Infecções sexualmente transmissíveis podem causar danos irreversíveis

A incidência de IST apresentou aumento expressivo nos últimos anos. Saiba como evitá-las

Bruno Glätsch/Pixabay
(foto: Bruno Glätsch/Pixabay )

“Doutora, eu queria fazer exames para doenças transmitidas através de relação sexual.”  Seja por mudanças de hábitos de vida, pelo desuso do preservativo ou por simples desconhecimento, a incidência de infecções sexualmente transmissíveis (IST) apresentou aumento expressivo nos últimos anos. O termo “doenças sexualmente transmissíveis” (DST) foi substituído por “infecções sexualmente transmissíveis” (IST), uma vez que existe a possibilidade de uma pessoa ser portadora do agente causador, sem apresentar sinais ou sintomas.

As IST são causadas por vírus, bactérias e outros microrganismos. Podem causar danos graves e irreversíveis ao organismo, como infertilidade, câncer, dor pélvica crônica, problemas cardíacos e neurológicos, ou até mesmo a morte. Mesmo na ausência de sintomas, sua saúde pode estar em risco.

Com exceção de gripes e resfriados, as IST são as infecções contagiosas mais comuns nos Estados Unidos. As IST mais comuns são: clamídia, gonorreia, herpes genital, vírus da imunodeficiência humana (HIV), papilomavírus humano (HPV), sífilis, tricomoníase e hepatite B (HBV). Podem se manifestar como feridas genitais, corrimentos, verrugas anogenitais, dor pélvica, dor ao urinar, ínguas ou lesões de pele.

Além dos órgãos genitais, os sintomas podem surgir também nos olhos, boca, palmas das mãos e plantas dos pés, por exemplo. Doenças causadas por bactérias e protozoários são tratadas com antibióticos. Aquelas causadas por vírus não podem ser curadas, mas os sintomas podem ser tratados.

De acordo com relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention – CDC), a incidência de clamídia, gonorréia e sífilis aumentou significativamente entre 2014 e 2018. Em relação à sífilis, foi registrado aumento de 70%, com mais de 35.000 casos em 2018.

Homens que mantém relação sexual com outros homens (HSH) estavam entre os mais acometidos, sendo que quase metade estava contaminada pelo vírus HIV. As taxas de sífilis também aumentaram entre as mulheres, inclusive entre as gestantes.

No Brasil, de acordo com dados de outubro/2019 do Ministério da Saúde, a sífilis adquirida teve sua taxa de detecção aumentada de 59,1 casos por 100.000 habitantes, em 2017, para 75,8 casos por 100.000 habitantes, em 2018. Também em 2018, a taxa de detecção de sífilis em gestantes foi de 21,4/1.000 nascidos vivos, a taxa de incidência de sífilis congênita foi de 9,0/1.000 nascidos vivos e taxa de mortalidade por sífilis congênita foi de 8,2/100.000 nascidos vivos.

Como as IST são transmitidas?


– Através de contato sexual (anal, vaginal, oral) sem uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada;
Transmissão de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação;
– Menos comumente, através de meio não sexual, por meio de contato de mucosas ou pele íntegra com secreções corporais contaminadas.
Múltiplos parceiros, parceiro que tem/teve mais de um parceiro sexual, relação sexual com uma pessoa que teve uma IST e não a tratou, história pessoal de IST e uso de drogas injetáveis ou parceiro que faça seu uso são fatores de risco para adquirir IST. 

Você pode reduzir esse risco usando camisinha, limitando o número de parceiros sexuais, conversando com seu parceiro sobre IST passadas, evitando práticas sexuais de risco (lesões de pele ou mucosa aumentam risco de contaminação) e se vacinando. É possível se vacinar contra hepatite B e contra alguns tipos de vírus HPV.

A aquisição de IST na gravidez tem o agravante de poder acometer o feto. Podem levar à sequelas irreversíveis ou mesmo a morte do feto ou recém-nascido. Gonorréia e clamídia podem causar infecções graves nos olhos e pulmões do bebê. A sífilis pode causar morte fetal ou após o nascimento. A criança pode pegar o vírus HIV ainda durante a gravidez, no momento do parto ou na amamentação – e não há cura para o HIV.

Toda gestante que teve ou possa ter tido uma IST, assim como seu parceiro, deve comunicar a um profissional de saúde. O pré-natal é importantíssimo para rastreamento e detecção precoces de IST e prevenção de acometimentos graves ao feto. Uma vez detectada a IST, gestante e parceiro devem ser tratados.

O hábito de observar seu corpo durante a higiene pessoal pode ajudar a identificar uma IST em seu estágio inicial. Sempre que perceber algum sinal ou sintoma de IST, procure um serviço de saúde. Se necessário, comunique a parceria sexual para que também o faça. É interessante realizar exames laboratoriais para pesquisar IST, se você teve contato desprotegido com alguma pessoa que tenha IST. A entrada de um novo ano pode ser a oportunidade para aquisição de novos hábitos de vida, incluindo práticas sexuais seguras e pesquisa de IST.

Tem alguma dúvida sobre IST? Escreva pra mim: rogeriawerneck@gmail.com