Hospital de BH realiza neste mês mutirão para prevenção do câncer de intestino

Também conhecido por câncer de cólon ou colorretal, o câncer de intestino é considerado o terceiro tipo de tumor mais comum no mundo

por Carolina Cotta 05/05/2016 11:38
Marcos Vieira/EM/D.A Press - 14/5/13
A médica Hilma Nogueira explica que sintomas de um possível câncer são discretos e passam despercebidos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 14/5/13)
Colonoscopia em tempo recorde. O anúncio não é de um novo método, mas sim da união de esforços para agilizar a realização do exame capaz de detectar e, principalmente, prevenir o câncer de intestino. Durante o mês de maio, o Serviço de Coloproctologia do Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, abrirá suas portas com a 2ª Campanha de Prevenção do Câncer de Intestino. O objetivo é informar, conscientizar e esclarecer que o câncer de intestino tem cura e pode ser prevenido com a colonoscopia, mas principalmente de facilitar a realização do exame, que exige de dois a três meses de espera do agendamento até a entrega dos resultados. Isso porque a colonoscopia exige uma consulta com o coloproctologista e uma avaliação com o anestesista antes que o exame em si seja realizado.

Para facilitar, o hospital vai oferecer consultas noturnas, entre as 18h e as 21h, para convênios do hospital e particulares a preços acessíveis. Primeiro, o paciente passará por um checape proctológico, com a realização do exame do reto, para o qual há um preparo, explicado durante a marcação da consulta por telefone. Se for necessário, será encaminhado para o colonoscopista, na sala ao lado, quando receberá as orientações do preparo desse exame e sairá com ele agendado. Na sala seguinte, passará por um anestesista para avaliação dos riscos do procedimento. “Esse processo levaria até três meses, mas na campanha será feito em apenas uma noite. As três consultas juntas custarão R$ 350, preço de uma única consulta particular no mercado”, explica a coordenadora da campanha e do Serviço de Coloproctologia do Hospital Madre Teresa, Hilma Nogueira da Gama, que está preocupada com o aumento da incidência desse tipo de câncer em pacientes cada vez mais jovens.

Também conhecido por câncer de cólon ou colorretal, o câncer de intestino é considerado o terceiro tipo de tumor mais comum no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2016, mais de 34 mil pessoas desenvolverão o câncer de intestino. A prevenção começa com o exame de colonoscopia para rastreio de pólipos, que antecedem o tumor. A realização do exame deve começar a partir dos 50 anos, tanto para homens quanto para mulheres, mas pessoas com casos na família devem começar a realizá-lo mais cedo. Ele também é indicado antes dos 50 em casos de sangramentos pelo ânus. Daí a importância de as pessoas observarem suas fezes e dar importância aos sangramentos, sempre um sinal de que algo não vai bem.

Sangramento intestinal pode ser causado por diversos fatores, incluindo câncer. Pacientes frequentemente erram ao atribuir o sangramento intestinal apenas a hemorroidas. Quando o sangramento cessa, os pacientes geralmente não procuram atendimento médico. Pólipos e câncer podem sangrar intermitentemente, logo um episódio de sangramento intestinal pode ser o primeiro sinal de câncer de intestino. “Portanto, sangramento retal deve ser sempre avaliado cuidadosamente para excluir o câncer. Queremos que todos saibam que o câncer de intestino é curável na sua fase inicial em 100% dos casos e que pode ser evitado com exame do reto e colonoscopia”, diz Hilma.

A ORIGEM
O câncer de intestino começa de um pólipo, uma espécie de verruga que aparece no intestino e leva de cinco a 10 anos até virar um câncer. Segundo Hilma Nogueira, ainda não se sabe por que os pólipos se desenvolvem. “Algumas pessoas têm histórias de pólipos na família, mas a maioria não tem”, diz. Fazendo a prevenção, por meio do exame, a pessoa terá seu intestino examinado e, se houver pólipos, eles serão retirados durante esse exame e enviados para uma análise. De acordo com o tipo de pólipo encontrado, o paciente terá que continuar com um acompanhamento frequente.

O câncer de cólon e de reto são frequentemente agrupados como câncer de intestino ou câncer colorretal. No entanto, há algumas diferenças entre eles. Segundo Hilma, o câncer de reto origina-se nos 15cm finais do intestino, enquanto o câncer que se origina em áreas do intestino acima do reto é chamado câncer de cólon. A idade média na qual o câncer de intestino ocorre é 60 anos, mas o risco de desenvolver câncer de cólon começa a aumentar a partir dos 40 anos. Além disso, muitas pessoas jovens têm fatores de risco para câncer de cólon. Existem também alguns casos de pacientes mais jovens que desenvolvem câncer de cólon antes dos 40 anos. Aproximadamente, 75% dos casos novos de câncer de cólon ocorrem em pessoas sem fatores de risco para a doença.

O exame é importante porque o câncer de intestino não dói, apesar de sangrar pouco, poder causar cólica na barriga e mudar as fezes, que ficam com uma espécie de gosma e sangue misturados. Às vezes, ocorre diarreia, que vai ficando mais frequente com o tempo. A doença também pode promover mudanças no jeito de o intestino funcionar, que pode ficar preso ou solto, diferentemente do que era. “A barriga também pode ficar inchada e barulhenta e pode ocorrer até anemia nos casos mais avançados. Os sintomas são tão discretos que passam despercebidos. E muitas vezes as pessoas acham que o sangramento é da hemorroida, a dor de barriga é decorrente de vermes e o gás, resultado da alimentação”, alerta Hilma.

PREPARO

O exame, contudo, não é simples, já que exige uma sedação. Isso torna o processo mais demorado porque o paciente precisa passar por uma avaliação pré-anestésica antes de fazer o procedimento. Nos dias que antecedem a colonoscopia, é preciso fazer um preparo alimentar e com alguns remédios. O exame de reto, a retosigmoidoscopia, também precisa de um preparo, bem mais simples. Por isso, depois de agendar a consulta na Campanha de Prevenção do Câncer de Intestino do Madre Teresa, o paciente precisará adotar um preparo para limpar o intestino na parte baixa, o reto, local que será examinado durante a consulta por meio de toque e aparelhos específicos.

Devem seguir esse ritual os pacientes que não estão sentindo nada e que buscam a consulta apenas para prevenção; pacientes com diarreia corrente, sangramento, dor moderada no ânus, hemorroida inchada, hipertensos, diabéticos, idosos e obesos. Só não podem fazer o preparo pacientes com dor intensa no ânus, grávidas, aqueles com cirurgias de até 30 dias e os que o convênio exige autorização prévia para o exame do reto. Não é necessário ficar de jejum, mas é bom priorizar alimentos leves como saladas, sopas, caldos e muito líquido na véspera e no dia do exame. Tudo o que pode ser ingerido é enumerado ao paciente antes do preparo.

SERVIÇO
Agendamento das consultas e informações sobre preparos: (31) 3339-8455

DERRUBE ESSES MITOS


» Sangramento retal é sempre consequência de hemorroida.
Sangramento retal (ou anal) pode ser causado por diversos fatores, incluindo câncer. Quando o sangramento cessa, os pacientes geralmente não procuram um médico. Pólipos e cânceres podem sangrar intermitentemente, logo, um episódio de sangramento retal pode ser o primeiro sinal de câncer de intestino.

» O exame inicial de sangue oculto nas fezes não mostrou sangue. Por isso, não preciso de exames adicionais.
Pólipos, assim como cânceres, podem sangrar intermitentemente. Portanto, uma pesquisa de sangue oculto nas fezes pode ser falsamente negativa. A sensibilidade da pesquisa de sangue oculto nas fezes aumenta com o número de amostras por fezes e com o número de fezes coletadas.

» Câncer de cólon sempre causa sintomas que podem ser reconhecidos pelos pacientes.
Pessoas com câncer de cólon podem não apresentar sintomas inicialmente ou, ainda, ter sintomas vagos que podem estar relacionados com diversas outras condições.

» Colonoscopia é perigosa e é feita com anestesia geral.
A colonoscopia é tão importante que é chamada de padrão ouro dos exames. Além de ver o pólipo, pode retirá-lo, resolvendo o problema e feita em boas condições por bons médicos o risco é mínimo. A anestesia para o exame de colonoscopia é uma sedação.

» Fiz o exame há cinco anos e não deu nada. Estou livre.
No decorrer da vida, fatos novos ocorrem. Ao sinal de sangramento ou alteração do funcionamento do intestino refaça sua consulta.

» Para fazer a colonoscopia só é preciso marcar o exame.
Para realizar a colonoscopia é preciso passar por uma consulta pré-exame, onde o paciente recebe orientações sobre o procedimento e o preparo do organismo.

» O preparo é chato e restringe a alimentação.
O preparo consiste em uma dieta que inclui líquidos claros, carnes brancas, massas, alguns tipos de pães, biscoitos e canja. É preciso ingerir um laxante, prescrito pelo médico.

» É preciso internar para fazer o exame.
A maioria dos pacientes faz o preparo do exame em casa e comparece ao hospital no horário agendado. A internação pode ser necessária em casos especiais.

» Sentirei dor ou desconforto durante a colonoscopia.
O exame é feito com auxílio do anestesiologista, que realiza uma sedação. O paciente não sentirá dor nem desconforto abdominal ou perianal.

» Após o exame, posso ir para casa sozinho e trabalhar.
Devido à sedação, os reflexos podem ficar momentaneamente reduzidos, sendo necessário um acompanhante para buscar o paciente, que deve ficar de repouso. No dia seguinte, o paciente pode trabalhar, dirigir, se alimentar e praticar atividades físicas normalmente.