Julho Verde: avanços no tratamento sistêmico do câncer de cabeça e pescoço

O paciente pede cuidados de equipe multidisciplinar, como cirurgião de cabeça e pescoço, radioterapeuta, dentista, nutricionista, fonoaudiólogo e clínico da dor

Carolina Vieira 23/07/2021 06:00

Christian Dorn/Pixabay
(foto: Christian Dorn/Pixabay)

Julho
é o mês da conscientização do câncer de cabeça e pescoço e, para tirar algumas dúvidas sobre o tema, conversei com a doutora Theara Fagundes, coordenadora do Grupo de Cabeça e Pescoço do Hospital Vila da Serra (Grupo Oncoclínicas).

1 - Qual a importância do oncologista no tratamento dos cânceres de cabeça e pescoço?

O paciente, em geral, chega ao oncologista na suspeita forte do câncer ou, mais comumente, após o diagnóstico com confirmação de biópsia, podendo também já ter sido submetido a uma cirurgia para tratamento do tumor. Desta forma, é delineado um plano terapêutico no qual pode ser indicada a radioterapia, associada ou não à quimioterapia complementar, para a prevenção da recidiva do câncer pós-operatória.

Pode ser definido também o tratamento combinado de quimioterapia e radioterapia em casos nos quais a cirurgia não é a opção de primeira escolha. Os casos avançados podem requerer medicação sistêmica.

O oncologista é responsável, então, pela prescrição e o acompanhamento do paciente durante todo o tratamento, para o manejo de efeitos adversos e, posteriormente, no período de seguimento para vigilância.

Em geral, o paciente com câncer de cabeça e pescoço requer cuidados e discussão de equipe multidisciplinar, com cirurgião de cabeça e pescoço, radioterapeuta, dentista, nutricionista, fonoaudiólogo, clínica da dor, entre outros.

2 - Houve um aumento de interesse para estudo desta área da oncologia nos últimos anos. A que você atribui essa mudança?


Com os avanços da medicina, ficaram mais claros os fatores desencadeantes do câncer de cabeça e pescoço e melhores métodos de imagem para avaliação de extensão do tumor. Aliado a isso, o conhecimento de terapias direcionadas e o surgimento de imunoterapia se mostraram promissores neste cenário.

Considerando que, em geral, os pacientes com câncer de cabeça e pescoço apresentam-se com bastante sintomas decorrentes da enfermidade, torna-se necessário a utilização dos armamentários disponíveis para o conter a doença.

3 - Quais tratamentos medicamentosos podem ser indicados nos tumores de cabeça e pescoço e quais as suas principais diferenças?


Os tratamentos utilizados compreendem a quimioterapia tradicional, que age destruindo as células cancerígenas, impedindo sua replicação. Os principais efeitos adversos são náuseas, vômitos, queda de cabelos e predisposição a infecções.

A imunoterapia ativa os sistema imune, disparando as defesas do organismo contra o câncer, mas também pode resultar no estímulo a processos reacionais no próprio organismo, como inflamações em órgãos como tireóide, fígado e pâncreas. Drogas alvo que se ligam aos receptores das células cancerígenas, evitando o seu crescimento, em geral, apresentam manifestações principalmente cutâneas.

As opções terapêuticas são alinhadas com o paciente, que deve ser esclarecido sobre os possíveis resultados e também possíveis toxicidades, sendo essas últimas, na maioria dos casos, bem toleradas com uso de medicamentos para controle de sintomas e ajuste de doses.

 

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