Polícia de Minas desarticula golpe

Força de Combate ao Crime Organizado prende 39 acusados de lesar funcionários públicos que cobravam na Justiça benefícios previdenciários

por 27/08/2015 00:13
Gil Leonardi/Imprensa MG/Divulgação
Gil Leonardi/Imprensa MG/Divulgação (foto: Gil Leonardi/Imprensa MG/Divulgação)
Landercy Hemerson


Uma organização criminosa que aplicou golpes de pelo menos R$ 10 milhões, na maioria dos casos contra servidores aposentados e pensionistas e militares de todo o Brasil, foi desarticulada ontem pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Minas Gerais (Ficco-MG). Até o começo da noite, a operação somava 39 pessoas presas, uma no Rio de Janeiro e as outras em São Paulo, onde houve também um adolescente apreendido. Na capital paulista ficaria a sede da Ana Previ – que se apresentava às vítimas como escritório de advogados especializados em assessoria jurídica da área previdenciária –, apontada como responsável pelas fraudes.

A operação cumpriu 39 mandados de prisão, metade contra mulheres, e 36 de busca e apreensão. Participaram da ação 300 policiais. A Ficco é composta pelas polícias Federal, Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Secretaria de Estado de Defesa Social. A partir dos depoimentos dos acusados,  já presos na Grande BH, serão checados nomes de outros envolvidos. Já se sabe que dezenas de pessoas emprestaram contas bancárias para receber depósitos feitos pelas vítimas.

“Temos que destacar a operação, a maior já realizada pelas forças policiais que atuam no estado em números absolutos, que desarticulou uma das maiores organizações criminosa de estelionatários que atuam na área previdenciária”, destacou o delegado Wanderson Gomes, chefe da Polícia Civil de Minas Gerais. As investigações tiveram início em março, em Minas, depois que um servidor público aposentado denunciou ter depositado R$ 1 milhão, a título de “custas processuais”, para receber um benefício.

De acordo com as apurações, o golpe da quadrilha, chefiada por um grupo de mulheres, consistia em fazer levantamentos de dados públicos de antigos processos judiciais, em que autores pleiteavam benefícios a que teriam direito. “A quadrilha tinha todo um esquema empresarial, com site, páginas em redes sociais, entre outros artifícios para enganar as vítimas. Com uso de aparelhos eletrônicos, eram feitas ligações telefônicas de São Paulo, onde era base de operação do bando, mas o número que aparecia era da cidade da vítima. Entre os artifício usados, os golpistas pediam a confirmação do endereço, sempre apresentando dados errados, para argumentar que era esse o motivo de o beneficiário não ter sido notificado pela Justiça”, explicou um agente que participou da ação.

De acordo com o delegado da Polícia Federal Flávio Albergaria, um dos responsáveis pela investigação, a maioria das vítimas era formada por aposentados e pensionistas, profissionais e ex-profissionais do Ministério Público, Poder Judiciário e das polícias. Pessoas que chegaram a pagar previdência complementar e que, por algum motivo, perderam o investimento. “Os criminosos simulavam um depósito nas contas das vítimas e pediam o adiantamento de 10% do valor que seria recebido, para custas processuais. Quando os alvos faziam o investimento, o crédito que seria recebido era estornado, uma vez que os depósitos eram feitos com cheques roubados, por exemplo,” explicou Albergaria.

O delegado da Polícia Civil Daniel Araújo, também responsável pela investigação, explica que o grupo chegou a enviar 2 mil cartas por semana para vítimas do estelionato. “Montaram uma espécie de call center, que fazia várias ligações por dia”, acrescenta.

Foram apreendidos R$ 250 mil em dinheiro com os criminosos, três carros de luxo e duas armas.  Bens dos investigados, como imóveis, carros e contas de banco, também tiveram pedido de bloqueio. Mais de 100 pessoas lesadas pela quadrilha já foram identificadas, a maioria idosos, alguns com doenças graves e fazendo tratamentos como quimioterapia. O número de lesados deve ser ainda maior, bem como os valores apropriados pelos criminosos, que vão responder por formação de quadrilha, estelionato e falsificação de documentos. (Colaborou TV Alterosa).

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