Sexualidade masculina e câncer: a importância do tratamento multidisciplinar

Uma das maiores dúvidas dos homens acometidos de câncer de próstata é se terão alguma disfunção sexual por causa da doença ou do tratamento

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(foto: PXHere)

Na última semana, demos início ao Novembro Azul - movimento dedicado à conscientização e prevenção do câncer de próstata - e durante todo este mês vamos focar aqui em temas relacionados à saúde masculina.

Já recebi algumas dúvidas no primeiro artigo que trouxe sobre o assunto e a maioria delas é sobre uma importante esfera e parte integral de todo ser humano: a sexualidade.

O total desenvolvimento da sexualidade é essencial para o bem estar individual, interpessoal e social. Para homens com câncer, a disfunção sexual pode ser um problema comum que tem um impacto negativo na qualidade de vida, especialmente no âmbito psicológico.

A dificuldade de ereção é a preocupação mais comum em homens que já passaram pelo tratamento do câncer ou que ainda estão vivendo esta etapa. Quando a disfunção sexual é percebida com incômodo, causando vergonha ou reduzindo a capacidade do homem de ter relações sexuais, ela se torna um problema de fato.

Alterações na função sexual podem ser causadas não somente pelo câncer em si, mas também pelo tratamento oncológico. A disfunção pode ser somente física (problemas na ereção) mas, na maioria das vezes, é uma questão mais complexa e multifatorial. Isto quer dizer que há também componentes sociais e psicológicos associados aos fatores físicos.

O ideal é que os homens com risco de disfunção sexual sejam identificados antes do tratamento, pois em certos casos podem ser tomadas medidas que diminuem o risco de passarem por esse problema. Por exemplo: para pacientes que realizarão radioterapia para a próstata, é possível trabalhar com o uso do preventivo da tadalafila (Cialis, Viagra).

Reforço que qualquer indicação de tratamento deve ser feita exclusivamente por médicos que estejam acompanhando o caso, porque cada pessoa tem um histórico de saúde que precisa ser levado em consideração.

Uma dúvida muito comum que escuto é: como um tratamento multidisciplinar pode trazer benefícios para o paciente? A abordagem multidisciplinar é essencial para abordar não apenas questões físicas, mas também psicológicas e de relacionamento. A avaliação dos homens com disfunção sexual deve incluir o relacionamento que eles têm com o (a) parceiro(a), pois os fatores relacionados ao paciente e ao parceiro são importantes para a recuperação sexual. Por isso, é tão importante incluir a terapia no programa de tratamento.

A incorporação de técnicas de fisioterapia pélvica também pode ter papel importante na recuperação da função sexual. Ou seja, podem fazer parte da equipe: oncologistas, urologistas, psicólogos(as), psiquiatras, fisioterapeutas e enfermeiros(as), trabalhando todos em conjunto.

Para homens que apresentam disfunção sexual, os níveis de testosterona podem ser mais baixos. No entanto, evitamos a suplementação desse hormônio em homens com câncer de próstata. Para outros homens, a consideração da testosterona suplementar deve ser individualizada, levando em conta a saúde geral do paciente e os possíveis efeitos colaterais do tratamento com testosterona.

Despertar o diálogo sobre a sexualidade saudável dos pacientes com câncer, com participação dos profissionais de saúde que os atendem e de seus parceiros(as) pode proporcionar um tratamento oncológico mais humanizado e que gere uma qualidade de vida maior.

Tem alguma dúvida sobre o tema? Envie para carolinamed126@yahoo.com.br. No final do mês, escreverei um artigo dedicado exclusivamente para responder os principais questionamentos recebidos.