Ipea erra dados de pesquisa e divulga que 26%, e não 65% dos brasileiros, concordam com ataques a mulher de roupa curta

Os dados corretos são: 26% concordam parcial ou totalmente que 'mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas'; 3,4% se mantiveram neutros e 70% dos entrevistam rejeitaram a ideia

04/04/2014 16:26

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Pesquisa divulgada no final de março pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que chocou o Brasil e causou comoção nas redes sociais com a hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada estava errada. A informação de que 65% dos brasileiros concordavam com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” causou espanto entre os próprios pesquisadores (relembre).

Em nota divulgada hoje, o Ipea diz: “Viemos a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa ‘Tolerância social à violência contra as mulheres’, divulgada em 27/03/2014. O erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases 'Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar' e 'Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas'”.

Reprodução Facebook
Nana Queiroz foi a primeira a postar foto na internet como protesto contra a violência à mulher (foto: Reprodução Facebook)
O que ocorreu, como afirma texto da nota, foi uma troca nos gráficos da pesquisa. O resultado correto é: 26% concordam parcial ou totalmente com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”; 3,4% se mantiveram neutros e 70% dos entrevistam rejeitam a ideia. Segundo o Ipea, as informações dos dois gráficos abaixo foram invertidas.

Reprodução Ipea
Veja os gráficos corrigidos (foto: Reprodução Ipea)


Os dados corretos para a pergunta “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar” são: 65,1% concordam total ou parcialmente, 1,9% neutro e 32, 4% não concordam.

O Ipea cita que a "correção da inversão dos números entre duas das 41 questões da pesquisa enfatizadas acima reduz a dimensão do problema anteriormente diagnosticado no item que mais despertou a atenção da opinião pública". Mesmo após a correção, o instituto cita que "os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".

A errata é assinada por Rafael Guerreiro Osorio e Natália Fontoura, autores do estudo. O Ipea afirma que as conclusões gerais da pesquisa continuam válidas, "ensejando o aprofundamento das reflexões e debates da sociedade sobre seus preconceitos".

O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea pediu sua exoneração assim que o erro foi detectado. Leia a nota na íntegra.

(Com informações da Agência Estado).