, por exemplo, prefere climas tropicais e pode expandir sua presença em até 16% se a queima de combustíveis fósseis continuar no ritmo atual. A previsão é que ele se mova para partes da América do Norte, norte da China e Rússia, áreas que podem se tornar mais adequadas para seu crescimento devido ao aquecimento global.

Quais são os riscos para a saúde humana?
Embora a maioria das pessoas inale esporos de fungos diariamente sem consequências, indivíduos com sistemas imunológicos comprometidos ou condições pulmonares preexistentes, como asma e fibrose cística, estão em risco elevado de desenvolver infecções graves. A aspergilose, por exemplo, apresenta taxas de mortalidade entre 20% e 40%, sendo frequentemente difícil de diagnosticar devido à semelhança de seus sintomas com outras doenças respiratórias.
Além disso, a resistência dos fungos aos tratamentos antifúngicos está aumentando, o que complica ainda mais o manejo dessas infecções. Atualmente, existem apenas quatro classes de medicamentos antifúngicos disponíveis, o que limita as opções terapêuticas para pacientes infectados.
Quais são as implicações para o futuro?
Com a expansão dos fungos para novas regiões, há uma necessidade urgente de melhorar a vigilância e o monitoramento dessas infecções. A Organização Mundial da Saúde já reconheceu a importância de abordar a resistência aos antifúngicos, especialmente em relação ao Aspergillus flavus, que foi adicionado ao grupo crítico de patógenos fúngicos devido ao seu impacto na saúde pública.
O estudo da Universidade de Manchester destaca a importância de aumentar a conscientização sobre as infecções fúngicas e a necessidade de mais pesquisas para entender melhor como as mudanças climáticas estão influenciando a prevalência desses patógenos. A preparação e a adaptação são essenciais para mitigar os riscos associados à propagação de fungos em um mundo em aquecimento.