Dia das crianças: pais e mães apostam em trabalhos avulsos para passar mais tempo com os filhos

Número de freelancers cresce no Brasil, uma alternativa para manter a família mais próxima. Segundo pesquisa, 46% das mães cuidam dos filhos enquanto trabalham e, dos 40% de pais freelas, 85% são full time

por Estado de Minas 10/10/2018 11:58
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(foto: Fotos Públicas)

Estar em família faz bem. Mas essa também pode ser uma aflição e fonte de ansiedade para pais e mães que, com a correria do mundo atual, não conseguem desfrutar muito tempo perto de seus filhos. Conciliar o emprego, para pessoas que passam mais da metade do dia fora de casa, com o cuidado e a convivência com os pequenos, é um desafio. A impressão de que se está trabalhando em excesso acaba gerando uma cobrança perigosa, entretanto também representa um estímulo para mudar de hábitos, pensando no que realmete vale para viver bem, em equilíbrio. E não tem época melhor para trazer à tona essa discussão que o dia dedicado às crianças, celebrado na próxima sexta-feira.

Diante de tais dificuldades, homens e mulheres estão à procura de soluções para se manter ativos na educação das crianças, mais próximos e presentes em sua rotina. Uma das alternativas que vêm conquistando espaço é a atividade freelance. Conforme a Workana, plataforma de trabalho freelance atuante em toda América Latina, a modalidade teve um incremento de 80% em 2017, e 40% dos freelancers cadastrados no Brasil têm filhos. Levantamento encabeçado pela entidade, que ouviu 1,5 mil mulheres, indica que, entre as que têm filhos (23%), 46% cuidam deles enquanto trabalham.

A professora e redatora Eliana Figueiredo, é freelancer há cerca de quatro anos e conta que, ao engravidar, buscou adaptar sua vida profissional à nova fase. "Eu trabalhava em duas escolas e precisava desacelerar. Como decidi ficar apenas em uma, minha renda caiu bastante. Então, considerei começar a trabalhar em casa com algo que eu gostasse, no caso, produção de conteúdo". Eliana divide as responsabilidades sobre o filho com o marido e afirma que a atividade freelance a ajudou a ter autonomia sobre seus horários, ponto fundamental para poder se organizar e passar mais tempo com a família.

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Alessandro Sales, de 33 anos, pai do Allan, de seis, é full stack developer e também mudou de hábitos - atua como freelancer há um ano. Ele relata que, hoje, trabalhando com o home office em tempo integral, conseguiu uma estrutura para ter mais qualidade de vida e estar mais com quem importa. "Estou fazendo muitas coisas que não eram possíveis, como tomar café da manhã com minha família, ter intervalos com eles e nos horários que eu realizava trabalhos extras. Agora eu tenho tempo para a família", comenta. Alessandro diz que a mudança foi feita em conjunto. "Antes de iniciar a jornada home office, conversei com minha esposa para que ela me ajudasse a me adaptar com a nova rotina, afinal, todos precisam compreender que eu estou em casa para trabalhar. Mas, ao final do dia, estou livre para estar com minha família e eles sentem essa diferença. Hoje somos mais unidos".

A pesquisa da Workana revela ainda que 10% dos pais contam com ajuda externa para cuidar dos filhos. Os demais cuidam por conta própria ou com a ajuda do cônjuge. Dentro desse parâmetro, de 40% dos pais freelancers, 85% são full time. O cofundador da plataforma, Guillermo Bracciaforte, afirma que essa busca por um trabalho mais flexível colabora para o crescimento da atividade e proporciona aos profissionais novas oportunidades, além de movimentar o mercado e levar para as empresas mais profissionais qualificados. Dentre as mulheres entrevistadas, cerca de 44% trabalham como freelancer em tempo integral, sem conciliar com outro emprego.

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"Cada vez mais temos pais que sentem a necessidade de cuidar dos filhos e dividir igualmente as tarefas com a mulher. Isso se alia à busca dos profissionais pela harmonia entre vida profissional e pessoal e tem um efeito muito positivo, já que um pai que participa mais em casa proporciona mais liberdade para que a mãe também siga com sua carreira profissional", conclui Bracciaforte.