Infecção por COVID-19 pode atrapalhar performance após sua recuperação?

O retorno ao esporte de atletas profissionais e amadores que necessitam de alta intensidade sem avaliação do sistema cardiovascular pode ser imprudente

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(foto: Pixabay)


Infecção por COVID-19 se alastrou entre todos nós, alguns com sintomas mais leve e brandos e outros acometidos drasticamente.

Após a recuperação da infeção, o desejo é retornar a vida normal, exercendo as atividades da vida diária e atividades esportivas.

Por ser uma infecção que acomete diversos tecidos do nosso corpo, as sociedades de Ergometria, Exercício, Cardiologia e Reabilitação Cardiovascular e a  Sociedade Brasileira de Cardiologia direcionaram cuidados para a retomada das atividades atléticas com segurança.

Sabemos das possíveis complicações para os acometidos: miocardite, trombose, perda da capacidade pulmonar, miosite entre outras.

Um estudo publicado na ABC Cardiol apontou que 22% dos pacientes que necessitaram de internação hospitalar demostraram alterações cardiovasculares, número bastante expressivo.

Pensando nesses possíveis fatores complicadores, cuidados para o retorno seguro são importantes. 

O retorno ao esporte de atletas profissionais e amadores que necessitam de alta intensidade sem avaliação do sistema cardiovascular acometido pela COVID-19 pode ser imprudente e representar riscos.

Noticiários esportivos já demostram atletas profissionais de clube de futebol que apresentaram trombose venosa e perda da capacidade esportiva após seu retorno ao esporte. 

No clube em que trabalho temos um fluxograma definido para o retorno à prática esportiva de atletas que por ventura tenham sido contaminados e tratados de COVID-19. Realizamos toda a avaliação cardiovascular e clínica novamente nesses atletas.

Normalmente, exames são obtidos na pré-temporada, com o objetivo de identificarmos fatores que necessitam ser tratados ou modificados. Após a infecção, repetimos esses testes, eletrocardiograma (ECG), marcadores cardíacos, como a troponina e ergoespirometria.

Com resultados normais o atleta é liberado para o seu retorno com maior segurança, mas mesmo assim são acompanhados atentamente.

Em nosso clube e em outros, alguns atletas apresentaram alteração de sua performance por um período variável, por fatores que ainda não conseguimos mensurar. Mas após alguns jogos e treinos a capacidade retornou e a evolução progrediu.

Para aqueles que não têm uma estrutura de um clube profissional, recomendo a avaliação cardiológica completa para o retorno às atividades físicas, seja sozinho ou em uma assessoria esportiva.

É importante tentarmos prevenir e identificar as possíveis sequelas de qualquer nível, principalmente as cardiológicas, como as citadas acima. 

Quem passou por esta infecção e deseja retornar ao esporte, atente–se para as recomendações visando segurança e saúde em sua volta.