Sociedade de Infectologia quer revisão de idade mínima para uso de repelente

Atualmente, no Brasil, é recomendável o uso de repelentes a partir dos 2 anos

por Redação 21/03/2016 10:05
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No Brasil, apenas o repelente do tipo IR3535 pode ser usado em bebês. Mesmo assim, a partir do sexto mês (foto: https://www.dasmariasblog.com / Reprodução Internet )
As epidemias de dengue, zika e chikungunya e como se prevenir dessas doenças são uma preocupação geral de brasileiros e brasileiras. Junto com o envolvimento necessário da cada um para a eliminação dos criadouros do mosquito Aedes Aegypti, que transmite as infecções, as telas de proteção, cortinados e repelentes estão sendo cada vez mais usados. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não recomenda o uso de repelentes à base de Icaridina e DEET para crianças menores dois anos. Esses são os tipos que funcionam mais tempo contra o mosquito. Já o produto do tipo IR3535, é permitido a partir de 6 meses. Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), no entanto, várias agências reguladoras de outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, recomendam o uso de repelentes a partir de dois meses de idade.

Por essa razão, a entidade decidiu entregar ao Ministério da Saúde um documento que pede a revisão das regras para o uso de repelentes no país para crianças. A decisão tomada no dia 11 de março envolveu 16 profissionais e culminou com uma nota técnica endereçada ao diretor de vigilância das doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch. O documento foi entregue na última sexta-feira (18/03) durante simpósio ‘Zika: Estratégias de Enfrentamento’ que aconteceu no Hospital Emilio Ribas, na capital Paulista.

Para a SBI, estudos mostram que os repelentes DEET, a Icaridina e o IR3535 também são seguros para uso em gestantes e, por essa razão, recomendam também a uso em crianças.

A amamentação nos casos de infecção por zika vírus é outro assunto abordado no documento. Já que o aleitamento materno garante enormes benefícios ao desenvolvimento da criança e na redução da mortalidade infantil e, como não há documentação de transmissão de vírus zika pelo leite materno, a SBI recomenda o aleitamento materno mesmo nos casos de mulheres que tiveram zika. O presidente da SBI, Sérgio Cimerman, afirma que os benefícios da amamentação “são superiores até a uma possível infecção de zika em uma criança que já nasceu”.

Além do replente, a SBI reforça a necessidade de utilização de outros métodos de proteção como o uso de telas em janelas, a manutenção de janelas fechadas, mosquiteiros com ou sem inseticidas, uso de roupas que restrinjam as áreas expostas do corpo, aerossóis com inseticidas e serpentinas com piretroides.

No encontro da SBI os profissionais também discutiram – além da nova recomendação sobre o uso de repelentes e aleitamento materno –, sobre testes

Veja as recomendações da SBI:

  • Testes diagnósticos para infecção vírus Zika devem ser disponibilizados para a população, tanto no SUS quanto na rede privada;
  • O aleitamento materno deve ser incentivado e mantido, mesmo em recém-nascidos de mães que apresentaram quadro de infecção por Zika na gravidez ou no periparto (períodos desde o último mês de gravidez até cinco meses após o parto).
  • As doações de sangue devem ser incentivadas, e o uso de hemoderivados deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde e das sociedades de hemoterapia.
  • Todas as estratégias de combate ao vetor Aedes aegypti devem ser continuamente encorajadas, apoiadas, e mantidas nesse momento de tríplice epidemia: Zika, Chikungunya e Dengue.
  • O uso de repelentes deve ser estimulado, principalmente em gestantes durante todo o período da gestação, e a idade mínima para uso dessas formulações deve ser revista.
  • Campanhas educativas devem ser estimuladas continuamente pelas agências governamentais, pela iniciativa privada, e pelas diversas instituições da sociedade, para reduzir o risco de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
  • A SBI deve buscar a intermediação com o Ministério da Saúde e de Ciência e Tecnologia para a divulgação de editais de pesquisas relacionadas à Arboviroses, especialmente aquelas relativas à infecção por Zika, e incentivar a pesquisa clínica.