Mesmo sem sintomas aparentes, vírus da zika pode causar aborto

Há também indícios da relação entre a infecção não diagnosticada e partos prematuros

por Estado de Minas 10/07/2018 14:18
Luis Acosta/AFP - 25/7/17
(foto: Luis Acosta/AFP - 25/7/17)

Estudo publicado na revista Nature Medicine mostra que o vírus zika pode estar por trás de abortos naturais e partos prematuros em mulheres infectadas que não receberam o diagnóstico da doença por não apresentar os sintomas. O trabalho é resultado de uma colaboração entre seis Centros Nacionais de Pesquisa Primata dos Estados Unidos. “Esse é um importante estudo onde todos os centros colaboraram para fornecer dados e informações para nossa compreensão dos efeitos do zika na gestação”, diz Jean Patterson, pesquisador do Instituto de Pesquisa Biomédica do Texas.

O zika saiu do anonimato em 2015, quando diversos casos no Brasil resultaram no nascimento de bebês com um defeito cerebral ao nascer, a microcefalia. Outros problemas ocasionados pela infecção da gestante são a cegueira e a surdez das crianças e o aborto. Ao coletar dados de diversas espécies de primatas não humanos (macacos rhesus, macaco nemestrina e saguis), os cientistas descobriram que 26% das fêmeas inoculadas com o vírus zika nos primeiros estágios da gravidez sofreram aborto ou parto prematuro, apesar de exibir poucos sinais da infecção.

Durante as gestações, os cientistas monitoraram o progresso por meio de ultrassons, análise do líquido amniótico e teste de sangue. “A conclusão primária desse estudo com importantes implicações para mulheres grávidas infectadas com o zika é de que o parto prematuro e o aborto ocorrem mais frequentemente em primatas não humanos infectados do que em animais não expostos ao vírus”, explica o principal autor, Dawn Dudley, do Centro Nacional de Pesquisa Primata de Wisconsin.

Os autores concluem, no estudo, que “as altas taxas de perda fetal entre os primatas não humanos infectados com o zika vírus aumentam a preocupação de que as perdas gestacionais em humanos podem ser mais frequentes do que se acredita”. Pesquisas com humanos mostram mais resultados adversos em bebês expostos ao micro-organismo durante o primeiro trimestre. Não existem tratamentos para zika nem vacinas no mercado, embora várias estejam sendo desenvolvidas atualmente.