#PobreFazendoPobrice: mães reagem a post sobre amamentação que viralizou na web

Nesta terça-feira (03/11), mulheres comemoraram decreto da presidente Dilma Rousseff que regulamenta a publicidade de produtos que interferem na amamentação. Média brasileira de aleitamento exclusivo é de 54 dias frente à recomendação da OMS de 6 meses

por Valéria Mendes 04/11/2015 11:09
No dia em que brasileiras comemoravam a assinatura da presidente Dilma Rousseff no decreto que regulamenta a Lei nº 11.265  (leia mais abaixo) que protege o aleitamento materno, um post que associa amamentação à falta de informação e dinheiro viralizou nas redes sociais. Veja:

Reprodução Facebook
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No Brasil, a média de aleitamento materno é de 54 dias diante da recomendação da Organização Mundial de Saúde de 6 meses. O tema ainda é muito desconhecido da população brasileira que, como a autora do texto, acredita que as fórmulas infantis se equivalem, em termos nutricionais, ao leite humano. A crença desconsidera um dos atributos mais importantes do alimento produzido pelas mães: os fatores imunológicos presentes no alimento com benefícios comprovados para o desenvolvimento da criança.

O leite materno contém células de defesa e fatores anti-infecciosos, a quantidade adequada de vitaminas, sais minerais, proteínas, água e gordura. Além disso, a amamentação também beneficia a saúde da mulher e é um fator de proteção contra o câncer de mama.

O post - que já soma mais de 11 mil compartilhamentos – também faz referência ao repúdio à amamentação em público reforçando a objetificação do corpo da mulher e desconsiderando as necessidades do bebê. Pesquisa realizada pela Lansinoh mostra que a maioria das brasileiras (55%) acha perfeitamente natural amamentar em público; 22% considera inevitável, 21% constrangedor e apenas 2% acha errado. O estudo foi realizado com 13.169 mães e gestantes em nove países no primeiro semestre de 2014. No Brasil, foram entrevistadas 2 mil pessoas.

A publicação associa ainda a amamentação ao baixo poder aquisitivo. A internet, no entanto, respondeu à altura com a adesão de várias mulheres que questionaram o conteúdo do texto:

#pobrefazendopobricepq, n... leite caro. Coloca a teta pra fora na praia, mulher, pra mostrar que farofeira.

Posted by Lívia Guarani-Kaiowá on Terça, 3 de novembro de 2015


Mariana Moreira Paulino#Pobrefazendopobrice#SoquenaoKkkkkkk

Posted by Isabela Oliveira on Terça, 3 de novembro de 2015


18 meses de amamentao. Beb crescendo forte, feliz e super saudvel. #pobrefazendopobrice #pobrefazendoriquice

Posted by Amanda Medeiros on Terça, 3 de novembro de 2015


Essas aqui tb, tuuudo pobraiada|#PobreFazendoPobrice

Posted by Cinthia Claudino Alves on Terça, 3 de novembro de 2015


Eis o tal poste.#pobrefazendopobrice

Posted by Dandara Neves on Terça, 3 de novembro de 2015


Vai ter mame de peito pra fora sim! Da linda Camilla Albano , cada imagem mais linda que a outra <3#pobrefazendopobrice

Posted by Sopa de Folhas on Terça, 3 de novembro de 2015


Kkkkkk genial!!!Adoro fazer pobrice que nem a Giselle!#pobrefazendopobrice

Posted by Nathalia Moura on Quarta, 4 de novembro de 2015


Para que não haja dúvidas sobre os benefícios do leite materno, o Saúde Plena lista alguns dos já comprovados pela ciência:

- É a primeira fonte de anticorpos do bebê e tem papel determinante no desenvolvimento da imunidade das crianças.
- Diminui o risco de alergias nas crianças.
- Logo após o parto, amamentar estimula a produção da prolactina que auxiliam na contração do útero, o que auxilia no retorno do útero ao seu tamanho original. E por exigir um grande gasto calórico amamentar pode também auxiliar na perda de peso da mulher;
- Reduz a incidência de câncer de mama. Quanto mais tempo a mulher amamenta, menor o risco de ela ter câncer
- Protege a mulher contra a osteoporose
- O aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida pode evitar, anualmente, mais de 1,3 milhão de mortes de crianças menores de 5 anos nos países em desenvolvimento
- Amamentar os bebês imediatamente após o nascimento pode reduzir 22% a mortalidade
neonatal (que acontece até o 28º dia de vida) nos países em desenvolvimento

Regulamentação publicidade
A assinatura do decreto que regulamenta a a Lei nº 11.265 ocorreu durante a 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar. A iniciativa quer assegurar o uso apropriado dos produtos direcionados às crianças de até três anos como leites artificiais, papinhas industrializadas, mamadeiras e chupetas.

O que muda na prática é que as empresas não podem mais colocar nas embalagens imagens, desenhos, representações gráficas ou qualquer texto que induza ao uso de mamadeiras e fórmulas infantis como “baby”, “kids” ou “ideal para o seu bebê”.

Além disso, cada um dos produtos terá um aviso nas embalagens sobre a idade correta para o consumo e o alerta para a importância da amamentação para a saúde da criança. No caso dos bicos, mamadeiras e chupetas, os avisos sempre terão uma advertência sobre o prejuízo que pode causar ao aleitamento materno a utilização desses produtos.

Na ocasião da assinatura do decreto, o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, destacou os benefícios do aleitamento para a saúde das crianças: “promover e proteger a amamentação é uma ação de saúde, de combate à desnutrição e mortalidade infantil. Queremos assegurar que todas as crianças sejam amamentadas sempre que possível e orientar mães e pais sobre a importância do aleitamento para a saúde de seus filhos. Cerca de seis milhões de crianças são salvas em todo o mundo com o aumento das taxas de amamentação, segundo a Organização das Nações Unidas. Estamos salvando vidas ao orientar, proteger e incentivar o aleitamento materno”.

Aleitamento no Brasil

A Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno, realizada em 2008, revelou que 67,7% das crianças já mamam na primeira hora de vida. Entre as crianças menores de 6 meses, menos da metade dos bebês (41%) tiveram o leite materno como alimento exclusivo. Já o uso de mamadeira foi relatado em 58,4% das crianças, a chupeta em 42,6% no primeiro mês de vida. A pesquisa ainda mostra as prevalências do uso de água, chás e outros leites foram, respectivamente, 13,8%, 15,3% e 17,8%.

(Com informações da Agência Saúde)