Belo Horizonte tem oferta ampla de escolas de dança que recebem alunos de várias idades

Modalidades típicas de outras culturas, clássicas ou de salão convidam à prática que une exercício físico, relaxamento e prazer

por Laura Valente 13/11/2017 12:13

Ramon Lisboa/EM/D.A Press
A psicóloga Nadja Curvelo percebeu que está mais segura com a dança e em paz com ela própria (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Se desse um giro pela oferta das escolas de dança de BH, o músico Dorival Caymmi, autor do verso “quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Ou é ruim da cabeça, ou doente do pé (Samba da minha terra)”, ficaria orgulhoso. Aqui, não apenas o famoso ritmo faz muita gente balançar o esqueleto. Há, também, quem pratique flamenco, dança do ventre, indiana, cigana, de salão, balé, jazz e muitas outras modalidades.

Quem ensina e pratica afirma que a atividade plural trabalha e traz benefícios para corpo, mente e espírito, que tem a capacidade de transformar o cotidiano das pessoas por meio do autoconhecimento, da socialização, do resgate da autoestima. Reduz o estresse, provoca emoção, libera energias. A seguir, um apanhado da cena que convida a bailar dançarinos contumazes e estreantes, de ambos os sexos, diversas faixas etárias e variados estilos. Ficar parado pra quê?

“Sempre gostei de dança flamenca, mas apenas no ano passado, aos 44 anos, em meio a um problema pessoal, vi que precisava cuidar de mim e decidi me matricular em uma escola. Hoje, sou apaixonada e quero praticar até ficar bem velhinha”, conta a psicóloga Nadja Curvelo. Apesar da inexperiência, ela diz que pegou as lições com facilidade e já está indo para a terceira apresentação de uma coreografia completa, aprendida nas aulas semanais de 1h30min que frequentou no último semestre. “Com a dança, percebi que estou mais segura do meu corpo exterior e interior, em paz comigo mesma. É um processo que faz bem pro físico e pra alma”, reforça.

Nadja é aluna da Soleá, escola fundada na cidade há 21 anos por Reginaldo Jimenez. Diretor, coreógrafo, professor e bailador de flamenco, como se apresenta, ele afirma viver do ramo há quase três décadas. “Já dancei em uma companhia andaluza e fui à Espanha 51 vezes para fazer cursos e participar das bienais”, conta. O que aprende lá, traz para BH. “As principais características da dança flamenca são o sapateado e as palmas. Na verdade, é uma modalidade que mistura origens ciganas e indianas, além de influência árabe, povo que viveu na Espanha por mais de 800 anos.” Entre os movimentos, o professor destaca os braceos (em que usamos os braços e desenvolvemos sapateados, cujos nomes definimos como tacon, planta golpe e punta) e entre os principais passos chamada, arrematecierre e salida. Também o vestuário chama a atenção e traz um clima sedutor para a modalidade. “Mulheres vestem roupas de bolas e babados, xales e mantons, usam leques e castanholas e se enfeitam com acessórios de flores. Para os homens bita, terno colete e panuelos”, destaca.

Para a saúde de corpo e da alma, Jimenez ressalta que a dança responde por melhoras em aspectos como autoestima, coordenação motora, equilíbrio, força, concentração e ressalta alguns plus, como aumento da libido e da capacidade de memória, além de aspectos físicos como trabalhar a musculatura (principalmente de regiões como glúteos, bíceps e panturrilha), entre outros. “É uma dança completa, levanta a autoestima, trabalha a postura, promove emagrecimento, traz confiança. Cultural e alegre, é indicada para pessoas de todas as idades e sexos, pois promove só o bem: o praticante faz novos amigos, aprende uma nova língua, conhece seu corpo por inteiro. Melhora a qualidade de vida”, destaca.

A dois, a sós, em grupos: dançar só faz bem
Modalidades de salão envolvem os alunos com oferta de ritmos clássicos e atuais, assim como academia de balé. Além de aulas coletivas e individuais, escolas promovem bailes e apresentações em BH e em outras cidades

Jair Amaral/EM/D.A Press
Casados há 36 anos, Walter Figueiredo, de 72, e Ilza Figueiredo, de 64, entraram na dança de salão em busca de uma alternativa para fugir da rotina e logo se encantaram pelos benefícios da prática (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
“Começamos a dançar há 20 anos e queremos seguir até sempre”, afirmam Walter Figueiredo, de 72 anos, engenheiro eletricista aposentado, e Ilza Figueiredo, de 64, secretária-executiva aposentada. Casados há 36 anos, eles entraram na dança de salão em busca de uma alternativa para fugir da rotina e logo se encantaram pelos benefícios da prática. “Nos víamos absorvidos na rotina do dia a dia, consumidos em problemas quando partimos para um momento nosso, algo que fizéssemos juntos. De lá para cá, nunca mais paramos e nem pretendemos parar”, conta ele.

O casal frequenta semanalmente a Mimulus Cia de Dança, escola em que realizam aulas em turma, individuais e integram o Gente grande, grupo de alunos que treina coreografias e se apresenta junto. “Atualmente, dançamos valsa, bolero, swing soltinho, forró e fox, visando a apresentação coletiva em 2 de dezembro”, destaca. Motivo de embalo extra para o casal foi a entrada da filha, Taís, na academia, atividade que a ajuda a superar alguns problemas de saúde resultantes de sequela de uma meningite infantil. “Descobrimos que a dança de salão vai muito além da mecânica dos passos e diferentes ritmos, representando a oportunidade de desenvolver valores como respeito, cumplicidade, tolerância, companheirismo. Na dança, nos deparamos com os nossos limites e os dos outros, aprendemos a aceitá-los e nos desafiamos a ultrapassá-los. Realmente é o que nos levou a apaixonar e a querer praticar até a velhice”, discorre Walter. A mulher concorda. “Desenvolvemos amizades muito bacanas, experimentamos momentos de alegria, descontração e, quando dançamos, esquecemos os problemas, vivemos um momento só nosso”, afirma Ilza.

Idealizador da escola fundada em 1990, Jomar Mesquita destaca a Mimulus como a primeira academia especializada no ensino da dança de salão no estado. “Na época, meus pais, Baby e João Batista Mesquita, dançavam como hobby, mas eram tão apaixonados pela prática que decidiram levá-la para mais pessoas. Hoje, além da escola que ensina gêneros da dança de salão como bolero, samba, soltinho, roda de cassino, zouk, tango, valsa e outros, temos uma companhia de dança que faz apresentações em todo o país.”

Jomar revela que mimulus é a “planta da coragem”, citando inúmeros benefícios que a prática da dança promove para corpo e alma. “Trabalha a desinibição, traz alegria, melhora a autoestima. De maneira geral, promove a socialização, a capacidade sensitiva (pois o par se comunica por meio de sinais), melhora a concentração e instiga a criatividade e o desejo de superar limites. Fora que é um exercício físico de baixo impacto, muito recomendado por estar associado ao prazer”, explica. O coreógrafo cita ainda que a escola está aberta para pessoas de todas as idades e lembra que a dança é uma modalidade democrática, que não exige pré-requisitos do iniciante e pode ser trabalhada de forma mais complexa ou mais simples, de acordo com o desejo do dançarino.

Baile nos salões

Também veterana na cidade, a Academia Pé de Valsa é famosa por congregar, por meio da dança de salão, alunos com faixa etária que vai dos 14 aos 90 anos ou mais. “Ministramos aulas coletivas e individuais desde 1991, tempo em que não existiam aulas coletivas em BH, e pensei que agrupar seria a melhor maneira de o público da dança fazer novas amizades”, ressalta Leonardo Wenceslau, coreógrafo e proprietário da escola. “Assim, inspirado no legado do Mestre Jaime Arôxa, do Rio de Janeiro, comecei a trabalhar a dança de salão com forma de lazer, exercício e socialização.”

Logo, os alunos chegaram e, hoje, a academia promove aulas coletivas e individuais de “todos os ritmos que se dançam a dois”, como diz, incluindo aí bolero, samba de gafieira, salsa, forró, rock, bachata (um bolero híbrido), tango e valsa, entre outros. O professor reafirma que pessoas de todas as idades são bem-vindas, e lembra que elas também aprendem noções de musicalidade e consciência corporal. Há, ainda, a oferta de aula particular e de ajudantes para alunos que demonstram dificuldade no aprendizado. “Sou um profissional convencido de que a dança é uma atividade que traz como principal peculiaridade unir exercício e prazer, pois auxilia na diminuição do estresse, de dores musculares, e previne problemas posturais. Também aumenta o gasto calórico, estimula a autoconfiança e melhora a socialização entre as pessoas. Favorece o desempenho cognitivo e, além disso, pode funcionar como agente terapêutico, repercutindo positivamente no controle das patologias e, principalmente, melhorando a qualidade de vida.”

Xô, depressão!

Escola que ensina clássicos da dança como o balé e o jazz, a Compasso Academia de Dança começou as atividades em 1978, como conta a fundadora e sócia, Lucia Maria de Paiva Vieira. “Comecei o balé clássico aos 9 anos, aos 14 entrei para o corpo de baile da companhia do Palácio da Artes. Eu e a Maria Victória Alvim fomos convidadas a participar e depois assumimos a Compasso. Lá atrás, a escola oferecia aulas para turmas infantis de grupo amador e profissional, além de adultos, público inicialmente, formado por ex-bailarinos, perfil que vem mudando nos últimos cinco anos, abrangendo também pessoas que nunca dançaram”, diz.

Hoje, a escola forma turmas de balé clássico, jazz e dança contemporânea para alunos com idade entre 30 e mais de 70 anos. “A dança contribui para perder peso e trabalhar os músculos, em algumas modalidades é possível gastar até 700kcal/hora e ter um corpo modelado e definido. Também aumenta a circulação sanguínea e faz bem ao coração, estimula a capacidade respiratória e, consequentemente, o condicionamento físico. Ainda trabalha a força muscular como um todo, o que ajuda a evitar a perda óssea (osteoporose) e reduz as dores corporais”, detalha.

Lucia ainda cita benefícios para a postura e lembra que a prática também combate a depressão “graças à capacidade de ligar o corpo, a mente e o espírito”. “A dança libera serotonina e endorfina (neurotransmissores do prazer) e, além do benefício físico, traz paz interior, mexe bastante com o emocional, coloca sentimentos para fora. Alguns alunos acabam até trocando a terapia pela dança”, afirma.

Giro pelo mundo em passos e ritmos
Danças típicas levam ao conhecimento de outras culturas. Especialistas "importam" modalidades e ritmos ancestrais e mostram que benefícios da prática rompem fronteiras tempo-espaciais

Amanda Ferreira (Especial para o EM) e Laura Valente


O ambiente da sala e o som da música fazem qualquer um esquecer o mundo agitado lá fora. Muito brilho, saias longas, rendas e babados embelezam as bailarinas e caracterizam a dança do ventre. Oito Maya, básico egípcio, shimmy de barriga e batidas de quadril parecem passos impossíveis para quem vê de longe. De perto, a simplicidade e a sensualidade deixam qualquer um boquiaberto. Mas o bailado com ritmo especial envolve muito mais do que isso - o ambiente é de autoconhecimento, aceitação e, acima de tudo, amizade.

Edward Felix/Divulgação
O Estúdio Brigitte Bacha trabalha com danças do ventre, indiana e cigana (foto: Edward Felix/Divulgação)

Além de reacender a feminilidade, a dança traz inúmeros benefícios para a saúde, que são, aos poucos, percebidos no dia a dia fora do estúdio. De acordo com a coreógrafa, bailarina e professora Shalimar Mattar, a mulher brasileira tende a ter afinidade com a dança do ventre por conta do gingado. “Existem muitas semelhanças com os ritmos brasileiros, principalmente na parte percussiva, assim como o destaque para os movimentos dos quadris, a energia da dança e, sobretudo, a valorização do estilo pessoal da dançarina. Nessas duas modalidades o mais importante é exteriorizar sua essência”, explica.

Em 2003, Danila Ferreira, hoje com 36 anos, arquiteta, conheceu a dança do ventre por meio da novela O clone, cujo enredo se passava no Oriente. Curiosa, soube que havia em BH uma academia especializada e chamou um grupo de amigas para fazer aula experimental. Foi arrebatada, como diz, e pratica desde então, três vezes na semana ou até seis, em vésperas de festival. “Sou apaixonada, danço ininterruptamente há 14 anos e pretendo dançar até ficar velhinha pois a dança me faz um bem enorme.”

Profissional que vive uma rotina de trabalho estressante, “correndo atrás do tempo”, como caracteriza, Danila conta que encontrou na dança um momento para relaxar. “Não é como praticar um esporte, o que sempre fiz, mas na dança encontrei a oportunidade de trabalhar o lado feminino, a leveza, a sensualidade. Assim, a modalidade trabalha principalmente meu equilíbrio, é onde me entrego, relaxo, divirto, encontro pessoas. A dança do ventre faz parte da minha vida e quero que o faça para sempre”, diz.

PRECURSORA

Professora da arquiteta, Brigitte Bacha é libanesa da gema, e foi uma das precursoras em trazer a modalidade para Belo Horizonte, assim como as danças folclóricas libanesa, cigana e indiana. “A dança oriental é uma das mais antigas do mundo, cujas origens são atribuídas a várias culturas como a fenícia, a núbia, a indiana e principalmente a egípcia, em que a dança consistia em um ritual praticado por sacerdotisas”, conta. Ela diz ainda que o nome dança do ventre começou a ser utilizado no século 19 pelos europeus que viajavam aos países exóticos em busca de novas culturas e que, assim, a modalidade ganhou o mundo.

Edward Felix/Divulgação
A dança do ventre contribui para o bom funcionamento dos sistemas digestórios e cardiovascular, e fortalece tanto o assoalho pélvico quanto a musculatura do períneo (foto: Edward Felix/Divulgação)

Entre os motivos para tal empatia, o fato de a dança ser extremamente rica: existem inúmeras formas de executá-la, em diferentes tipos de músicas. “Temos a dança tradicional, a rotina clássica, moderna e algumas fusões. Podemos utilizar uma série de materiais, como lenços e espadas, o que torna tudo ainda mais interessante”, reforça Shalimar.

Os movimentos tremidos, circulares e ondulatórios executados com o quadril, abdômen e braços expressam toda a sensualidade das bailarinas. Além de ser uma ótima atividade aeróbica, contribui para o funcionamento do sistema digestório, cardiovascular e fortalece tanto o assoalho pélvico quanto a musculatura do períneo. “A atividade tonifica os músculos, promovendo o alongamento. Apesar de ser uma dança, trabalhamos desde a pontinha do pé até a cabeça”, diz a professora.

Saúde e bem-estar

Muitas bailarinas e estudantes da dança do ventre, segundo a professora, começaram por recomendação de um psicólogo, clínico geral e até mesmo ginecologista. Os benefícios são tantos para o corpo, que atingem o emocional: quem chega para dançar se sente em um local feliz, aconchegante e aprende a se aceitar. “Estamos na dança para aprender técnicas, não para reparar na estética dos nossos corpos”, garante a empresária Paula Jibrin, de 35 anos, uma das alunas e também professora da Dalilah Companhia de Dança do Ventre, atual Marhaba.

De família árabe, a moça não levava a sério o talento para a dança até o momento em que foi convidada por sua professora para fazer parte da companhia. “Lido com homens o tempo todo, por conta do meu trabalho. Aqui, é o meu momento de ser mulher, de olhar mais para dentro de mim.” Para Paula, basta colocar os pés dentro da academia de dança para deixar de lado todos os problemas. E é só acompanhar o início de uma aula para entender que ela está certa: a integração e o sentimento de carinho entre as dançarinas garantem leveza ao aprendizado.

A também arquiteta Taisa Braga, de 30, procurou a companhia depois do primeiro contato com a cultura, em uma viagem aos Emirados Árabes. Encantada com a sensualidade da dança, logo percebeu que se apaixonaria ainda mais. “É uma dança bonita, mas não é vulgar, apesar de mostrar o corpo. É uma terapia. É um dia da semana que tiro para olhar para mim”, revela. Há um ano a arquiteta convive com o que, para ela, é uma forma de arte.

Quem concorda com Taisa é Dalilah Lopes, professora de dança há 18 anos. Segundo ela, a dança do ventre é algo que vive no inconsciente coletivo tanto de homens quanto de mulheres e contribui para a expressão individual. “É uma arte milenar que devolve à mulher a autoestima, o autoconhecimento e a feminilidade. É sobre ser quem você é e expressar, na dança, como você vê o mundo. É um resgate para nos sentirmos realmente empoderadas”, afirma. A professora conta que recebe alunas das mais variadas idades e que não existe nenhum limite para dançar: tudo é adaptável.

DIVERSIDADE

Para as crianças, uma aula mais lúdica aborda os conceitos da dança e movimenta o corpo. Para os demais, esse conceito é trabalhado junto ao autoconhecimento. “O mais incrível é ver meninas se desenvolvendo perto de tanta diversidade, histórias incríveis de vivência e diferentes classes sociais. A dança do ventre une todas nós. A minha aluna mais jovem tem 72 anos”, brinca. Dalilah garante que é apenas com expressão que a dança pode alcançar sua plenitude.

Há oito anos, a dança do ventre ajudou a professora Mahira Khawalla, de 25, a se reencontrar. Desde então, os dias dela são divididos entre a sala de aula e a academia de dança. Lá, como aluna e também como professora, desenvolveu confiança e fez amizades muito especiais. “Tenho um pouco de dificuldade de ver toda essa sensualidade envolvida. Para mim, é sobre olhar no espelho e enxergar quem realmente sou.” O ritmo e a paixão fazem com que ela pratique todos os dias, em casa, e duas vezes por semana, na academia de dança.

De acordo com Mahira, a dança do ventre a ajudou a treinar os ouvidos para o diferente, trabalhar o corpo e traduzir a música. “É isso que me chama para a dança: sentir a música e colocá-la para fora.” Para professoras e alunas, o cenário é de união. “Como é uma manifestação cultural, acaba agregando conhecimento e nos deixando mais próximos uns dos outros. Cada um tem seu espaço, a sua dança”, garante Mahira. Indicação é o que não falta: independentemente de idade, altura ou peso. Basta querer aprender e estar aberta a todos os pontos positivos da dança.

Outros estilos

Dança cigana

“Não se sabe ao certo a origem da dança cigana, mas afirma-se que é uma das formas mais antigas do mundo”, revelam, em coro, Soraia Becho e Trizz Andrade, professoras da modalidade no Estúdio Brigitte Bacha, escola especializada ainda nas danças indiana e do ventre. “Ela surgiu no meio popular entre os povos romani ou ciganos, e também povos originários do Noroeste da Índia que realizaram diferentes ondas migratórias entre os séculos 5 e 15, espalhando-se principalmente pela Europa, Norte da África e Oriente Médio. Por serem nômades, ao longo do tempo, os ciganos foram incorporando à sua dança elementos e influências de vários lugares e culturas como espanhola, hindu, árabe e russa, o que se observa em melodias, instrumentos musicais e movimentação corporal.”

Os ritmos, contam, contemplam as seguidillas e a rumba, do flamenco, e o baladi, da dança árabe. Elas detalham que os instrumentos mais utilizados são violinos, violões, acordeons, címbalos e pandeiros, além de palmas das mãos e batidas dos pés. As habilidades são giros, manejo das mãos e o sapatear com movimentos sincronizados que tornam a dança magnífica e muito elegante. No entanto, há espaço para a improvisação. A descontração e a expressividade são trabalhadas e tidas como fundamentais. A postura com intensa sensualidade também é uma característica marcante da dança cigana.

Outro ponto marcante é a sensualidade e o poder do feminino trabalhados na dança cigana, apontada como uma atividade física benéfica para o corpo e a mente. O público é irrestrito já que a dança cigana não carrega estereótipos ou demanda características corporais específicas para a prática. “Pessoas interessadas em dançar com movimentos alegres, liberdade de expressão, paixão e descontração se sentirão bem com a prática da dança cigana. Ela está na nossa alma, expressa luz, amor e alegria. Dança-se por prazer”, convidam.

Dança indiana

Especialista em dança indiana (também oferecida no Estúdio Brigitte Bacha), Débora Saviotti conta que a modalidade tem origem clássica, devocional, e era usual, primariamente, em templos até que foi incorporada ao entretenimento, quando ganhou outros estilos, como o conhecido como Bollywood. “Esse vem dos filmes musicais da indústria cinematográfica indiana”, diz.

Na prática, a dança segue a música clássica indiana, além de referências do estilo Bollywood com influências de ritmos como jazz, pop, baladas, entre outros. “Os principais movimentos são as batidas de pés que marcam o ritmo (tala) e os movimentos das mãos, chamadas de hastes mudras, dos olhos e da cabeça.” Entre os benefícios da prática, Débora ressalta a tomada de consciência corporal, além de flexibilidade e alongamento. “Focamos ainda na compreensão da própria forma de andar, com uma postura mais anatômica e confortável, da maneira de interagir com o ambiente, apresentando consciência espacial e da própria saúde do corpo, pois é uma dança que trabalha diversos músculos, principalmente das pernas, dos olhos e das mãos. Também há um trabalho de respiração, com foco na emoção e liberação de energias e sensações. Com isso, trabalhamos o autoconhecimento corporal e o subjetivo, a melhoria da autoestima e da autoconfiança”, explica.