Outubro Rosa todos os meses do ano

Acompanhamento médico regular e bons hábitos de vida são fundamentais na luta contra o câncer de mama

Doutíssima/Reprodução
Campanha chama a atenção para a importância da prevenção e diagnóstico precoce (foto: Doutíssima/Reprodução)

Você possivelmente já notou alguma luz rosa na cidade e já viu muitas marcas adotando essa cor neste mês. O motivo já é conhecido: estamos no Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção do câncer de mama. O que talvez muitos ainda não saibam é o por que de dedicar um mês inteiro para isso.

O câncer de mama é o tipo mais incidente na população feminina mundial e brasileira, excluindo-se os casos de câncer de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 23% dos novos casos no Brasil, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Ainda de acordo com uma estimativa do Instituto, no último ano surgiram mais de 59 mil casos no país.

Os dados existentes chamam a nossa atenção. Nos países desenvolvidos, a sobrevida em cinco anos para pacientes com câncer de mama é 85%, enquanto nos países subdesenvolvidos esse percentual cai para, aproximadamente, 60%. Essa diferença pode ser explicada pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde, levando a um diagnóstico em estágios mais avançados e por vezes atrasando o início do tratamento.

"Mudar esse cenário não é fácil, mas existem caminhos e o principal deles passa pela prevenção"

 
Mudar esse cenário não é fácil, mas existem caminhos e o principal deles passa pela prevenção. Ciente disso, o nosso país vem dando boas contribuições na luta contra o câncer (e não apenas o de mama): no fim de 2018, foi incluído um inciso no artigo 473 da CLT dando ao trabalhador o direito de se ausentar por até três dias, a cada 12 meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de câncer.

No último dia 16, o Senado aprovou o projeto de lei que fixa prazo de 30 dias para realização de exames de diagnóstico de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Uma das formas de prevenir é com a adoção de estratégias para a detecção  precoce da doença, incluindo o rastreamento – aplicação de exame numa população aparentemente saudável, para identificar lesões sugestivas de câncer – e com o diagnóstico precoce em pessoas com sinais ou sintomas iniciais da doença.

No caso das mulheres, muitas dessas estratégias se iniciam na consulta anual ao ginecologista quando, além de realizar os exames preventivos para doenças  ginecológicas como o Papanicolau, faz-se o exame das mamas. Por isso, é tão importante ter um acompanhamento médico regular.

Talvez agora você possa estar se perguntando “quando a mamografia deve ser realizada?”. Ainda não há uma definição exata. A avaliação das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil é de que, na faixa etária de 50 a 69 anos, e com periodicidade bienal (sendo esta a recomendação do Ministério da Saúde), os possíveis benefícios do rastreamento superam seus riscos.

Entretanto, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos, tendo em vista que 15% a 20% dos casos de câncer de mama ocorrem na faixa dos 40 aos 49 anos. O que é um consenso entre todos é que as consultas médicas devem estar em dia.

E existe algum grupo que precisa cuidar ainda mais da prevenção? Existe sim. Mulheres com história pessoal ou familiar de câncer de ovário, tuba uterina ou peritônio; história familiar fortemente positiva para câncer de mama (e não apenas um parente de 1º grau); predisposição genética conhecida; descendência de judeus Ashkenazi; radioterapia prévia na região do tórax. 

Essas pacientes devem ser submetidas a um rastreamento mais intensivo, como avaliação de ressonância magnética das mamas, pois apresentam maior probabilidade de desenvolver câncer de mama.

Além da detecção precoce, a prevenção deve focar nos fatores de risco associados ao câncer de mama e nos fatores de proteção. Algumas situações aumentam o risco de desenvolvimento da doença, como terapias de reposição hormonal prolongadas, exposição a pesticidas, obesidade e sedentarismo

Exercício físico, alimentação adequada, diminuição do consumo de álcool e cessação de tabagismo podem diminuir as chances de desenvolver o câncer em até 30% – além de diminuir o risco de recaída da doença naquelas pacientes que já a tiveram.

Para aquelas mulheres que já receberam o diagnóstico de câncer de mama, adotar um estilo de vida saudável é muito importante para melhorar os resultados do tratamento. Por isso, profissionais de saúde devem sempre encorajar a adesão ao tratamento e proporcionar alívio das consequências físicas e psicossociais do câncer, visando a melhor qualidade de vida possível.

Hoje, a medicina está avançando com muita velocidade. O surgimento de novas opções de tratamento para o câncer de mama no campo da terapia-alvo – substâncias desenvolvidas para identificar e atacar características específicas das células cancerígenas, bloqueando assim o crescimento e a disseminação do câncer – e no campo da imunoterapia pode proporcionar um controle melhor da doença, mesmo que já em estágios avançados.

Estamos em um mês que a mensagem de prevenção está muito forte, mas o cuidado deve ser feito de janeiro a dezembro. Por isso, cuide da sua saúde, previna-se e reforce o cuidado para as mulheres que você convive. Um estilo de vida saudável pode mudar muito o desenvolvimento de doenças e um diagnóstico precoce pode salvar vidas.
 
carolinamed126@yahoo.com.br