Osteoporose na mulher: o que conta mais, a idade ou tempo desde a menopausa?

Pesquisa realizada por cientistas mineiros na UFMG investigou a relação entre a doença e o fim do período reprodutivo da mulher

Wikimedia Commons
Pesquisa mineira investigou se menopausa é fator de risco para osteoporose (foto: Wikimedia Commons)

Estamos em tempos em que a ciência brasileira passa por graves dificuldades diante da crise financeira mas, ainda assim, temos motivos de sobra para nos orgulharmos dos nossos pesquisadores.

Nosso incansáveis cientistas fazem muito com os escassos recursos destinados à pesquisa no Brasil e, na linguagem popular, tiram leite de pedra conseguindo ajudar na conquista de mais conhecimento. E a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é lugar de destaque e excelência nesse cenário da pesquisa nacional e mundial e figura entre as melhores universidades do mundo.

A osteoporose é um assunto de grande importância e tem uma interface multidisciplinar já que é assunto compartilhado e abordado pela endocrinologia, reumatologia, geriatria, ginecologia e ortopedia.

Atualmente, a osteoporose assume papel de destaque diante da constatação inequívoca do envelhecimento a passos largos da nossa população e já estamos deixando de ser um país somente de jovens para sermos cada vez mais um contingente de idosos.

A osteoporose tem como grande problema o de aumentar o risco de fraturas, que trazem impacto na morbidade e mortalidade de pessoas na terceira idade. Portanto, estratégias que identifiquem os indivíduos em risco para iniciar alguma intervenção preventiva, antes da fratura, é o maior desafio na prática clínica.

Diante disso, vem em boa hora a pesquisa feita no serviço de ginecologia da UFMG. Teve destaque na importante plataforma de divulgação científica Medscape. Foi publicado na revista científica Climacteric e o coordernador da pesquisa foi o Dr. Selmo Geber, ginecologista e obstetra, professor titular da UFMG.

A pesquisa foi feita com 938 mulheres atendidas no Hospital das Clínicas da UFMG - que fizeram densitometria óssea -, e associou o tempo transcorrido desde o ini%u0301cio da menopausa e o índice de massa corporal (IMC) das pacientes à doença, sugerindo que a deficiência de estrogênio e não a idade em si seria a principal causa de osteoporose entre mulheres após a menopausa.

O tempo desde a menopausa foi identificado como um fator de risco independente para osteoporose. A estratificação de acordo com categorias etárias demonstrou que mulheres com mais de 20 anos desde a menopausa têm um risco aumentado de osteoporose. Foi visto ainda um aumento no risco a cada 5 anos desde o início da menopausa.

O professor Selmo Geber comentou no Medscape que esse parece ter sido esse o primeiro estudo até o momento que conseguiu descrever essa associação.

Nesses últimos dias de 2019, aproveito para manifestar o orgulho de termos grandes pesquisadores entre nós. Acho que todos esperamos que a pesquisa no Brasil volte a ser considerada prioridade. Vai aqui de minha parte uma grande saudação a todos os nossos bravos e abnegados pesquisadores, que se dedicam mesmo com todas as adversidades à busca de conhecimento.

Como dizia o prêmio Nobel de Literatura George Bernard Shaw, “A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros dez” e, portanto, teremos continuamente a necessidade de mais e mais incentivo e financiamento para que a pesquisa consiga ajudar a um grande salto na qualidade de vida da nossa população.

 

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