Conselho Brasileiro de Oftalmologia alerta para casos de cegueira evitáveis

As principais causas são as cataratas, glaucoma e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)

por Estado de Minas 06/07/2019 07:00
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(foto: Pixabay)

No Brasil, 6,2% da população vivem com alguma deficiência, sendo que 3,6% destas são visuais, de acordo com último levantamento do IBGE. O número de cegos já ultrapassa 1,2 milhões de pessoas. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 75% dos casos de cegueira são evitáveis e as principais causas são as cataratas, glaucoma e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Os erros refrativos não corrigidos (miopia, astigmatismo, hipermetropia), também aparecem como maiores responsáveis pelo comprometimento da visão. As estatísticas fazem parte do documento As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2019, lançado pelo Conselho.

“No Brasil, o último censo demográfico do IBGE apontou que 18,6% dos brasileiros possuem algum tipo de deficiência visual – sendo que destes, 6,5 milhões possuem deficiência visual severa, e 506 mil com perda total da visão. O tema deve ir além da esfera de saúde e a atenção a esses indivíduos requer uma ação cuidadosa e vigilante do poder público e da sociedade civil” explica José Augusto Ottaiano, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Segundo Cristiano Caixeta, diretor do CBO, em 2020 teremos 80 milhões de pessoas com glaucoma, e em 2040 essa estimativa chegará a 111,5 milhões – a doença é considerada a maior causa de cegueira irreversível no Brasil e no mundo. Para o especialista, os dados reforçam a importância de concentrar esforços na educação e conscientização da população em relação ao cuidado com a visão. “O acesso à saúde é um direito de todos. Para isso, é fundamental disseminarmos o conceito de promoção de saúde de forma preventiva, ao contrário do que acontece, pois o paciente procura o médico no momento que precisa tratar uma doença. Sabemos que a prevenção acarreta um menor custo ao sistema de saúde e, principalmente, ao paciente”, destaca o oftalmologista.

Lista de cuidados com a saúde dos olhos, divididos por cada etapa da vida

ANTES DO NASCIMENTO
Rubéola e toxoplasmose podem causar cegueira e problemas neurológicos na criança, por isso o acompanhamento pré-natal e a realização de sorologias são imprescindíveis.

AO NASCER
Ao nascer, a criança enxerga pouco e a visão vai se desenvolvendo no decorrer dos anos. Qualquer doença ocular ao nascimento, como a catarata e o glaucoma, pode prejudicar totalmente este desenvolvimento. O teste do reflexo vermelho, também chamado de “teste do olhinho”, deve ser realizado ainda na maternidade. Ele é capaz de detectar estas e outras doenças, às vezes gravíssimas, como o retinoblastoma (um tipo de câncer ocular) precocemente. Além disso, o bebê que lacrimejar muito, tiver mancha branca na menina dos olhos (pupila), olhos anormalmente grandes, ou ainda que não suporte a claridade, deve ser levado ao oftalmologista.

DURANTE A INFÂNCIA
A visão se desenvolve durante a infância, alcançando a maturidade por volta dos cinco anos de idade. Por isso, é muito importante que problemas de visão sejam tratados o quanto antes. Com o início da vida escolar, é possível perceber a presença de problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia) que podem prejudicar o aprendizado. Outro problema importante que precisa ser corrigido ainda na infância é a ambliopia, ou “olho preguiçoso”. É uma situação na qual a visão não se desenvolve plenamente em um dos olhos, embora sua aparência seja normal. Com o passar do tempo, o cérebro ignora as imagens que vem desse olho “fraco”, de tal forma que ele perde a visão. O portador de ambliopia tem dificuldade para perceber distâncias e profundidade, além de correr riscos de cegueira total, caso venha algum dia a perder a visão de seu olho saudável. A ambliopia pode ser curada se o tratamento for realizado antes que a visão tenha atingido a maturidade.

NA ADOLESCÊNCIA
Durante a adolescência e a puberdade, com frequência são diagnosticados os problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia). Entre os 13 e 20 anos, as pessoas estão sujeitas ao aparecimento do ceratocone, uma doença que provoca irregularidade da córnea, às vezes acompanhado pelo hábito de coçar excessivamente os olhos. Apesar de não ter cura, os tratamentos disponíveis podem melhorar a visão, estabilizando o problema e reduzindo a deformidade da córnea. “Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor é o resultado do tratamento. Por isso, adolescentes devem ser submetidos a uma consulta oftalmológica, mesmo que não apresentem queixas”, destaca o presidente do CBO.

NA VIDA ADULTA
Queixas como sensação de vista cansada, coceira nos olhos, dificuldade para focalizar imagens e lacrimejamento são as mais comuns em adultos que procuram o atendimento oftalmológico. Além da presbiopia (ou vista cansada), caracterizada pela dificuldade de focalizar objetos próximos, outros problemas mais frequentes a partir dos 40 anos são: catarata, glaucoma e retinopatia diabética. Os sintomas do glaucoma costumam aparecer somente quando a doença está em fase avançada. Se a doença não for tratada, pode levar à cegueira. Aproximadamente 85% das cataratas são classificadas como senis, conectadas ao processo de envelhecimento, com maior incidência na população acima de 50 anos. As pessoas que têm diabetes apresentam um risco de perder a visão 25 vezes maior do que as demais. Para que isso não aconteça, os diabéticos devem passar rotineiramente por uma consulta oftalmológica. Pela importância da doença, CBO propôs e deve coordenar a realização de audiência pública na Comissão de Assistência à Saúde do senado federal, com objetivo de apresentar aos parlamentares os problemas vivenciados nos serviços públicos, na atenção ao paciente diabético.

APÓS OS 65 ANOS
A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) causa baixa visão central, dificultando principalmente a leitura. Os danos à visão central são irreversíveis, mas a detecção precoce e os cuidados podem ajudar a controlar alguns dos efeitos da doença.