O Pensar pesquisou endereços de 13 escritores e sua relação com a capital

Espaços estão presentes em obras e, definitivamente, na formação de cada um

por Mariana Peixoto 11/12/2015 12:31
Arte / EM
(foto: Arte / EM)
“Mineiro por todo lado! O poeta Pellegrino, como psiquiatra, tem garantida uma numerosa clientela. Amílcar modela Minas em arame. Paulo encontrou Minas depois que saiu de lá. João Leite levou-a para São Paulo, Alphonsus para Brasília, Guilhermino para o Sul. João Camilo ficou. Etienne voltou. Paulo Lima voltou. Iglesias voltou. Jaques voltou. Figueiró continua, Rubião recomeçou.”

Na crônica Minas enigma, Fernando Sabino enumera o destino desses e de vários outros escritores, artistas e intelectuais: todos manhosos, ladinos, cautelosos e desconfiados, como o escritor denomina o “estado de espírito” do mineiro.

Belo Horizonte faz parte da trajetória de todos eles. Para as gerações mais velhas, a cidade é quase um rito de passagem. Assim como os modernistas, que trocaram a capital mineira pela então capital federal a partir dos anos 1930 (Drummond e Cyro dos Anjos, como muitos de sua época, continuaram no Rio a ocupar cargos públicos), a geração dos vintanistas também aqui não ficou.

Rumou para o Rio e de lá ganhou mundo (como Sabino, que passou temporadas em Nova York e Londres). O Sabadoyle, confraria literária que ocorreu, a partir de 1964, na casa do bibliófilo Plínio Doyle, serviu como um ponto de encontro, nas décadas seguintes, para boa parte da geração que havia migrado para plagas cariocas.

Mas BH também carrega um sentido de permanência para alguns dos autores aqui retratados. Affonso Ávila, belo-horizontino de 1928, morreu em 2012 na mesma casa onde viveu por 57 anos. Murilo Rubião foi outro que ficou na cidade, bem como Roberto Drummond, que fez da região da Savassi uma extensão de sua casa.

Os escritores de ontem se foram, mas os de hoje aqui continuam. Assim como alguns dos lugares, que, neste apagar das luzes de 2015, mais de um século depois da fundação da capital mineira, servem como cenário, por vezes até como personagem, de uma história que ainda tem muito o que contar.

Arquivo Estado de Minas - 3/6/69
Lúcia Machado de Almeida (foto: Arquivo Estado de Minas - 3/6/69)
Lúcia Machado de Almeida (1910-2005)

Edifício Niemeyer – Praça da Liberdade, 153, funcionários

“O casal mais civilizado de Minas Gerais.” Era dessa maneira que o arquiteto Lúcio Costa se referia a Antônio Joaquim e Lúcia Machado de Almeida. Ele, então diretor do Museu do Ouro, em Sabará, e ela escritora, eram como embaixadores informais. Entre as décadas de 1950 e 1970, artistas, escritores e intelectuais que viessem a BH eram recebidos por eles. Na visita que fizeram a Minas em 1959, para conhecer Ouro Preto, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, acompanhados de Jorge Amado e Zélia Gattai, passaram pela cobertura do Edifício Niemeyer.
O edifício foi construído por iniciativa do casal. “O papai tinha sido colega do Niemeyer na Escola de Arquitetura no Rio. O terreno minha mãe havia herdado do pai (o coronel Virgínio Machado). Havia um palacete, uma casa muito estranha, num triângulo. Lembro-me de como o Niemeyer se sentiu honrado quando o papai colocou o nome dele no prédio”, conta Patrícia, a mais velha dos três filhos do casal.

ACERVO DOS ESCRITORES MINEIROS/UFMG/REPRODUÇÃO
Laís Corrêa de Araújo (1928-2006) E Affonso Ávila (1928-2012) (foto: ACERVO DOS ESCRITORES MINEIROS/UFMG/REPRODUÇÃO)
Laís Corrêa de Araújo (1928-2006)  Affonso Ávila (1928-2012)

Rua Cristina, 1.300, Santo Antônio

“Hoje, estou pensando nos meninos da Rua Cristina, pois é mais justo pensar nos que sofrem, e reina pânico no 1.300.” Em 17 de março de 1972, Pinheira, a empregada da vida inteira dos poetas Laís Corrêa de Araújo e Affonso Ávila, estava hospitalizada. Querida de todos os que frequentavam a casa no Santo Antônio, foi alvo da crônica Rua Cristina 1.300, do padre e escritor dom Marcos Barbosa, publicada no Jornal do Brasil. O casal construiu a casa em 1955, onde criou os cinco filhos. Havia o escritório de Affonso, havia o de Laís. Livros em profusão, piano, árvores, caramanchão e as roseiras de Affonso na área externa. “Era uma casa muito democrática, com mesa posta de manhã, de tarde e de noite, como se fosse na fazenda”, recorda a historiadora Cristina Ávila, quarta filha do casal. Havia discussões sobre o Festival de Inverno da UFMG, a revista Barroco, o Suplemento Literário. Eram reuniões constantes, como demonstra a foto de 1972, onde estão Affonso, Rui Mourão, Fábio Lucas, Henriqueta Lisboa, Lúcia Machado de Almeida, Murilo Rubião e João Etienne Filho.

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 15/1/09
Bartolomeu Campos de Queirós (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 15/1/09)
Bartolomeu Campos de Queirós (1944-2012)

Rua Pernambuco, 1.338/403, Savassi

Vivendo na Cidade Nova, Bartolomeu Campos de Queirós não se adaptou à distância. Queria viver mais próximo dos amigos, que logo o ajudaram. “O Tutti (Maravilha) trabalhava na TV Bandeirantes. Durante o programa, ele perguntou quem tinha um apartamento para alugar na Savassi. Surgiu na mesma hora”, relembra a produtora cultural Nely Rosa, que considera Bartolomeu “pai simbólico” de seus dois filhos. Foram mais de 20 anos na esquina das ruas Levindo Lopes e Tomé de Souza. Com a idade chegando, ele teve que deixar o imóvel, já que não havia elevador. Acabou comprando, na década de 1990, o antigo apartamento de Henriqueta Lisboa. Continuava na Savassi, perto dos amigos e das livrarias que visitava diariamente. “Todo mundo o conhecia e tinha um carinho grande pelo Bartolomeu, desde o mendigo até o dono da loja”, acrescenta Nely. O escritor reformou o imóvel, aumentando o espaço para receber os amigos, sua coleção de obras de arte e livros. “Parecia que tinha sido feito para ele”, acrescenta Nely.

Arquivo/Estado de Minas
Carlos Drummond de Andrade (foto: Arquivo/Estado de Minas)
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Rua silva jardim, 107, floresta

A passagem de Drummond por Belo Horizonte é curta, porém célebre, eternizada em poemas como o pesaroso Triste horizonte (“Não quero mais, não quero ver-te”) e o elogioso Jardim da Praça da Liberdade (“Versailles entre bondes”). Com a família, chegou à capital mineira com 18 anos, em 1920, onde viveu na Rua Silva Jardim, na Floresta. Houve, no entanto, uma passagem anterior, de alguns meses. Ainda garoto, aportou na cidade em 1916 para estudar no Colégio Arnaldo. Chegou a se hospedar na casa do dentista Austen Drummond, na Avenida João Pinheiro (pai do poeta Austen Amaro, que também fez parte do grupo modernista). Os 14 anos vividos em BH – deixou a cidade em 1934 – foram definitivos. Foi aqui que se formou a intelectualidade literária dos primeiros anos da nova capital, junto a Milton Campos, Abgar Renault, Emílio Moura, Pedro Nava e Aníbal Machado. Foi também aqui que se graduou em farmácia, que se casou com Dolores, que teve seus dois filhos, Carlos Flávio e Maria Julieta, e que estreou na literatura, com Alguma poesia.

ARQUIVO PESSOAL
Roberto Drummond (foto: ARQUIVO PESSOAL)
Roberto Drummond (1933-2002)

Rua Piauí, 1.848/101, Funcionários

Foi Hilda Furacão quem permitiu que Roberto Drummond comprasse o primeiro e único apartamento de sua vida. “A minissérie (exibida em 1998, na TV Globo) deu um dinheirinho”, comenta a viúva do escritor, Beatriz Drummond. A vida mudou bastante para a família, que deixou um apartamento apertado, calorento e barulhento na Savassi, na Rua Rio Grande do Norte, 1.411, bem próximo à trincheira. O último apartamento do escritor, onde ele aparece na foto acima, ao contrário, era recuado e grande. Era no primeiro andar porque, de acordo com Beatriz, “Roberto não gostava de altura”. O escritor e cronista escrevia sempre em casa, utilizando uma máquina de escrever. No final da vida, utilizava um laptop, “mas como ele não sabia usar, alguém tinha que tirar (o texto) para ele.” Independentemente da residência, a viúva, que vive hoje no Carmo com Ana Beatriz, filha única do casal, afirma que “a casa de Roberto era a Savassi”, que ele frequentava diariamente. Treze anos após sua morte, continua lá, com a estátua na Praça Diogo de Vasconcelos.

Arquivo pessoal
Cyro dos Anjos (foto: Arquivo pessoal)
Cyro dos Anjos (1906-1994)

Rua Tomás Gonzaga, 531, Lourdes

Muitos endereços são apontados como tendo sido de Cyro dos Anjos. Há quem cite a Rua Erê, no Prado. Na verdade, ali viveu seu personagem mais importante, Belmiro Braga, o solteiro tímido e sonhador de O amanuense Belmiro. Foi publicado em 1937, oito anos após o próprio Cyro ter sido nomeado amanuense da Seção do Café da Secretaria de Finanças de Minas Gerais. Há outro endereço recorrente em suas memórias, A menina do sobrado (1979): Rua Bernardo Guimarães, 1.200. O casarão das primeiras décadas da nova capital, ainda hoje de pé, foi um dos primeiros endereços que Cyro visitou, quando aqui chegou em 1923. Era residência de um tio desembargador, Veloso, que fazia questão de receber os parentes que vinham do interior. Para não incomodar, Cyro preferiu viver em pensões na região central. Morou em BH até 1946, quando mudou-se para o Rio. Em dois endereços, viveu bastante tempo: nos anos 1930, na Rua Santa Rita Durão, 875, e, mais tarde, na Rua Tomás Gonzaga, 531, em casa que resiste hoje, em meio ao burburinho do Bairro de Lourdes.

EULER JR./EM/D.A PRESS - 15/8/00
Alaíde Lisboa (foto: EULER JR./EM/D.A PRESS - 15/8/00)
Alaíde Lisboa (1904-2006)

Rua Fernandes Tourinho, 818/201, Lourdes

Alaíde Lisboa chegou a BH, vinda de Lambari, na década de 1930. Foi nesse período que escreveu seu livro mais conhecido, o clássico infantil A bonequinha preta. Publicado em 1938, ele nasceu quando era aluna da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico. “Era um dever de casa do curso”, comenta sua filha, Maria Lisboa. Casada em 1936 com José Lourenço de Oliveira, a futura primeira vereadora de Minas Gerais viveu em algumas casas com o marido e os quatro filhos. A primeira, na Rua Timbiras 1.622, é a única ainda hoje de pé – as outras duas eram na Avenida Carandaí. Só depois que enviuvou e, por insistência dos filhos, é que Alaíde foi para o apartamento em Lourdes. Já tinha mais de 80. “Ela não admitia morar com ninguém e nem dava a chave para a gente”, continua Maria. Manteve, até bem próximo dos 100 anos (morreu aos 102), a mesma rotina, recebendo, semanalmente, grupos em casa. As crianças entravam no apartamento para conhecer e ouvir histórias de dona Alaíde.

ARQUIVO EM - 19/9/67
Oswaldo França Jr. (foto: ARQUIVO EM - 19/9/67)
Oswaldo França Jr. (1936-1989)

Rua Ferros (atual Desembargador Mário Matos), 57, serra

Expulso da Força Aérea Brasileira após o golpe militar, o piloto Oswaldo França Júnior deixa Fortaleza, onde vivia com a família, para morar em BH. Chega na cidade em 1964. Desempregado, fez de tudo um pouco: dirigiu táxi, vendeu imóveis e carros usados.A escrita, paixão desde sempre, “acontece” depois de ouvir conselhos de Rubem Braga. A consagração é de 1967, com o prêmio Walmap, graças ao romance Jorge, um brasileiro. É desta época a foto acima, com os filhos Jacyra, Andrea e Oswaldo Neto, em apartamento na Rua Ferros, hoje Desembargador Mário Matos, na Serra. “Como meu pai foi cassado, ele vivia de literatura, de banca de revista (teve uma na Praça Sete). A gente mudava muito por conta do aluguel”, conta Jacyra. França Júnior viveu ainda no São Lucas, na Floresta, no Prado e no Centro. Quando morreu, em 1989, morava na Rua Camapuã, no Prado. “Belo Horizonte foi uma cidade de muitos afetos para ele, que gostava da rua. Lembro-me de a gente conversando sobre a chegada a BH de ônibus, vindo do Rio, como ele achava bonita a vista”, acrescenta.

Arquivo pessoal - 30/10/77
Henriqueta Lisboa (foto: Arquivo pessoal - 30/10/77)
Henriqueta Lisboa (1901-1985)

Rua Pernambuco, 1.338/403, Savassi

Das estátuas de escritores de BH, somente a de Henriqueta Lisboa, inaugurada em 2006, faz menção à própria residência da homenageada. Está na Praça da Savassi, exatamente em frente ao edifício onde a poeta viveu por mais tempo na cidade, mais de duas décadas. Era uma Savassi de outro tempo, tanto que, da janela de casa, se avistava a Serra do Curral. Primeira mulher a ser eleita para a Academia Mineira de Letras, ela não se casou nem teve filhos. “Toda tarde tinha chá na casa da tia Henriqueta, com docinho de beterraba e balinha de coco”, relembra o sobrinho-neto André de Oliveira Carvalho. Os quitutes eram obra de Vicentina, a empregada que “ficou com ela a vida inteira”, comenta André. Henriqueta recebia muito, mas “sempre com hora marcada”. A sobrinha Maria Lisboa lembra-se também da vaidade da escritora. “Quando começou a perder cabelo, tinha uma peruquinha que usava sempre. Ela tinha que se aprontar para receber quem quer que fosse.”

Jorge Gontijo/EM/D.A Press
Pedro Nava (foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press)
Pedro Nava (1903-1984)

Floresta, vários endereços

Era um garoto de 10 anos quando se mudara, com a mãe, de Juiz de Fora para Belo Horizonte. No Natal de 1913, a nova capital chamava a atenção do menino. Em Balão cativo (1973), o segundo volume de suas memórias, Pedro Nava relembra os bondes da Afonso Pena “luzindo dentro da cidade perfumada”. Na Floresta, Nava viveu sempre em casas de seu tio-avô, o “coronel” Júlio Pinto: Rua Januária, 327; Pouso Alegre, 690, e Jacuí, 185. “Guardo dessas várias residências imagem superposta e vejo suas salas, seus quartos, como claro-escuro de fotografias diversas batidas sobre a mesma chapa.” Na foto, em passagem por BH em 1976, ele visita a residência de seu tio-avô em processo de demolição. Desta temporada inicial, de três anos, Nava retorna em 1921, junto com as “grandes águas” que chegaram naquele ano. Agora morador da Rua Caraça, na Serra, o estudante da Faculdade de Medicina sofre com o excesso de chuva. “Dentro de casa, espalhávamos bacias, urinóis, latas de querosene e de Banha Rosa para receber o tamborilado mais fino ou mais grosso das goteiras”, como descreveu em Chão de ferro (1976).

Arquivo pessoal
Fernando Sabino (foto: Arquivo pessoal)
Fernando Sabino (1927-2012)

Rua Gonçalves Dias, 1.458, Funcionários

Havia um quintal, uma mangueira, uma caixa de areia. Assim Fernando Sabino eternizou a casa de sua infância em BH em
O menino no espelho (1982). Mas foi a Praça da Liberdade o verdadeiro quintal do escritor, a continuação de sua casa. Nascido em 1923, só viveu aqui até os 21 anos, na casa de sua família, na Rua Gonçalves Dias (cujo terreno deu lugar ao antigo Ipsemg, futura Escola de Design da UEMG). Era no banco da praça que os “quatro cavaleiros do Apocalipse” (Sabino, Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos) se reuniam – e ainda se reúnem, graças às estátuas do quarteto em frente da Biblioteca Luiz de Bessa. Sabino também usava o caminho da praça para ir ao Minas Tênis Clube nadar com outro amigo, Ivo Pitanguy. Foi também ali que passou sua noite de núpcias. Mais precisamente do outro lado da praça, no Palácio da Liberdade, já que sua primeira mulher, Helena Valadares (na foto, num dos bancos da praça, com Sabino e Pellegrino), era filha do então governador Benedito Valadares. Mais importante de tudo: sem a praça, sua maior obra, o romance de geração O encontro marcado (1956), não existiria.


Acervo dos Escritores Mineiros/UFMG
Murilo Rubião (foto: Acervo dos Escritores Mineiros/UFMG)
Murilo Rubião (1916-1991)

Edifício Genoveva, Avenida Augusto de Lima, 249, Centro

Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, Murilo Rubião permaneceu em BH a maior parte da vida. Chegando à cidade no final dos anos 1920, só deixou a capital na década de 1950, quando foi adido cultural na Espanha. “Isso talvez tenha sido um limitador, pois, na época, para se ter inserção nacional você tinha que estar principalmente no Rio de Janeiro. Ele abriu mão disso para ficar aqui. Então o vejo como um interessado no desenvolvimento cultural da cidade. Foi um secretário informal da Cultura, quando o cargo não existia”, comenta sua sobrinha, Silvia Rubião. Rubião viveu em duas regiões. No Bairro da Serra, onde teve três endereços, e no Centro. No final da vida. escolheu o Edifício Genoveva, no Maletta, onde ocupou um apartamento no sétimo andar (na foto, último registro do escritor, ele estava em seu escritório no apartamento). Podia andar a pé, visitar as livrarias, e foi ainda uma forma de retornar ao lugar de onde veio, já que na adolescência viveu com os pais na Rua dos Goitacases.

Outro Sertão/Festival de Brasília/Divulgação
João Guimarães Rosa (foto: Outro Sertão/Festival de Brasília/Divulgação)
João Guimarães Rosa (1908-1967)

Rua Leopoldina, 415, Santo Antônio

O tapume colocado em frente ao número 415 da Rua Leopoldina traz uma imagem de Guimarães Rosa. É a única indicação, para os desavisados, da passagem do autor do maior romance brasileiro viveu ali, também o antigo Bar do Lulu. Um empreendimento imobiliário da Construtora Canopus prevê a construção de torres residenciais no local, que reúne ainda uma dúzia de casas, tombadas desde 2007 pelo patrimônio histórico municipal. Nos últimos anos, todas foram desocupadas porque a área foi adquirida pela Construtura Canopus para o projeto. Procurada várias vezes pela reportagem para saber do futuro do conjunto, a Canopus não se pronunciou. O programa Agenda, da Rede Minas, apresentou em março a certidão do primeiro casamento de Rosa, em 27 de junho de 1929, com Lygia Cabral Penna, único documento que comprova que ele havia morado ali. Também neste ano foi criado, nas redes sociais, o movimento “Salvem a casa de Guimarães Rosa”, que tenta impedir a descaracterização do imóvel e garantir uma função cultural para a edificação.

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