Mãe obriga filho saudável a fazer 13 cirurgias e pode ficar 20 anos presa

O caso aconteceu em Dallas, nos Estados Unidos, mas situação parecida ocorreu em Belo Horizonte

por Luiz Othavio Gimenez 19/08/2019 18:56
Reprodução/Fort Worth Star-Telegram
(foto: Reprodução/Fort Worth Star-Telegram)

Christopher sempre foi saudável. A mãe dele, Kaylene, nem tanto. Desde que nasceu, o garoto foi submetido a 13 cirurgias em um período de 2009 a 2016 - inclusive um transplante de pulmão. Nessa série de procedimentos desnecessários, foram mais de 300 visitas compulsórias a hospitais. Já Kaylene Bowen, de 35 anos, sofre de síndrome de Munchausen por procuração. De acordo com o Ministério da Saúde, essa síndrome é um tipo de abuso infantil e ocorre quando algum ente familiar provoca alguma doença na criança.

O pai de Christopher, Ryan Crawford, lutava na justiça pela guarda do filho há anos, alegando que o garoto era saudável e que a ex-esposa tinha problemas psiquiátricos, mas não era ouvido. A reviravolta no caso aconteceu quando uma equipe médica do Texas começou a desconfiar de Kaylene, exigindo vários exames na criança. O conselho tutelar só agiu depois dos diagnósticos apontarem que o menino não tinha as doenças citadas pela mãe.

O caso aconteceu em Dallas, nos Estados Unidos, e de acordo com o jornal Fort Worth Star-Telegram, a mulher foi presa e se declarou culpada por ter induzido que o filho parecesse doente. Caso seja condenada, pode ficar até 20 anos na prisão.

Christopher atualmente tem 10 anos, vive com o pai e já se recuperou dos procedimentos aos quais foi submetido.

Caso parecido aconteceu em BH

Em abril deste ano, C.R.F.C., de 25 anos, foi impedida de acompanhar um tratamento médico da filha, de 6 anos, no Hospital Infantil João Paulo II, depois de uma medida judicial emitida pelo juiz da Vara da Infância e Juventude. Antes disso, de setembro de 2018 até janeiro de 2019, em diversas visitas a hospitais, a criança teve infecção hospitalar, pneumonia, precisou ser entubada, fez traqueostomia e várias transfusões de sangue.

Quando a menina foi levada para o João Paulo II, em janeiro, o diretor do hospital, Luís Fernando Andrade de Carvalho, disse que ela chegou de Juiz de Fora sem diagnóstico e, depois de ampla investigação, as principais causas de doenças foram afastadas. Segundo ele, a medida judicial foi tomada depois de constatado que a menina não tem doença alguma e que, na verdade, quem tem problemas de saúde é a mãe da criança. Ela teria, segundo os médicos, síndrome de Munchausen. “A mãe induz o filho a ficar doente para ganho secundário, que pode ser chamar a atenção, por exemplo”, explicou.