Cura do câncer na infância deixa sequelas

Das crianças que sobreviveram ao tumor 70% apresentou problema crônico leve ou moderado e cerca de 32% relatou ter uma condição crônica grave e incapacitante

por Correio Braziliense 10/04/2015 11:00

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Iano Andrade/CB/D.A Press
Em crianças com câncer, a radioterapia pode comprometer o amadurecimento cognitivo (foto: Iano Andrade/CB/D.A Press)
Crianças que sofrem com o câncer têm alta chance de serem acometidas por outros problemas de saúde preocupantes após a cura do tumor. O alerta foi feito em um estudo norte-americano publicado na revista Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention. A pesquisa mostra que, mesmo depois de anos da conclusão do tratamento, os pequenos apresentam problemas como dificuldade de locomoção e complicações cognitivas.

No trabalho, foram utilizados dados do estudo intitulado Childhood Cancer Survivor (Sobreviventes do câncer na infância, em tradução livre). Os cientistas consideraram informações sobre incidência e sobrevivência coletadas de mais de 14 mil crianças entre 1975 e 2011, em 26 centros de saúde dos Estados Unidos e do Canadá.

Ansiedade
Descobriram, entre outros fatores, que, dos sobreviventes, 70% apresentaram um problema crônico leve ou moderado e cerca de 32% relataram ter uma condição crônica grave, incapacitante, considerada uma complicação com risco de vida. O estudo também indicou que 35% dos sobreviventes — com idade entre 20 e 49 anos — tinham alguma disfunção cognitiva, consequência das sessões de radioterapia; e de 13% a 17 %, algum comprometimento funcional, além de dor, ansiedade ou medo.

“Nossos resultados apontam um foco singular na cura do câncer que produz um quadro incompleto de sobrevivência. A carga de condições crônicas geradas na população é profunda, tanto na ocorrência quanto na gravidade”, destacou, em comunicado, Siobhan Phillips, professor assistente de medicina preventiva na Universidade de Northwestern. “Quando você olha para esses sobreviventes, a magnitude dessas condições em idade relativamente jovem é bastante impressionante”, complementou.

O professor acredita que os resultados possam ajudar a refinar o tratamento da doença, evitando as sequelas do câncer infantil. “Esforços para entender como diminuir efetivamente a carga de morbidade e como incorporar modelos eficazes de coordenação de cuidados e de reabilitação para otimizar a longevidade e o bem-estar dessa população devem ser uma prioridade”, frisou Phillips.

A equipe de estudiosos acredita que um estudo mais aprofundado possa trazer ainda mais auxílio na luta contra os problemas de saúde indicados no trabalho atual. “Precisamos desenvolver uma melhor compreensão desses fatores em vários níveis, incluindo, mas não limitando, a atividade física, a dieta e as características do tratamento, fatores que influenciam na suscetibilidade dos sobreviventes de câncer infantil a essas morbidades”, ressaltou Phillips.