Tumores de partes moles: muito além dos sarcomas

Os tumores de partes moles (músculos, fáscias, tendões, ligamentos, gordura, vasos, nervos, pele) compõem uma extensa lista de lesões benignas e malignas

Carolina Vieira 22/01/2021 06:00
Alexander Jawfox/Unsplash
(foto: Alexander Jawfox/Unsplash)

A base de sustentação do corpo humano, além dos ossos, é composta por tecidos como músculos, fáscias, tendões, ligamentos, gordura, vasos, nervos, pele, entre outros. Estes tecidos são chamados de partes moles e podem ser acometidos por tumores benignos ou malignos. Para falar um pouco sobre este tema, convido o doutor Marcelo Peixoto, onco-ortopedista do Grupo Oncoclínicas. 

Quais são os tipos mais comuns de tumores de partes moles benignos? Como se dá seu tratamento?

Os tumores de partes moles compõem uma extensa lista de lesões benignas e malignas. Dentre as lesões benignas, também se observa uma ampla diversidade de diagnósticos, que vão desde lesões pseudotumorais inflamatórias, como a miosite ossificante, lesões cutâneas, como o cisto epidérmico, lesões infecciosas, como os abscessos, e, por fim, os tumores benignos propriamente ditos, sendo o lipoma o mais comum deles.

As lesões benignas, em geral, são submetidas basicamente a dois tipos de tratamento. No tratamento conservador, é feito acompanhamento seriado com exames de imagem e avaliação clínica pelo ortopedista oncológico. Já no tratamento cirúrgico, é realizada a ressecção da lesão, após avaliados riscos e benefícios da cirurgia e feito o planejamento pré-operatório minucioso. Normalmente, a ressecção cirúrgica é indicada nos casos onde a massa está causando dor, limitação dos movimentos, quando atingem grandes volumes, causando compressão de estruturas anatômicas vizinhas, quando causam deformidades esteticamente inaceitáveis e quando há suspeita ou diagnóstico confirmado de malignização, ou seja, quando a lesão se torna um tumor maligno.

Em relação aos tumores malignos de partes moles, quais os frequentes?

É importante lembrar que a grande maioria dos tumores de partes moles malignos faz parte de um grupo de tumores chamados de sarcoma. Estes tumores podem acometer os pacientes pediátricos e adultos, sendo o rabdomiossarcoma o mais comum entre as crianças, mesmo assim sendo de ocorrência rara. O pico de incidência destes sarcomas ocorre por volta da sexta década de vida, sendo mais frequentes nas pernas e braços (60%), tendo como principal sinal o surgimento de massa ou nódulo palpável, sem necessariamente haver dor. Normalmente, são classificados levando em consideração o seu subtipo (existem mais de 50), tamanho, localização, grau de malignidade e se há ou não presença de disseminação para outros órgãos ao diagnóstico.

Existe chance de um tumor benigno de partes moles virar um tumor maligno?

Como dito, há uma grande variedade de tumores benignos, sendo que alguns deles oferecem o risco de se tornarem um tumor maligno. Por este motivo, toda lesão benigna, tenha ela alto ou baixo potencial de malignização, deve ser acompanhada de perto pelo ortopedista oncológico, como explicado adiante.

Há fatores de risco e de prevenção conhecidos para estas doenças?

A grande maioria dos sarcomas de partes moles tem etiologia e fatores de risco indefinidos, o que dificulta a prevenção dessa doença. Portanto, já que a sua prevenção é deficitária, devemos concentrar os esforços no seu diagnóstico precoce, visto que a chance de cura aumenta significativamente quando o tratamento é feito nos estágios iniciais da doença.

Quando procurar a avaliação do ortopedista oncológico?


O diagnóstico precoce é de extrema importância nos tumores de partes moles. Sendo assim, todo nódulo é um tumor maligno em potencial, até que se prove o contrário. Portanto, assim que detectado qualquer nódulo ou massa palpável, dor que não passa, vermelhidão e calor localizado, surgimento de veias dilatadas, sintomas sistêmicos, como perda de peso, dentre outros sintomas, o paciente deve ser submetido à avaliação do ortopedista oncológico para investigação precisa, através da realização de uma consulta clínica e realização de exames de imagem e laboratoriais, quando necessários.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com