Documentário da Globoplay tenta 'descancelar' Karol Conká

'A vida depois do tombo' examina passagem da rapper Karol Conká pelo reality, do qual foi eliminada com rejeição recorde e acusada de cometer abuso psicológico

Estadão Conteúdo 01/05/2021 06:00
Globo/Reprodução
"A vida depois do tombo" examina passagem da rapper Karol Conká pelo "Big brother Brasil", do qual foi eliminada com rejeição recorde e sob acusações de cometer abuso psicológico (foto: Globo/Reprodução)

“A vida depois do tombo”, produto audiovisual que o Globoplay lançou na última quinta-feira (29/4), é descrito pela plataforma como um documentário a respeito da passagem da rapper curitibana Karol Conká pelo “Big brother Brasil 21”. O reality estreou em 25 de janeiro último. Em 23 de fevereiro, Karol, que havia sido convidada a integrar o grupo Camarote (de participantes famosos), foi eliminada da disputa pelo prêmio de R$ 1,5 milhão com 99,17% dos votos (numa berlinda com outros dois participantes). A rapper conhecida pelo hit “Tombei”, cravou, dessa forma, o maior índice de rejeição da história do programa.

Ao longo de quatro episódios, “A vida depois do tombo” coloca a cantora cara a cara com momentos dramáticos de sua passagem pelo reality. A série também exibe momentos da infância e adolescência da artista, em Curitiba, com a família, e o começo de sua carreira com a chegada do filho Jorge. Foram entrevistadas aproximadamente 20 pessoas do convívio de Karol.
"Fazer o documentário foi tão desafiador quanto recompensador. O grande desafio foi seguir sendo 'vigiada' depois de tanta exposição, num período em que eu ainda estava no processo de compreensão das razões por trás do meu comportamento no ‘BBB’ e entendendo o tamanho e a natureza da repercussão pública em torno dele", afirma Karol.

OPORTUNIDADE 

"Mas, ao ver o resultado final, acredito que o esforço valeu a pena, pois essa é uma oportunidade de, em tempos de cancelamento, relembrar que somos muito mais complexos do que um reality show é capaz de mostrar", diz ela.

Com direção geral de Patricia Carvalho, a equipe da série acompanhou os passos da rapper nos primeiros 20 dias após a sua saída do programa, mostrando os bastidores da retomada de seus projetos profissionais e pessoais.

"É uma oportunidade de falar sobre a cultura do cancelamento, sobre o ‘efeito manada’: a vibração de todo mundo odiar alguém ao mesmo tempo. O que move isso? Que emoções são essas? O que temos em nós que nos faz desejar tão mal a uma pessoa, a ponto de ser até mais malvada que a própria pessoa que estamos condenando?", afirma a diretora.

Karol conta que teve dificuldades de assistir à sua participação no ‘BBB’ durante as gravações do documentário. "Demorou alguns dias para ter a dimensão de tudo e ainda estou absorvendo muito do que aconteceu lá dentro. Ao assistir às imagens da minha passagem pela casa, me senti assustada e muito decepcionada com as minhas próprias atitudes."

Depois da experiência, a rapper afirma que está cuidando da sua saúde mental e pretende dar continuidade à carreira musical. Ela teve projetos cancelados enquanto estava confinada e cresciam as acusações do público de que suas atitudes, sobretudo as direcionadas ao cantor Lucas Penteado, configuravam abuso psicológico. Dois festivais desistiram de sua escalação e um programa de TV foi engavetado.

"Tenho trabalhado na cura dos meus traumas. Estou dissolvendo camadas mais ásperas da minha personalidade e entendendo que existem maneiras mais leves de lidar com uma situação que me faça sentir insegura ou ameaçada", diz ela.

"Vou me cuidar, transformar experiências em aprendizados, e aprendizados em arte. Terminei de compor meu próximo álbum, que já havia começado antes de entrar no programa. Pretendo lançar um single antes do álbum, o que pode ocorrer ainda neste ano."

Nessa sexta-feira (30/4), ela participou do programa “Encontro com Fátima Bernardes” para divulgar “A vida depois do tombo”, onde afirmou: “Tenho problemas seriíssimos com ansiedade, mais sérios do que eu imaginava, e agora tenho que entender o porquê. Ainda preciso de mais tempo para dissolver algumas feridas. Meu erro não pode ser apagado e nem deve, não vou olhar para o passado e ficar remoendo, mas sempre vou revisitar esse erro para entender o que me levou a chegar nesse nível”. (Estadão Conteúdo)

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