Clássico em quadrinhos

Política do governo para bibliotecas e escolas promove boom editorial de adaptações de obras literárias para os quadrinhos e movimenta o setor. Desde 2000, editoras publicaram mais de 300 títulos

por Pablo Pires Fernandes 21/08/2015 00:13
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(foto: Divulgação)
Desde que as imagens se tornaram meio de expressão industrial, no fim do século 19, o cinema e os quadrinhos dialogam com a literatura e exploram suas formas narrativas. Ao fluxo contínuo da palavra nos textos literários, as duas linguagens modernas acrescentam imagens e cortes de tempo e espaço, criando uma dinâmica própria e oferecendo ao leitor um novo olhar sobre clássicos. Se inicialmente as adaptações para os quadrinhos eram muito estanques e os recursos gráficos e próprios da nona arte eram pouco explorados, a partir da década de 1990, artistas começaram a fazer transposições mais ousadas. A dinâmica específica da página, o uso de balões, onomatopeias e enquadramentos passaram a ser usados como forma de expressão, na qual o desenhista afirma sua particularidade e também reflete a leitura que fez da obra literária.


A política do governo federal de incentivar adaptações literárias para os quadrinhos e incluí-las como material didático para a sala de aula e bibliotecas abriu um novo campo para a produção nacional, seja ela de clássicos brasileiros ou de outros países. A aposta do governo se mostrou acertada, pois supera a velha dicotomia entre a obra literária original e suas versões ditas “menores” ou “diluidoras”. Com isso, assume-se que a adaptação em quadrinho pode conviver perfeitamente com os originais, acrescentando-lhes novos sentidos e até, claro, servindo de porta de entrada para a leitura da matriz literária. As editoras apostaram nesse filão e o resultado foi positivo, para a literatura e para o quadrinho nacional.



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