Cientistas desenvolvem a primeira pílula eletrônica

EUA aprovam venda de comprimido digital rastreável capaz de informar se o paciente ingeriu omedicamento. Tratamento é destinado a portadores de esquizofrenia e transtorno bipolar

21/11/2017 13:52
Proteus Digital Health/Divulgação
(foto: Proteus Digital Health/Divulgação)

Washington -
As autoridades federais americanas autorizaram a comercialização do primeiro comprimido eletrônico, capaz de indicar seopaciente tomou o remédio e quando tomou. Um sensor inserido na pílula emite um sinal que permite determinar a hora e a data em que ela foi ingerida, informou em comunicado a Administração de Medicamentos e Alimentos (FDA, na sigla eminglês). Esse sistema de rastreamento foi autorizado para um tratamento contra a esquizofrenia, manias agudas e trastorno bipolar. Trata-se do aripiprazol, comercializado sob o nome de Abilify desde 2002. A versão eletrônica se chama Abilify MyCite. O sensor acoplado à pílula é do tamanho de um grão de areia e é feito de materiais encontrados na comida - sendo, dessa maneira, absorvidos pelo corpo.

Uma vez ingerida a pílula, seu sensor, composto de cobre e silício, emite um sinal elétrico ao entrar em contato com os líquidos do estômago. Depois de alguns minutos, esse impulso elétrico é captado por uma espécie de adesivo colocado no tórax. O adesivo, que deve ser substituído toda semana, transmite, então, a informação para um aplicativo que permite aos pacientes comprovarem a ingestão do medicamento em seu celular. Os pacientes também podem permitir o acesso de seus médicos ao sistema através de um site.

“É possível rastrear a ingestão de medicamentos receitados, o que pode ser útil para pessoas com enfermidades mentais”, afirmou o doutor Mitchell Mathis, diretor da divisão de tratamentos psiquiátricos do Centro de Pesquisa e Avaliação de Medicamentos da FDA. Mas a FDA assinala que esse sistema de rastreamento ainda não demonstrou capacidade de melhorar a ingestão regular de medicamentos.

O Abilify MyCite é comercializado pelo grupo farmacêutico japonês Otsuka Pharmaceutical Co., enquanto que o sensor e o adesivo são fabricados pela americana Proteus Digital Health. As duas empresas informaram que, primeiramente, o sistema só será utilizado em um grupo pequeno de médicos e pacientes.

PRIVACIDADE

O FDA alerta, no entanto, que o medicamento não deve ser usado para rastrear a ingestão de drogas em tempo real porque pode haver um atraso na disponibilidade da informação.

Pelo mesmo motivo, a tecnologia não deve ser usada para rastreamento em situações de emergência ou em outras circunstâncias em que as informações precisam estar disponíveis rapidamente.

Após a aprovação, a imprensa americana tem levantado questões relacionadas à privacidade de pacientes - já que, uma vez disponíveis na rede, fortes mecanismos de segurança devem ser desenvolvidos para garantir que os dados só sejam usados em situações relacionadas aos motivos pelos quais a tecnologia foi aprovada.

Sobre o medicamento, o FDA reforça que ele não é indicado para a demência e não há a avaliação da efetividade da droga em pacientes pediátricos. Um outro ponto é que, se associado ao uso de antidepressivos, a droga pode induzir o surgimento de pensamentos suicidas.