O Dia Internacional da Mulher foi a simbólica data escolhida pela Netflix para a estreia da segunda temporada de Jessica Jones, com seus 13 episódios disponíveis na plataforma a partir desta quinta-feira (8). Única protagonista mulher entre as séries produzidas em parceria com a Marvel (Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e Justiceiro), a personagem ganhou destaque pelo conteúdo denso da trama, envolvendo questões sobre relacionamentos abusivos e empoderamento feminino.
Até agora uma das melhores coproduções entre a Marvel e Netflix, o primeiro ano da série trouxe um conteúdo maduro e mais pé no chão em relação a outros títulos adaptados dos quadrinhos. Jessica Jones (Krysten Ritter) é uma detetive particular com super poderes que quer andar longe de uma rotina heróica e tenta apenas seguir a vida sem maiores percalços.
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Embora Kilgrave tenha sido mostrado em materiais promocionais da segunda temporada, o personagem não apareceu nos cinco primeiros episódios liberados para a imprensa. Ainda assim, o vilão é mencionado e a morte dele é um fardo na consciência de Jessica Jones. Atormentada, ela questiona a necessidade do ato e a própria índole. A crise na consciência agrava a já problemática relação com a bebida e o comportamento agressivo da investigadora. Em paralelo, ela também tenta descobrir os responsáveis pelos experimentos a que foi submetida, contra a vontade, na adolescência, e que resultaram nos seus poderes.
À vontade no papel, Krysten Ritter segue personificando bem a personagem dos quadrinhos, criada pelo roteirista Brian Michael Bendis. Ainda mais turrona e desbocada, Jessica Jones se sai ainda pior campo do traquejo social, sendo, na maior parte do tempo, desagradável com todos ao redor, inclusive as poucas pessoas realmente próximas, como o assistente Malcolm (Eka Darville) e a irmã adotiva Trish Walker (Rachael Taylor).
A produção continua sem seguir a narrativa básica de tramas envolvendo super-heróis. De comportamento às vezes questionável, Jessica Jones é inspiradora de maneira não convencional. Ao contrário de uma personagem como Mulher-Maravilha, cujo senso de justiça e convicção heróica costumam ser inabaláveis, a detetive cria empatia justamente pelo comportamento imperfeito (e crível) e pelos dramas essencialmente humanos.
Ainda que questões relacionadas a abusos físicos e psicológicos contra a mulher ainda estejam na pauta, eles deixaram de tema central. A ausência de um grande tema não é problema, até porque a personagem tem carisma e atitude suficientes para segurar o programa. Por outro lado, ao direcionar a trama para uma investigação sobre a origem dos poderes de Jessica Jones e uma conspiração envolvendo outras cobaias super poderosas, a série acaba se aproximando mais de uma história genérica de heróis, ao menos nos primeiros capítulos da primeira temporada.
O ritmo lento, não necessariamente arrastado, é mantido. Não é uma série com grandes momentos de ação e, sim, de diálogos. Ainda assim, por mais que trilhe caminhos mais convencionais em termos de história, a atração se sobressai pelo aprofundamento psicológico e melhor desenvolvimento dramático, não só da protagonista como dos coadjuvantes.
Abaixo, confira o trailer da nova temporada de Jessica Jones: