Não há uma data cravada na linha do tempo, mas podemos dizer que os padrões de beleza norteiam a humanidade desde que o homem passou a representar a si mesmo, o meio em que vive, além de referências, deuses, mitos, ideais. Tais padrões não são estáticos ou unânimes e envolvem variáveis: região geográfica, temporalidade, cultura. No entanto, alguns ícones de beleza ficaram marcados na história e servem de base até hoje. Exemplo contundente é a escultura Vênus de Milo, descoberta ancestral cultuada como referência de beleza, uma das obras de arte mais antigas e admiradas do mundo, exposta no Museu do Louvre, em Paris.
Dali para frente, artistas de períodos distintos – Idade Média, Renascimento, Barroco, Romantismo e Modernismo tentaram retratar, definir e conceituar a estética. Bingo para Leonardo da Vinci, que enunciou a importância das proporções da face e criou o homem vitruviano, permitindo a ação de “quantificar” e padronizar a beleza. Também merecem reverência contemporâneos do criador da Mona Lisa, como Botticceli e Michelangelo, entre outros.
A beleza atual, no entanto, não tem como herança apenas as pinturas e esculturas famosas. Segundo especialistas, é o século 19, auge da Revolução Industrial, o eleito como precursor do padrão vigente. Naqueles idos, a matrona ou a musa doméstica de quadril largo e nádegas fartas deu lugar à operária, que deveria ser magra, ágil, bem disposta. Lá, também, os esportes passaram a ser praticados pela ala feminina. No séculos seguintes, a nova sociedade de consumo atrelada à evolução da indústria da moda, à instauração da mídia impressa e da TV, à disseminação de técnicas de cirurgia plástica, e, mais recentemente, à Internet elegeram e derrubaram novos modelos.
Desde então, a mulherada vem se orientando por características como a sensualidade de Marylin Monroe, a magreza de Twiggy (considerada a primeira top model do mundo), o ar provocante de Cindy Crawford, a cintura fina e os seios volumosos de Gisele Bündchen e até mesmo a fartura de formas das mulheres fruta. No Brasil, novidade é que o atual padrão de beleza, inspirado nas panicats (assistentes de palco da atração televisiva Pânico) e conhecido popularmente como malhadetes (magras, fortes e femininas), também envolve saúde. Por isso, dizem, tende a durar mais, além de colaborar para um envelhecimento com melhor qualidade de vida. Enfim, o ideal não está restrito apenas à imagem em frente ao espelho, como apontam especialistas e estudiosos.
A ditadura do padrão
A existência de uma “ditadura” em torno de padrões de beleza sempre chamou a atenção da professora Carla Mendonça, doutora em comunicação social. Tanto que ela estuda a moda e as referências atreladas à essa indústria desde o primeiro projeto acadêmico, durante o mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais. Também no doutorado (concluído na mesma instituição) explorou o tema, dessa vez com o projeto Um olhar sobre as mulheres de papel: tirania e prazer nas revistas Vogue. “A beleza sempre foi representada e está diretamente relacionada à referência cultural de cada época “, lembra.
Para identificá-los no mundo contemporâneo, basta observar revistas, novelas, filmes, programas de TV e o conteúdo de outros meios de comunicação de massa. Especialista, Carla reconhece que hoje há muita pluralidade de referências do belo, relacionadas a grupos e ou culturas específicas. No entanto, no Ocidente, é o consumo que elege tais padrões. “Não é o espelho que determina nossa imagem, mas a revista e outros meios. Ou seja, por perseguir aquele ideal, compramos aquela ideia, seja no sapato, no modelo de roupa, na academia, salão de beleza ou na clínica de cirurgia plástica”, observa.
A forma como cada mulher absorve aquela proposta é muito pessoal, e pode envolver uma relação sadia ou não. “Muitas mulheres querem ficar idênticas aquele ideal (e isso é impossível). Outras usam aquele padrão como um modelo, mas aceitam a própria imagem (e portanto se relacionam com ele de forma mais saudável). Em qualquer caso, a insatisfação provocada em torno da diferença entre o ideal e o real é o ‘motor’ da moda”, conclui.
Apesar de em certa medida masoquista, já que na vida real é muito difícil acompanhar todas as tendências ou ter a mesma beleza propagada por imagens carregadas de photoshop e outros recursos, a admiração pelos modelos midiáticos provocam nas mulheres comuns um prazer estético. “É inegável: as imagens da revista deslocam a mulher comum do dia a dia, da dureza da rotina, criam um universo de fantasia e de desejo”. Ainda na opinião dela, o padrão mais em voga no Brasil atual é o conhecido como piriguete (grosso modo, mulheres que estão em forma e usam roupas justas e decotadas para mostrar poder de fogo).
Também cuidadosa com a própria aparência, Carla tem uma opinião pessoal sobre o tema. “É preciso haver um equilíbrio entre ideal e realidade, porque ninguém pode ser um outro. Há, ainda, o problema acerca do excesso de exposição da própria imagem, como denuncia o boom de blogs de looks diários na Internet, posts de Facebook e por aí vai. È aflitivo ser uma imagem o tempo todo, mulheres obrigadas à ditadura da beleza, da eterna juventude, da malhação. É como se só houvesse o corpo semântico, e o biológico deixasse de existir. A satisfação com a própria imagem não pode estar baseada apenas na aparência padrão”, destaca.
Conceito de beleza
A corrida por rosto e corpo perfeitos lota as clínicas de cirurgia plástica. Mas, antes de entrar na faca, como definir o belo? Para o cirurgião Teófilo Taranto é difícil conceituar tal termo, mas muito fácil identificá-lo: “é tudo aquilo que agrada”, brinca. No entanto, é possível afirmar que a beleza física é baseada na harmonia das proporções, como destacou Leonardo da Vinci ainda no século XV. “Desde então, a beleza pressupõe harmonia”, confirma Taranto.
Apesar da referência óbvia entre proporção e beleza, o médico formado no início da década de 1970 ressalta que cerca de 10% das pacientes chegam ao consultório com fotos de outras pessoas, geralmente modelos e atrizes (ideais de beleza), como referência para uma plástica. “Os lábios da Angelina Jolie e os seios de Gisele Bündchen estão entre os mais desejados”, revela. O médico reconhece a busca por modelos de beleza. “O padrão sempre pauta o comportamento das mulheres. Uma prova vem da cirurgia de mama no Brasil antes e após o fenômeno Gisele Bünchen. Até o ano 2000, nove entre 10 pacientes queriam diminuir os seios. Depois dela, oito querem aumentar e apenas duas diminuir”, compara.
No entanto, ele lembra que a cirurgia plástica objetiva resgatar a autoimagem do paciente e não deixá-lo parecido com outro e muito menos mais jovem – outro apelo contumaz nas clínicas. “A cirurgia plástica é feita para corrigir imperfeições, para promover a satisfação com a autoimagem por meio de resultados naturais e para combater sinais de envelhecimento anti estéticos. Quando um paciente pergunta quantos anos vai rejuvenescer digo que após a cirurgia ele estará cerca de x horas mais velho do que no início. Não existe mágica, mas intervenções que minimizam as marcas do tempo”, corrige. Outro erro é pensar em uma lipoaspiração com o objetivo de emagrecer. “A lipo é indicada para pessoas magras com gordura localizada (lipodistrofia), que já têm acompanhamento com endocrionologista, nutricionista, e se exercitam regularmente. Aliás, quanto mais alto o percentual de gordura, maior é o risco de um resultado indesejado”. Na clínica, as cirurgias de rosto lideram o ranking, seguida pela lipo (segunda colocada) e pelo aumento da mama.
Criterioso sim, careta não. Taranto reconhece e enxerga benefícios da existência de padrões de beleza, principalmente quando atrelados à manutenção da saúde, caso das malhadetes. “Elas não são bombadas por anabolizantes, mas têm força devido à prática de esportes e à manutenção de um estilo de vida saudável. Além disso, esbanjam feminilidade”, analisa. Ainda para ele, tal padrão, baseado na tríade saúde, esporte e beleza tende a perdurar, justamente por promover a melhoria e a manutenção da qualidade de vida do indivíduo. “Trata-se de um padrão alicerçado em saúde, com reflexos diretos no futuro”, acredita.
Pacote completo
Letícia Miranda Santiago, estudante, 26 anos, mãe há três, têm medidas invejáveis: 104 cm de quadril, 66cm de cintura, 90cm de busto (após o silicone), e 1,68m de altura. O percentual de gordura, 17%, é bom, mas pode melhorar. “Quero chegar aos 15%, além de conquistar o que toda mulher almeja: aumento de perna e glúteo, e definição de braço e abdome”, descreve. Para chegar lá, investe a média de R$ 1,6 mil mensais só com a malhação e conta com o trabalho de Júlio César, personal training há 11 anos e funcionário de uma das academias mais conceituadas da cidade. “Hoje, meu ideal de beleza é a mulher malhada que mantém a feminilidade. Uma das que mais admiro é a Sabrina Sato, que tem a perna linda. Antes, queria ser como uma mulher fruta, gostosona, mas com a academia e a melhora da autoestima compreendi que não preciso desejar um outro corpo. Nunca terei o quadril da Jennifer Lopes por que meu biotipo é diferente, mas posso trabalhar as minhas características para estar 100% bem comigo mesma”, ensina.
Musculosas
O personal aponta Carla Perez como precursora da mudança de padrão de beleza no Brasil, e a forma física das panicats Babi Rossi, Renata Molinaro, Carol Belli, Carol Narizinho e Thaís Bianca como ideal entre as alunas na academia. “Há um tempo, a mulher procurava a academia para emagrecer, mas a flacidez era um problema. Daí ficaram bombadas. Atualmente, elas buscam estar definidas e musculosas na medida, sem excessos, como as assistentes de palco do Pânico”. Ainda segundo Júlio César, essa mudança de padrão está atrelada à oferta de programas de treinamento que vão além da musculação nas academias, além do modelo de corpo desfilado por musas e beldades. “Atualmente, o treino de musculação é intenso e curto, e a mulher desempenha também outras atividades. Para estar bem é preciso estar forte. Mas quem pretende ter corpo de panicat também precisa estar atenta a hábitos de vida saudáveis como dormir cedo, reduzir o consumo de álcool, manter uma alimentação balanceada e por aí vai”, cita.
Humor
Exemplo vem da aluna Letícia, que era mais relapsa até mudar os hábitos para otimizar resultados e apaixonar-se pelo corpo atual. “Odeio malhar, mas amo os resultados. Mudei meus hábitos e meu corpo, e ganhei autoestima, mais disposição para brincar com a minha filha, um humor melhor. Outro dia, causei até um acidente de trânsito: o motorista ficou me olhando e se esqueceu do volante”, lembra.
Professor e aluna acreditam que o padrão atual tende a perdurar, já que o cuidado com o corpo se transformou em uma espécie de status social que não envolve apenas beleza, saúde e o preparo para um futuro melhor, mas a vida como um todo, no entorno da academia, no trabalho, e até nas escolhas afetivas. “Me interesso mais por um homem que também se cuida, que tem a ver com a minha rotina de vida”, afirma Letícia. Júlio César completa. “Hoje, a academia é um point de encontro em que o aluno faz amigos, participa de eventos, admira e é admirado, ganha autoestima. E, do lado de fora, até o mercado de trabalho tem dado prioridade à quem se cuida e esbanja saúde”.
Dali para frente, artistas de períodos distintos – Idade Média, Renascimento, Barroco, Romantismo e Modernismo tentaram retratar, definir e conceituar a estética. Bingo para Leonardo da Vinci, que enunciou a importância das proporções da face e criou o homem vitruviano, permitindo a ação de “quantificar” e padronizar a beleza. Também merecem reverência contemporâneos do criador da Mona Lisa, como Botticceli e Michelangelo, entre outros.
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Desde então, a mulherada vem se orientando por características como a sensualidade de Marylin Monroe, a magreza de Twiggy (considerada a primeira top model do mundo), o ar provocante de Cindy Crawford, a cintura fina e os seios volumosos de Gisele Bündchen e até mesmo a fartura de formas das mulheres fruta. No Brasil, novidade é que o atual padrão de beleza, inspirado nas panicats (assistentes de palco da atração televisiva Pânico) e conhecido popularmente como malhadetes (magras, fortes e femininas), também envolve saúde. Por isso, dizem, tende a durar mais, além de colaborar para um envelhecimento com melhor qualidade de vida. Enfim, o ideal não está restrito apenas à imagem em frente ao espelho, como apontam especialistas e estudiosos.
A ditadura do padrão
A existência de uma “ditadura” em torno de padrões de beleza sempre chamou a atenção da professora Carla Mendonça, doutora em comunicação social. Tanto que ela estuda a moda e as referências atreladas à essa indústria desde o primeiro projeto acadêmico, durante o mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais. Também no doutorado (concluído na mesma instituição) explorou o tema, dessa vez com o projeto Um olhar sobre as mulheres de papel: tirania e prazer nas revistas Vogue. “A beleza sempre foi representada e está diretamente relacionada à referência cultural de cada época “, lembra.
Para identificá-los no mundo contemporâneo, basta observar revistas, novelas, filmes, programas de TV e o conteúdo de outros meios de comunicação de massa. Especialista, Carla reconhece que hoje há muita pluralidade de referências do belo, relacionadas a grupos e ou culturas específicas. No entanto, no Ocidente, é o consumo que elege tais padrões. “Não é o espelho que determina nossa imagem, mas a revista e outros meios. Ou seja, por perseguir aquele ideal, compramos aquela ideia, seja no sapato, no modelo de roupa, na academia, salão de beleza ou na clínica de cirurgia plástica”, observa.
A forma como cada mulher absorve aquela proposta é muito pessoal, e pode envolver uma relação sadia ou não. “Muitas mulheres querem ficar idênticas aquele ideal (e isso é impossível). Outras usam aquele padrão como um modelo, mas aceitam a própria imagem (e portanto se relacionam com ele de forma mais saudável). Em qualquer caso, a insatisfação provocada em torno da diferença entre o ideal e o real é o ‘motor’ da moda”, conclui.
Apesar de em certa medida masoquista, já que na vida real é muito difícil acompanhar todas as tendências ou ter a mesma beleza propagada por imagens carregadas de photoshop e outros recursos, a admiração pelos modelos midiáticos provocam nas mulheres comuns um prazer estético. “É inegável: as imagens da revista deslocam a mulher comum do dia a dia, da dureza da rotina, criam um universo de fantasia e de desejo”. Ainda na opinião dela, o padrão mais em voga no Brasil atual é o conhecido como piriguete (grosso modo, mulheres que estão em forma e usam roupas justas e decotadas para mostrar poder de fogo).
Também cuidadosa com a própria aparência, Carla tem uma opinião pessoal sobre o tema. “É preciso haver um equilíbrio entre ideal e realidade, porque ninguém pode ser um outro. Há, ainda, o problema acerca do excesso de exposição da própria imagem, como denuncia o boom de blogs de looks diários na Internet, posts de Facebook e por aí vai. È aflitivo ser uma imagem o tempo todo, mulheres obrigadas à ditadura da beleza, da eterna juventude, da malhação. É como se só houvesse o corpo semântico, e o biológico deixasse de existir. A satisfação com a própria imagem não pode estar baseada apenas na aparência padrão”, destaca.
Conceito de beleza
A corrida por rosto e corpo perfeitos lota as clínicas de cirurgia plástica. Mas, antes de entrar na faca, como definir o belo? Para o cirurgião Teófilo Taranto é difícil conceituar tal termo, mas muito fácil identificá-lo: “é tudo aquilo que agrada”, brinca. No entanto, é possível afirmar que a beleza física é baseada na harmonia das proporções, como destacou Leonardo da Vinci ainda no século XV. “Desde então, a beleza pressupõe harmonia”, confirma Taranto.
Apesar da referência óbvia entre proporção e beleza, o médico formado no início da década de 1970 ressalta que cerca de 10% das pacientes chegam ao consultório com fotos de outras pessoas, geralmente modelos e atrizes (ideais de beleza), como referência para uma plástica. “Os lábios da Angelina Jolie e os seios de Gisele Bündchen estão entre os mais desejados”, revela. O médico reconhece a busca por modelos de beleza. “O padrão sempre pauta o comportamento das mulheres. Uma prova vem da cirurgia de mama no Brasil antes e após o fenômeno Gisele Bünchen. Até o ano 2000, nove entre 10 pacientes queriam diminuir os seios. Depois dela, oito querem aumentar e apenas duas diminuir”, compara.
No entanto, ele lembra que a cirurgia plástica objetiva resgatar a autoimagem do paciente e não deixá-lo parecido com outro e muito menos mais jovem – outro apelo contumaz nas clínicas. “A cirurgia plástica é feita para corrigir imperfeições, para promover a satisfação com a autoimagem por meio de resultados naturais e para combater sinais de envelhecimento anti estéticos. Quando um paciente pergunta quantos anos vai rejuvenescer digo que após a cirurgia ele estará cerca de x horas mais velho do que no início. Não existe mágica, mas intervenções que minimizam as marcas do tempo”, corrige. Outro erro é pensar em uma lipoaspiração com o objetivo de emagrecer. “A lipo é indicada para pessoas magras com gordura localizada (lipodistrofia), que já têm acompanhamento com endocrionologista, nutricionista, e se exercitam regularmente. Aliás, quanto mais alto o percentual de gordura, maior é o risco de um resultado indesejado”. Na clínica, as cirurgias de rosto lideram o ranking, seguida pela lipo (segunda colocada) e pelo aumento da mama.
Criterioso sim, careta não. Taranto reconhece e enxerga benefícios da existência de padrões de beleza, principalmente quando atrelados à manutenção da saúde, caso das malhadetes. “Elas não são bombadas por anabolizantes, mas têm força devido à prática de esportes e à manutenção de um estilo de vida saudável. Além disso, esbanjam feminilidade”, analisa. Ainda para ele, tal padrão, baseado na tríade saúde, esporte e beleza tende a perdurar, justamente por promover a melhoria e a manutenção da qualidade de vida do indivíduo. “Trata-se de um padrão alicerçado em saúde, com reflexos diretos no futuro”, acredita.
Pacote completo
Letícia Miranda Santiago, estudante, 26 anos, mãe há três, têm medidas invejáveis: 104 cm de quadril, 66cm de cintura, 90cm de busto (após o silicone), e 1,68m de altura. O percentual de gordura, 17%, é bom, mas pode melhorar. “Quero chegar aos 15%, além de conquistar o que toda mulher almeja: aumento de perna e glúteo, e definição de braço e abdome”, descreve. Para chegar lá, investe a média de R$ 1,6 mil mensais só com a malhação e conta com o trabalho de Júlio César, personal training há 11 anos e funcionário de uma das academias mais conceituadas da cidade. “Hoje, meu ideal de beleza é a mulher malhada que mantém a feminilidade. Uma das que mais admiro é a Sabrina Sato, que tem a perna linda. Antes, queria ser como uma mulher fruta, gostosona, mas com a academia e a melhora da autoestima compreendi que não preciso desejar um outro corpo. Nunca terei o quadril da Jennifer Lopes por que meu biotipo é diferente, mas posso trabalhar as minhas características para estar 100% bem comigo mesma”, ensina.
Musculosas
O personal aponta Carla Perez como precursora da mudança de padrão de beleza no Brasil, e a forma física das panicats Babi Rossi, Renata Molinaro, Carol Belli, Carol Narizinho e Thaís Bianca como ideal entre as alunas na academia. “Há um tempo, a mulher procurava a academia para emagrecer, mas a flacidez era um problema. Daí ficaram bombadas. Atualmente, elas buscam estar definidas e musculosas na medida, sem excessos, como as assistentes de palco do Pânico”. Ainda segundo Júlio César, essa mudança de padrão está atrelada à oferta de programas de treinamento que vão além da musculação nas academias, além do modelo de corpo desfilado por musas e beldades. “Atualmente, o treino de musculação é intenso e curto, e a mulher desempenha também outras atividades. Para estar bem é preciso estar forte. Mas quem pretende ter corpo de panicat também precisa estar atenta a hábitos de vida saudáveis como dormir cedo, reduzir o consumo de álcool, manter uma alimentação balanceada e por aí vai”, cita.
Humor
Exemplo vem da aluna Letícia, que era mais relapsa até mudar os hábitos para otimizar resultados e apaixonar-se pelo corpo atual. “Odeio malhar, mas amo os resultados. Mudei meus hábitos e meu corpo, e ganhei autoestima, mais disposição para brincar com a minha filha, um humor melhor. Outro dia, causei até um acidente de trânsito: o motorista ficou me olhando e se esqueceu do volante”, lembra.
Professor e aluna acreditam que o padrão atual tende a perdurar, já que o cuidado com o corpo se transformou em uma espécie de status social que não envolve apenas beleza, saúde e o preparo para um futuro melhor, mas a vida como um todo, no entorno da academia, no trabalho, e até nas escolhas afetivas. “Me interesso mais por um homem que também se cuida, que tem a ver com a minha rotina de vida”, afirma Letícia. Júlio César completa. “Hoje, a academia é um point de encontro em que o aluno faz amigos, participa de eventos, admira e é admirado, ganha autoestima. E, do lado de fora, até o mercado de trabalho tem dado prioridade à quem se cuida e esbanja saúde”.