Qual é o melhor par de óculos para você?

Escolher o acessório certo e cuidar dele frequentemente pode ajudar a diminuir impactos lesivos à saúde visual

por Carolina Cotta 22/04/2014 11:00
Túlio Santos/EM/D.A Press
Muito mais do que se preocupar com a armação ou o tipo de lente, a qualidade da visão do paciente será determinada pela análise do médico (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Deixe a moda para o segundo plano se o objetivo é enxergar bem. Antes da cor, formato ou material do óculos é mais importante se preocupar com as medidas anatômicas do paciente, como a distância entre a base do nariz e a pupila, a chamada distância nasopupilar. O tipo de lente indicada para cada caso, o material com o qual ela deve ser fabricada e a necessidade ou não de algum tratamento sobre a lente, como antirreflexo, são outros dados importantes e devem ser definidos na receita pelo oftalmologista. Cuidados na hora de escolher os óculos e sua manutenção correta têm grande impacto na saúde visual.

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Segundo Marcus Sáfady, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, normalmente, as prescrições de óculos vêm com a determinação do que é o mais indicado para o paciente. Afinal, cada um desses aspectos acima tem interferência na qualidade de visão do paciente, por isso a importância de serem definidos pelo médico. Esse é mais um dos motivos para se evitarem os óculos fabricados de maneira uniforme e vendidos em todo tipo de comércio. Para o especialista, há duas situações nas quais comprar óculos de qualidade duvidosa podem trazer prejuízos ao paciente.

Nos óculos para perto, de venda disseminada no comércio ambulante, o usuário acaba comprando uma solução aproximada. “Mesmo que a visão de perto melhore, em mais de 70% dos casos o paciente não está usando o melhor óculos para seu caso. Nesses óculos, a colocação da lente na armação é sempre da mesma maneira. Como a distância nasopupilar é uma medida anatômica, e cada um tem a sua, o ideal é que o centro da lente dos óculos, o centro ótico da lente, seja coincidente com a distância nasopupilar do paciente. É isso que proporciona melhor qualidade de visão e mais conforto no uso dos óculos, o que não ocorre quando se usam óculos prontos”, alerta.

O outro risco são os óculos escuros sem qualidade comprovada. Usados, principalmente, em ambientes ensolarados, as lentes dos óculos escuros devem ser eficazes filtros da radiação ultravioleta. Ao usar uma lente escurecida que não filtra totalmente os raios UV o paciente sofre uma maior ação desses raios em suas estruturas oculares, o que, comprovadamente, causa diversas alterações: nas pálpebras, com pequenos tumores da borda palpebral; na conjuntiva (membrana que recobre a parte branca do olho), como o pterígio, popularmente conhecida como “carne no canto do olho”; na córnea , como a ceratite actínica.

De acordo com Sáfady, há outras suspeitas, não comprovadas por estudos clínicos, de que os raios UV podem ser nocivos também para estruturas intraoculares, como o cristalino (causando uma catarata mais precoce) e a retina, sendo um dos fatores de risco para o aparecimento da degeneração macular relacionada à idade. “É bom lembrar que o que faz uma lente ser eficaz ou não contra os raios UV é o material com que ela é fabricada e não sua coloração. Uma lente clara, transparente, fabricada com material correto, pode filtrar 100% dos raios UV. Uma lente escura, fabricada com material sem controle da procedência, na maioria das vezes, não filtra em 100% os raios.”

A manutenção e a atualização das lentes são essenciais. É suficiente lavá-las com água e sabonete uma vez ao dia. Já a frequência das revisões oftalmológicas deve ser definida pelo médico, mas é importante não usar óculos com grau defasado, o que causa diminuição da acuidade visual em pacientes com miopia, além de sintomas e sinais de cansaço ocular em pacientes com hipermetropia, acompanhados ou não de astigmatismo. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia defende o exame oftalmológico em pelo menos quatro momentos. No nascimento, com o teste do reflexo vermelho, é possível detectar alterações que podem impedir o bom desenvolvimento da visão.

Na idade escolar, o objetivo é aferir a acuidade visual e correção dos erros refrativos. O terceiro momento é entre os 35 anos e 45 anos, quando podem ser evidenciadas, por meio do exame de fundo do olho, doenças como glaucoma, diabetes, hipertensão arterial, doenças reumáticas e infecciosas, que podem levar à cegueira. “O diagnóstico precoce proporciona melhor controle do quadro, contribuindo para o prognóstico do paciente e as sequelas”, alerta. O quarto momento essencial para uma avaliação é aos 65 anos, para controle de patologias como a catarata, o glaucoma, o diabetes e a detecção precoce da degeneração macular relacionada à idade e seu tratamento.