Pesquisadores japoneses identificam neurônios culpados pelo desejo por doces

Descoberta pode abrir caminho para melhorias no tratamento de excesso de peso

25/01/2018 14:59
Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 4/5/17
Doces são quase irresistíveis para um grupo de pessoas quando em situações estressantes (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 4/5/17)

Uma equipe de pesquisadores japoneses identificou os neurônios responsáveis pelos desejos súbitos de consumir doces ou chocolates quando o estresse é grande. Os cientistas estão otimistas de que a descoberta, publicada na edição on-line da revista americana Cell Reports, poderá abrir caminho para avançar em investigações mais precisas para as pessoas que sofrem de excesso de peso.

As pesquisas foram feitas, inicialmente, com ratos. Cientistas do Instituto Nacional de Ciências Fisiológicas, localizado na cidade de Aichi, constataram que quando estimulavam nos animais os neurônios conhecidos por sua relação com o estresse, o interesse deles por carboidratos multiplicava. Os roedores estudados comeram três vezes mais rações açucaradas que sob condições normais, enquanto reduziram pela metade o volume de gorduras ingeridas.

Segundo o cientista Yasuhiko Minokoshi, que liderou os trabalhos, esse estudo é o primeiro a demonstrar o papel do cérebro nas preferências por carboidratos ou gorduras. “Pessoas que comem muito doce quando estão estressadas, muitas vezes pensam que é culpa própria porque não conseguem controlar seus impulsos”, comentou o pesquisador, assinalando que, na realidade, pode ser uma questão de neurônios.

Minokoshi, no entanto, foi prudente quanto aos desdobramentos das investigações. Ele enfatizou que ainda falta tempo para que esses conhecimentos permitam tratamentos específicos. Uma simples supressão desses neurônios poderia ter efeitos colaterais, alertou.

“Mas, se encontrássemos uma molécula específica nos neurônios, poderíamos visá-la para suprimir algumas de suas funções. Isso ajudaria a reduzir o consumo excessivo de carboidratos”, opinou. Já a ativação da molécula, segundo ele, poderia ser útil para os pacientes que consomem muita gordura.