Cuidados básicos com os dentes devem ser tomados em qualquer faixa etária

Idosos necessitam de acompanhamento mais frequente para evitar doenças

por Karen Santos 19/12/2017 08:00
Freeimage.com/Kennewickdental
(foto: Freeimage.com/Kennewickdental)

A preocupação com a saúde bucal não deve existir apenas durante a formação dentária, enquanto jovens. Pelo contrário, é muito importante que o cuidado com a boca, dentes e gengivas continue na terceira idade. Independentemente da faixa etária, hábitos de higiene bucal básicos, como escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia e usar o fio dental regularmente, são essenciais para garantir dentes e gengivas saudáveis mesmo com o passar dos anos. Contudo, essas ações podem ser prejudicadas em decorrência da idade, já que, com o envelhecimento, a coordenação motora é muitas vezes afetada, o que pode facilitar o surgimento de doenças. Além disso, os idosos ainda demandam atenção especializada na saúde bucal, uma vez que a idade mais avançada e suas consequentes implicações biológicas são determinantes no surgimento de doenças do aparelho bucal.

Renata Rabelo Amorim, cirurgiã-dentista especialista em periodontia e implantodontia da Vitácea Odontologia e Estética, explica que os idosos necessitam de acompanhamento mais frequente devido a alguns problemas que podem acometê-los pela idade. “Como uma diminuição da coordenação motora, o que piora a qualidade da higiene bucal nos idosos. A cárie dentária, por exemplo, ocorre em decorrência da dificuldade motora que acomete as pessoas com idade avançada.” Além disso, a dentista fala que os idosos tendem a ter menos saliva, seja por fatores naturais ou pelo uso regular de medicamentos, o que também torna a higiene bucal dessas pessoas menos efetiva. “A cárie nas raízes dos dentes ocorre mais em idosos, pois há uma maior frequência de recessões gengivais, ou seja, um deslocamento da gengiva que provoca a exposição da raiz do dente nessa fase da vida”, aponta. Em alguns casos, o problema pode alterar a mastigação pela dor causada. No entanto, nem sempre os sintomas ocorrem, por isso é importante ficar atento à estética dos dentes.

Outra enfermidade comum aos idosos e que está ligada à carência da higiene bucal é a periodontite. Causada pelo acúmulo de placa bacteriana e tártaro ao redor dos doentes, a doença, se não tratada precocemente, pode levar à perda óssea e até à perda dentária, uma vez que atinge os tecidos de suporte dos dentes. “À medida que ocorre a perda óssea, os dentes vão deixando de ficar firmes e começam a ter mobilidade, podendo mudar de posição. Essa mobilidade e alteração da posição podem dificultar a mastigação”, esclarece a especialista.

Renata aponta que a periodontite, normalmente, não se manifesta com dor ou outros sintomas de fácil identificação, o que pode levar a uma descoberta tardia do problema. “Muitas vezes, o paciente chega sem nenhuma queixa, mas, ao analisar as radiografias, detecta-se que já houve perda óssea.”

OUTRAS PATOLOGIAS

Além da cárie dentária e da periodontite, o bruxismo e a doença oclusal também são destaque entre as doenças bucais mais comuns nos idosos. Assim como as outras enfermidades, esses problemas têm ligação direta com o bom funcionamento da mastigação. De acordo com a dentista, o desgaste por atrito decorrente do bruxismo altera o formato dos dentes, e, consequentemente, o encaixe da arcada dentária é modificado, podendo levar a fraturas e a dores nos dentes e nos músculos, além de dificuldade na mastigação de alimentos mais fibrosos e duros.

“Os principais sintomas são dentes com aspecto desgastado, menores e, geralmente, há relato de ranger de dentes.” Na doença oclusal o problema também está no desencaixe da arcada: quando os dentes de cima e os de baixo não se encontram perfeitamente durante a mastigação, ocorre sobrecarga de alguns dentes, podendo causar dor tanto na arcada dentária quanto nos músculos da face, do pescoço, da cabeça e na articulação temporomandibular, que fica entre a mandíbula e a base do crânio, em frente ao ouvido.

Vitácea Odontologia e Estética/Divulgação
"À medida que ocorre a perda óssea, os dentes vão deixando de ficar firmes e começam a ter mobilidade, podendo mudar de posição. Essa mobilidade e alteração da posição podem dificultar a mastigação" - Renata Rabelo Amorim, cirurgiã-dentista (foto: Vitácea Odontologia e Estética/Divulgação)
Segundo Renata, o diagnóstico dessas doenças deve ser feito pelo dentista através de exames clínico e de imagem, como radiografias e tomografia. Os tratamentos também são possíveis e ainda mais eficazes quando o problema é identificado com antecedência. Ainda assim, a especialista alerta que a prevenção é o melhor caminho para a saúde bucal, e que “higiene e consultas regulares ao dentista são imprescindíveis”.

Além da manutenção de hábitos comuns à saúde da boca, como escovar os dentes após as refeições e utilizar o fio dental diariamente, a consulta com o especialista, pelo menos, de seis em seis meses, é importante tanto para a detecção quanto para cuidados higiênicos. “As limpezas profissionais garantem a remoção de detritos que os cuidados rotineiros não são capazes de alcançar, principalmente na terceira idade”, destaca.

AUTOESTIMA

A terceira idade é um período da vida no qual a suscetibilidade para certos tipos de doenças se torna maior. Doenças sistêmicas, como o diabetes e a hipertensão, são apenas alguns dos problemas mais comuns ao envelhecimento e que, ao se juntar aos problemas bucais, podem causar transtornos ainda maiores. “As patologias da boca podem não apenas alterar a saúde integral do paciente idoso como ainda agravar alguns quadros clínicos, como gastrite e Alzheimer, ou ser agravado por elas”, informa Renata.

Além disso, a dentista destaca que as doenças bucais esbarram na fragilidade emocional dessas pessoas, uma vez que a boca e, principalmente, os dentes estão ligados à estética facial. “Devemos buscar manter os dentes naturais, mas, se perdidos, é preciso reabilitar o paciente para que a função mastigatória e a estética sejam restabelecidas. A reabilitação do sorriso de um paciente idoso está diretamente relacionada à maior autoestima, qualidade de vida e felicidade”, destaca.

Para prevenir qualquer tipo de doença que possa comprometer a saúde bucal dos idosos, a especialista aposta na qualidade de vida como um todo. “A saúde dos idosos está diretamente relacionada a bons hábitos alimentares, bom sono, hábitos de higiene corporal e bucal. A saúde e a qualidade de vida são o que se busca com o tratamento odontológico”, conclui.

Fique de olho

Mau hálito

» O que é?

O mau hálito é uma condição anormal do hálito que se altera de forma desagradável. No Brasil, pesquisas realizadas revelam que aproximadamente 30% da população sofre com esse problema, cerca de 50 milhões de pessoas. A halitose não é uma doença, mas pode denunciar a ocorrência de alguma patologia ou problema de saúde. Entretanto, pode também sinalizar alguma alteração fisiológica. Sendo assim, é um sinal de que algo no organismo está em desequilíbrio, devendo ser identificado através de um correto diagnóstico e tratado adequadamente quando o problema se torna crônico.

» Causas: Pode ser de origem fisiológica (hálito da manhã, jejum prolongado, dietas descontroladas ou hábitos ou alimentação inadequada), devido a razões locais, como má higiene bucal, placas bacterianas retidas na língua ou amígdalas, baixa produção de saliva, doenças da gengiva, problemas em vias aéreas, como adenoides, rinites e sinusites, estresse ou mesmo por razões sistêmicas, entre elas diabetes, problemas renais ou hepáticos, prisão de ventre acentuada e outros. O uso excessivo de medicações, fatores como o fumo, drogas, uso de bebidas alcoólicas e a utilização de soluções para bochecho com álcool na composição também são fatores que podem comprometer o hálito.

Fonte: Associação Brasileira de Halitose

Quadro de doenças bucais comuns ao envelhecimento

» Bruxismo: É um desgaste por atrição, que altera o formato e o encaixe dos dentes. A doença pode levar a dores nos dentes e músculos, fratura de dentes, e de dificuldade na mastigação de alimentos duros. Entre os sintomas estão dentes com aspecto de desgastados, menores, ranger de dentes, músculos da mandíbula apertados ou doloridos e dores de cabeça.

» Periodontite: É uma doença que acomete os tecidos de suporte dos dentes. Geralmente é silenciosa, sem dor, o que pode resultar em um diagnóstico tardio. É causada pelo acúmulo de placa bacteriana e tártaro ao redor dos dentes e, se não tratada logo no início, pode levar à perda óssea e até à perda dos dentes. Os sintomas mais frequentes são alteração na posição dos dentes e mobilidade dentária. Nem sempre ocorrem dores ou sangramento gengival.

» Cárie dentária: Sua ocorrência, em idosos, está ligada à dificuldade motora que, muitas vezes, acomete a população da terceira idade, resultando em uma higiene bucal menos efetiva, e ao fato de os idosos tenderem a ter menos saliva, naturalmente ou por medicamentos. A cárie nas raízes dos dentes ocorre mais em idosos, pois há uma maior frequência de recessões gengivais nesta fase da vida. A cárie pode alterar a mastigação pela dor que pode causar, mas nem sempre ocorrem sintomas.

» Doença oclusal: Ocorre quando o encaixe entre os dentes de cima com os de baixo durante a mastigação não está perfeito, de forma que sobrecarrega alguns dentes. Isso pode acarretar dor nos dentes, nos músculos da face, pescoço e cabeça e na ATM (articulação temporomandibular, entre a mandíbula e a base do crânio, em frente ao ouvido) durante a mastigação ou mesmo sem nenhum estímulo. Os maiores sinais são desgastes dentários e a alteração na posição dos dentes.

Fonte: Renata Rabelo Amorim, cirurgiã-dentista especialista em periodontia e implantodontia da Vitácea Odontologia e Estética