Vacina age em ponto fraco do HIV com resultados promissores

Fórmula conseguiu eliminar dezenas de linhagens do vírus em animais, revelando uma fraqueza que pode ser explorada contra a infecção em humanos

por Estado de Minas 11/06/2018 15:55
CSIC/Divulgação
Fórmula é feita com "espinhos" usados pelo vírus para infectar células (foto: CSIC/Divulgação)

Uma parte dos “espinhos” existentes na superfície do HIV e utilizados pelo vírus para entrar nas células pode ser a base para uma vacina que tem tido resultados promissores em testes com mamíferos. A fórmula criada por um grupo de cientistas dos Estados Unidos conseguiu eliminar dezenas de linhagens do micro-organismo em camundongos, porquinhos-da-índia e macacos, revelando um ponto fraco a ser explorado contra a infecção em humanos.

“Os cientistas utilizaram seu detalhado conhecimento da estrutura do HIV para descobrir um local incomum de vulnerabilidade no vírus. Com isso, eles puderam desenhar uma vacina nova e potencialmente poderosa. Esse elegante estudo tem potencial para ser um passo importante na busca por uma vacina segura e eficaz contra o HIV”, afirmou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês), onde a pesquisa é conduzida.

O ponto-chave é um peptídeo de fusão do HIV que havia sido identificado pelos cientistas do Niaid em 2016. Ele tem uma curta sequência de aminoácidos e é especialmente promissor por ter uma estrutura igual na maioria das linhagens do vírus. Além disso, como não tem açúcares, pode ser “visto” pelo sistema imunológico, que, assim, produz uma forte resposta imune contra ele.

Ratos receberam injeções com diferentes combinação da vacina, e os pesquisadores identificaram que os anticorpos gerados agiram contra o peptídeo de fusão do HIV presente na fórmula, neutralizando até 31% dos vírus de um total de 208 linhagens de HIV. Experimentos com porquinhos-da-índia e macacos também mostraram produção de anticorpos e reações semelhantes. Os resultados alcançados foram divulgados na edição de ontem da revista Nature Medicine e, segundo os pesquisadores, fornecem evidências iniciais de que a vacina pode funcionar em múltiplas espécies. A estimativa é de que os testes com humanos comecem no segundo semestre de 2019.