As mensagens que carregamos para sempre na pele: veja histórias

Desenhar na pele é uma expressão cultural milenar. Além de preservarem significados pessoais, algumas tatuagens escondem motivações bem inusitadas

por Revista do CB 08/12/2016 15:00
Há quem acredite que elas estejam se popularizando só agora. Mas a verdade é que a tatuagem está presente na cultura há bem mais tempo. Os primeiros indícios datam de mais de 5 mil anos atrás. É verdade que as tatuagens já foram um meio de identificar bandidos, mas também há indícios de uso para fins terapêuticos e para afugentar inimigos. Sobretudo, a técnica está presente na tradição de várias etnias indígenas.

Carlos Vieira/CB/D.A Press
Adalberto Sampaio (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
Nos últimos anos, porém, os estilos, os traços e os equipamentos mudaram muito. Se antes as tintas deixavam a desejar, os traços eram grossos e os estilos mais agressivos, hoje, já podemos encontrar desenhos feitos com técnica de aquarela, pontilhismo e minimalismo. O mercado se expandiu, a clientela também. Algumas pessoas passam meses decidindo uma tatuagem. Mas nem sempre é assim. Aliás, esse é um universo que coleciona algumas histórias inusitadas de pessoas que decidiram marcar a pele de maneira definitiva.

CORAGEM DE INICIANTE
É o caso do estudante de publicidade Adalberto Sampaio, 22 anos. Adalberto conta que sua primeira marca foi feita em um workshop sobre tatuagem de cadeia, em um evento de publicidade. “Tínhamos a missão de criar uma máquina de tatuagem de presídio. O grupo que fizesse a melhor poderia escolher alguém para tatuar e ser tatuado. Ganhamos e fui ser tatuado, pois era o único do grupo que não tinha nenhuma. A ideia era escrever ‘Amor só de mãe’ no braço, uma tatuagem bem popular em presídios. Meu amigo começou a tatuar, mas é bem mais difícil do que se imagina e ele estava demorando muito. Então acabamos tatuando só o A e o D” conta.

Algumas pessoas entrariam em pânico só de se imaginar em uma situação como essa. Principalmente sendo a primeira tatuagem. Mas o estudante não parou por aí. Quase um ano depois, Sampaio recebeu a proposta de ser cobaia de um amigo que estava começando no ramo. A experiência resultou em duas tatuagens no braço. Uma delas teve que cobrir depois, pois ainda não estava do seu gosto. Mas, perguntado se repetiria a experiência, é bem direto: “Avaliaria melhor, mas faria sim. É uma experiência recompensadora. Você está ajudando a pessoa. Ela vai sempre se lembrar de você como um dos primeiros”.

Carlos Vieira/CB/D.A Press
Taiane Lauteres (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

SALVA POR UM TRIZ
Foi durante a Copa do Mundo, por causa de uma aposta, depois de uma boa quantidade de álcool, que Taiane Lauteres, 21 anos, fez sua primeira tatuagem. O jogo era Brasil x Alemanha, e a aposta era clara: se o Brasil perdesse, ela desenharia no corpo uma bandeira alemã. O resultado não poderia ser pior para os torcedores brasileiros nem para a estudante de direito. Com o placar de 7x1, Taiane se preparava para se tatuar, mas a ideia era fazer isso na sola do pé. Porém, por ser uma área de muito atrito, sairia fácil, o tatuador se recusou. “Disse que era uma área que doía muito e não faria. Então, pude escolher outro desenho e local do meu gosto. Escolhi um com significado para mim e fiz no tornozelo”, diz ela, salva pelo bom-senso do profissional.

Allan Peterson de Thuin / Divulgação
Hanna Thuin (foto: Allan Peterson de Thuin / Divulgação)
EXPERIÊNCIA COMPARTILHADA
Hanna Thuin, 24 anos, ganhou uma tatuagem com um profissional renomado jogando par ou ímpar em um happy hour. Era uma promoção de uma festa. Enquanto ela era tatuada, as pessoas assistiam ao processo, projetado nas paredes do evento. “Foi uma experiência estranha. Estava meio anestesiada, acho que pelo ar-condicionado. Era meio estranho as pessoas me observando pela janela do estúdio improvisado” relembra. Decidiu o desenho que faria na costela um dia antes da festa. “Entreguei um poema que falava sobre mar, as ondas quebrando e tudo isso no reflexo dos olhos”, relembra. “Eu só tinha definido o lugar. O resto foi surpresa”.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
As irmãs Juliana e Nyrna Martinelli (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

EM FAMÍLIA
A experiência em família foi motivada por uma separação. Juliana Martinelli, 24 anos, conta que o pai teve de ir para Minas Gerais por causa do trabalho. Enquanto isso, as outras duas irmãs, Raiza, 26, e Myrna, 21, se mudaram também. As irmãs que sempre tiveram forte o sentimento de família decidiram eternizar na pele esse sentimento. “Foi no Brasília Tattoo Festival do ano passado. Minha mãe foi com a gente, meio que para dar apoio moral”. Todas tatuariam a mesma palavra: Sorela, que significa “irmã” em italiano. Juliana relembra que estavam terminando de tatuar quando a mãe decidiu que faria também. Como as filhas haviam tatuado irmã em italiano então a decisão da mãe, Cíntia, foi tatuar “família”, também em italiano, que ficaria Famiglia. “Na hora, não conseguia pensar em muita coisa. Fiquei emocionada com a espontaneidade dela”, conta Raiza.