Segunda 'cabeça' de bebê afegã pode ser raro caso de 'gêmeo parasita'

A menina Asree Gul nasceu com um crânio acoplado à sua cabeça. O caso se assemelha à anomalia conhecida por craniopagus parasiticus. Especialista acredita que o crânio 'extra' seria um gêmeo siamês que não se desenvolveu

por Gabriella Pacheco 27/09/2013 16:20

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Fotografia tirada em 18 de setembro mostra Asree Gul, três meses de idade, com uma cabeça extra (foto: AFP)
Uma a cada cem mil crianças nascidas apresentam anomalias genéticas de formação, responsáveis por “apêndices” como cabeças, braços e pernas. De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Lavínia Schuler-Faccini, esse pode ter sido o caso que acometeu a menina afegã, Asree Gul, que foi recentemente liberada de um hospital em Nangarhar, leste do Afeganistão, após ter sido submetida a uma operação de separação de um crânio conectado à sua cabeça.

“Normalmente essa anomalia é o que poderiam ser gêmeos siameses. Nesses casos, um dos gêmeos não se desenvolve”, explica. Filha de camponeses do distrito de Chaparhar, Asree – cujo nome significa 'nova flor' – ainda tem uma irmã gêmea que nasceu sadia.

Os médicos não confirmaram, mas o nome normalmente atribuído a casos similares é craniopagus parasiticus. “Craniopagus significa que estão ligadas pelo crânio e parasiticus, que um dos organismos age como parasita”, afirma.

Ainda segundo a especialista, a expectativa de vida da criança irá depender da integridade do cérebro da garota que sobreviveu. A situação pode ser complicada se outros órgãos vitais tenham se fusionado, além do crânio. A região do crânio afetada pela conexão também irá afetar a vida da pequena Asree. “Ela corre o risco de ter sofrido uma lesão cerebral grave, muitas vezes sem tratamento, e pode viver com algum tipo de deficiência”, diz.

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Após a cirugia, Asree com a irmã (foto: AFP)
Enquanto se recupera, a garota ainda tem a saúde ameaçada pelo risco de infecções. De acordo com a especialista, o dano na calota craniana é extremamente grave. A chance de uma infecção irá depender do tamanho do orifício que ficar na cabeça.

Em 2005, um caso semelhante aconteceu no Egito. A garota Manar Maged nasceu com uma segunda cabeça fusionada à sua que, ao contrário do caso afegão, já tinha um rosto formado, piscava e sorria. Apesar de ter sobrevivido à cirurgia, a menina egípcia faleceu um ano após a operação devido à uma infecção cerebral.

A decisão de operar ou não é baseada na quantidade de órgãos vitais envolvidos. Em muitos casos, a separação não é possível. Em situações extremas, nenhuma das crianças consegue sobreviver.

Ainda segundo Schuler-Faccini, esse tipo de anomalia pode ser detectado por ultrasonografias, entre 18 e 20 semanas de gestação. Dependendo do tamanho da anomalia, até mais precocemente. (Com agências)