Quantas vezes devemos malhar por semana? Confira as dicas dos especialistas

Não é preciso viver na academia para obter bons resultados na malhação. O ideal é deixar os músculos descansarem e adaptar a atividade à rotina

por Correio Braziliense 23/09/2018 13:45
Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
Alice de Oliveira chega a treinar seis vezes por semana, mas sempre procura ouvir os sinais do corpo (foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)

Quantas vezes você malha por semana? Quais grupos de músculos você trabalha em cada dia? Essas são perguntas aparentemente simples, mas fundamentais para alcançar os objetivos físicos. Especialistas alertam que, para hipertrofia ou até mesmo emagrecimento, não é necessário “morar na academia”. Deixar os músculos descansarem é algo primordial para um bom treino.

Segundo o personal trainer Leonardo Peleja, a visão de que quanto mais exercício melhor é errada. “Muitos têm a ideia de que treinando todo dia um determinado músculo, ele vai crescer, mas não é assim. A gente desenvolve no descanso”, afirma.

De acordo com o personal, não há uma quantidade ideal de dias na semana para se exercitar. A definição desse número varia de acordo com o estado físico e os objetivos de cada um. “A primeira coisa a observar é quem é essa pessoa. Se for alguém que está há muito tempo sedentária, por exemplo, em torno de duas vezes na semana, já significa um grande esforço”, alerta. Leonardo ainda ressalta que, independentemente da quantidade de vezes que o aluno vai à academia, jamais se deve trabalhar os mesmos músculos em dias seguidos.

A advogada Alice de Oliveira, 26 anos, por exemplo, ama fazer exercícios e afirma que chega a praticar atividades físicas até seis vezes por semana. “Eu sempre gostei de esporte. Para mim, é um prazer e não uma obrigação”, comenta. Porém, ela destaca que toma os devidos cuidados e intercala os treinos. Segunda, quarta e sexta, a advogada faz treinamento funcional e, terça e quinta, tem aula de boxe. Quando está disposta, ainda corre no fim de semana.

O personal trainer alerta que pessoas com rotinas como a de Alice precisam ter cuidado para um tipo de atividade não eliminar os resultados da outra, levando também em consideração a intensidade dos exercícios. Leonardo resslata que, no caso da advogada, o treino funcional, por exemplo, exercita a força, enquanto a luta trabalha a parte cardiorrespiratória.
“Se faz bem à pessoa praticar exercício todo dia, não vejo por que não fazê-lo. Porém, é preciso ter cuidado para um exercício não prejudicar o outro. Se eu treino musculação um dia e no dia seguinte faço um crossfit, que trabalha o corpo todo, são dois exercícios que concorrem, e isso prejudicaria o desenvolvimento”, ensina.

Apesar do gosto pela prática de atividade física, Alice destaca que sabe respeitar os seus limites e se permite ficar em casa descansando quando necessário. “É uma coisa de respeito. Eu não fico na agonia de ter que fazer quando meu corpo não está podendo. Tem dia que eu estou cansada e preciso dormir”, enfatiza.

Já a analista administrativa Loanne Barbosa, 27, descarta a possibilidade de ir todos os dias à academia. Ela treina há seis anos e, hoje, tem como principal objetivo o fortalecimento da musculatura, depois de ter sofrido uma lesão.

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Para conseguir se exercitar, Loanne Barbosa adaptou a malhação à rotina: nada de treinar todos os dias (foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Loanne conta que não sabe dizer se a lesão foi ocasionada pelos exercícios, porém passou a não se esforçar tanto na musculação. Além dos cuidados com a saúde, a analista diz que precisou adaptar a prática à rotina. “Treino, no máximo, 40 minutos e em dias alternados, totalmente adaptado às minhas necessidades. Assim, consigo fazer exercícios e outras coisas, além de ter tempo para descansar e não sobrecarregar as articulações.”

Welbert Lucas, personal trainer da academia Bodytech, acredita que adaptar a prática à rotina das pessoas é um dos principais pontos a se destacar quando a decisão é sobre a quantidade de vezes que a pessoa deve malhar. Ele explica que o recomendável é que você treine um grupo muscular de duas a três vezes por semana, mas que é possível ajustar à realidade de cada um.

“A gente tem uma rotina supercorrida; então, nem sempre consegue fazer isso. Os profissionais da área precisam ser flexíveis e utilizar outras fontes para fazer com que as pessoas melhorem suas relações com a atividade física.”

O personal ainda ressalta que, nos casos em que as pessoas vão para academia durante dias seguidos, é preciso variar o treino. Intercalar os exercícios de membros superiores e inferiores, por exemplo, é uma alternativa. “Na parte superior, também podemos dividir. Temos os exercícios de empurrar, como o supino, que trabalha uma parte de músculos, e os exercícios de puxar, como remada, que já trabalha outro grupo”, indica.

Por que o descanso é tão importante?

De acordo com os profissionais, é no descanso que o músculo se desenvolve. Assim, o intervalo é fundamental, principalmente para quem tem como objetivo o ganho de massa. Leonardo Peleja explica que, no processo de hipertrofia, são criadas algumas microlesões, assim o corpo reage para curar o músculo, o que demanda descanso.

“A dor que a gente sente depois dos exercícios é o corpo reagindo e tentando curar esses machucados. Se você entra com outro em seguida, não dá tempo para ele se recuperar. A hipertrofia é o aumento da célula, e o músculo precisa desse descanso para isso”, assegura.

Welbert complementa que, além dos bons resultados, a pausa é essencial para não sobrecarregar as articulações, que tendem a ter uma recuperação ainda mais demorada.