Nova técnica mata células resistentes da leucemia

Leucemia linfoblástica aguda é o tipo de câncer infantil mais comum no mundo

por Correio Braziliense 24/05/2016 15:25
Gabriela Acklin / Divulgação
A leucemia linfoblástica é o câncer que mais acomete as crianças do mundo (foto: Gabriela Acklin / Divulgação )
A leucemia linfoblástica aguda é o tipo de câncer infantil mais comum no mundo. Apesar da quimioterapia intensiva, um quinto dos pacientes sofrerá relapso, o que, geralmente, indica um prognóstico ruim. Agora, pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, e do Hospital Infantil de Zurique descobriram uma forma de matar as células doentes resistentes: via necroptose.

As drogas quimioterápicas tradicionais desencadeiam um processo de suicídio celular, chamado apoptose, nas linhagens cancerosas. Todas as células do corpo têm esse mecanismo, que é ativado assim que uma delas sofre um dano grave. Diariamente, milhões de células morrem naturalmente pelo processo apoptótico, algo crucial para que o corpo funcione normalmente. Contudo, as células tumorais encontram meios de transtornar esse balanço entre sobrevivência e morte. Apesar dos medicamentos agressivos, elas conseguem suprimir a apoptose, o que as deixa resistentes ao tratamento.

“Nossa pesquisa revela que a necroptose, um programa alternativo de morte celular, pode ser ativada nas células humanas de leucemia. Isso mata mesmo aquelas células que mal respondem à quimioterapia”, conta Jean-Pierre Bourquin, um dos autores do trabalho, publicado na Science Translational Medicine. Ele explica que a enzima RIP1 kinase é uma das maiores responsáveis por regular a necroptose. A RIP1controla mecanismos moleculares que governam se uma célula vive ou morre. Os pesquisadores identificaram substâncias que ativam essa enzima, suprimindo a substância que a inibe.

Para testar a eficácia dessas substâncias, chamadas mimetizadoras SMAC, o grupo usou ratos com células de leucemia humanas. Os cientistas mostraram que um terço das células resistentes à quimioterapia é extremamente sensível às SMAC e acaba morrendo. Em seguida, os pesquisadores lançaram mão do Crisp, o método de edição genômica, e descobriram que tanto a apoptose quanto a necroptose dependem da RIP1 kinase.

Por isso, para fazer as células serem resistentes, precisa-se desativar os genes associados à apoptose e à necroptose. Da mesma forma, a ativação simultânea de ambos os mecanismos nas células cancerosas é o segredo para matá-las. “As mimetizadoras SMAC têm grande potencial de eliminar células leucêmicas em pacientes que são resistentes às drogas quimioterápicas estabelecidas”, diz Robenhausiense. Agora, os pesquisadores buscam biomarcadores que ajudem a identificar os pacientes que poderão se beneficiar do tratamento com as SMAC em testes clínicos.