Atenção sobre a saúde bucal das crianças deve começar logo quando nascem os primeiros dentes

Independentemente da idade que a criança tinha quando perdeu o dente e de como o perdeu, o acompanhamento pelo odontopediatra ou ortodontista é fundamental para evitar problemas na hora da reabilitação definitiva

por Augusto Guimarães Pio 07/12/2018 13:30
José dos Reis Fotografia/Divulgação
Adriano Rafael orienta as mães a fazer a higienização bucal correta dos bebês (foto: José dos Reis Fotografia/Divulgação )

Os cuidados com a saúde bucal das crianças devem começar assim que os primeiros dentes aparecerem ou ao perceber qualquer problema, como má oclusão ou oclusão tardia. Para o cirurgião-dentista e protético Adriano Rafael, esse cuidado deve começar ainda na gestação. “É importante que as mães, ainda na gravidez, tenham hábitos saudáveis, alimentação equilibrada, exposição regular ao sol para ajudar na formação da arcada dentária das crianças, que faz parte do crescimento saudável do embrião”, alerta.

Dono da Clínica Adriano Rafael Odontologia e Estética Avançada, ele ressalta que, após o nascimento, os pais devem levar os filhos ao dentista a partir dos seis meses de vida. “Nessa idade, os pais já podem higienizar os dentes e gengiva com uma gaze limpa embebida em água filtrada ou mineral, passando pela superfície da gengiva ou em algum dente que já tenha erupcionado, uma massagem de leve com bastante cuidado. O intuito é remover os restos de alimento ou leite, pois na mucosa os restos se acumulam.”

Segundo ele, algumas atitudes ajudam a prevenir o surgimento de cáries. “Diversos fatores podem levar uma pessoa a apresentar cáries. Por isso, é importante a higiene adequada. Sem ela, pode haver vários problemas, além da cárie.” Adriano diz que o combate às cáries começa pela alimentação. “Deve-se evitar alimentos com açúcar e aumentar o consumo daqueles que contenham cálcio. As crianças gostam de bala, que tem muito açúcar, mas o ideal é que elas não consumam esse tipo de alimento.”

Um detalhe importante, que vale tanto para adultos quanto para crianças, é trocar sempre a escova de dentes e nunca deixá-la em cima da pia, pois isso pode contaminá-la e causar danos à saúde bucal. “Parece até clichê, mas é fundamental ir ao dentista para limpeza periódica, que é muito diferente daquela feita em casa, no dia a dia. A visita deve ser feita duas vezes ao ano, para detectar possíveis problemas ainda no início. Uma cárie identificada em estágio muito avançado pode fazer com que a pessoa perca o dente”, alerta o dentista.

O especialista ressalta que a higiene dental começa pela escolha correta da escova, da pasta de dente e da prevenção às doenças bucais e dos dentes. “Esse é o conjunto de cuidados que vão contribuir diretamente com a saúde bucal. Cuidar dela é fundamental para preservar a integridade dos dentes ao longo da vida e até mesmo para evitar doenças.”

HIGIENIZAÇÃO

“Os pais devem ensinar, estimular a rotina de escovar os dentes e passar fio entre os dentes. Quanto aos enxaguantes bucais, deve-se evitar aqueles que têm álcool em sua composição, pois queimam a mucosa oral, o que pode provocar a descamação da região que se acumula na língua e contribuir para o surgimento do mau hálito.

Já a escova deve ser escolhida entre aquelas que têm cerdas mais macias, pois preservam o tecido gengival e não desgastam o esmalte dentário. “Outra coisa importante é o tempo que devemos trocar a escova. A partir do momento em que ela estiver com as cerdas na cor amarelada, saindo para os lados, é preciso trocar. Em geral, a cada três meses a escova fica inutilizável”, alerta.

O especialista diz que o ideal é que as crianças consumam doces em casa para poder escovar os dentes em seguida e que os pais fiquem atentos para que a higiene seja feita com regularidade e corretamente.

IMPLANTES

O cirurgião-dentista Dilson Pockel Prado Júnior, especialista em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial e implantodontia, professor do curso de pós-gradução e diretor da Clínica Implantar Odontologia, explica que o implante dentário só pode ser realizado em uma criança depois que ela parar de crescer. “Isso se dá em mulheres por volta dos 16/17 anos e nos homens por volta dos 18/19 anos. Esse crescimento pode ser confirmado por meio de uma radiografia e, dependendo da formação óssea, tem-se a certeza de que o adolescente já se tornou adulto e que nele já cresceu a estrutura óssea completamente, estando apto para um implante.”

“Se um implante é realizado em criança ou adolescente em fase de crescimento, fatalmente, não crescerá com o esqueleto, fazendo com que, quando os dentes e o esqueleto se movimentem, este não venha a se movimentar junto. Aí, o paciente terá que fazer a remoção do implante e a recolocação depois do crescimento completo do esqueleto”, alerta o especialista.

“Com seis anos de trabalhos nos hospitais João XXIII e Maria Lins, observei inúmeros casos de crianças e adolescentes que perderam dentes por causa de traumas. Acidentes esportivos, motociclísticos, automobilísticos, agressões físicas e perfurações por armas de fogo são alguns dos motivos que fazem com que crianças e adolescentes venham a perder dentes”, ressalta Dilson. É importante enfatizar que, independentemente da idade que a criança tinha quando perdeu o dente e de como o perdeu, o acompanhamento pelo odontopediatra ou ortodontista é fundamental para evitar problemas na hora da reabilitação definitiva.”