Milton Hatoum compartilha com o Pensar íntegra do texto de abertura do FLI-BH

Nos escritos, autor reflete sobre a natureza do romance e estabelece ligações entre as obras-primas de Guimarães Rosa, William Faulkner e Juan Rulfo a partir do tema do festival: 'Imagina o mundo, imagina a cidade'

por Estado de Minas 17/07/2015 11:07
ANTONIO BRASILIANO/DIVULGAÇÃO
Nascido em 1952, em Manaus, Milton Hatoum é autor dos romances 'Relato de um certo Oriente', 'Dois irmãos', 'Cinzas do Norte' e 'Órfãos do Eldorado'. Atualmente, finaliza 'O lugar mais sombrio', a ser publicado pela Companhia das Letras em 2016 (foto: ANTONIO BRASILIANO/DIVULGAÇÃO)
Milton Hatoum
(Para Maria Esther Maciel)


“Imagina o mundo, imagina a cidade” é um tema ciclópico. Nele cabe tudo: o sertão-mundo de Rosa e o vasto mundo de Drummond. Mas tudo em Minas é superlativo: a história, a memória, a literatura, a arte barroca, a dança, a culinária, a hospitalidade, a arte dos artesãos e tantas outras coisas. Até a desconfiança mineira é superlativa. A imaginação e o mundo (o mundo exterior e o interior) são inseparáveis da arte, de qualquer arte. Mas quando se trata do romance, a presença da cidade é importante, pois esse gênero literário se desenvolveu e se consolidou nas modernas cidades da Europa, principalmente em Londres, na Londres do século 18, quando os primeiros romances, como mais ou menos os conhecemos hoje, foram publicados e lidos. Claro que há antecessores desse gênero literário, e o maior deles, o mais genial e assombroso, é 'Dom Quixote'.

Mas o romance só começa a se popularizar com a ascensão da burguesia e o surgimento da imprensa, numa sociedade industrializada e diferenciada, quando já não é possível narrar, em tom elevado, os grandes feitos heróicos que lemos nas epopeias e nos romances de cavalaria. É um gênero voltado para a experiência individual, uma narrativa de um mundo particular, escrita num tom particular e dirigida a um leitor particular. O leitor e o escritor, desgarrados da vida comunitária, buscam um refúgio numa espécie de ilha.

Na belíssima crônica 'Divagação sobre as ilhas', o narrador de Drummond evoca “uma ilha tão irreal como as da literatura, e nela reside por efeito da imaginação, administra-a, e até mesmo a tiraniza. Seu mito vale o da liberdade nas ilhas”. Um dos grandes mitos modernos é o individualismo, e o horizonte desse individualismo é a solidão. Como se lê na crônica de Drummond: “A ilha é, afinal de contas, o refúgio último da liberdade, que em toda parte se busca destruir”.

O escritor solitário... O leitor também solitário, que acompanha a trajetória conflituosa de uma vida que não deu certo, uma vida em desacordo com o desejo ou com a expectativa do narrador. E nessa história inventada, o narrador já não é o bom conselheiro, já não pode recorrer aos deuses do Olimpo nem ao saber tradicional dos heróis das grandes epopeias. Parafraseando Rosa: O romance é isto, o leitor sabe: tudo certo, tudo incerto.

Não há mais certezas na invenção de uma vida de aventuras e conflitos e, não poucas vezes, conflitos na consciência, dramas morais, sondagem no que há de mais profundo e problemático na vida. Enfim, viver torna-se muito perigoso. E o leitor assimila os dramas da existência humana, os sentimentos de maior intensidade, de grande exaltação ou inquietação da alma das personagens.

Dou como exemplo três romances extraordinários: 'Grande sertão: veredas', 'Pedro Páramo' e 'Absalão, absalão'. Seus autores nasceram em vilarejos das Américas: G. Rosa em Cordisburgo, aqui em Minas; Juan Rulfo em Sayula, estado de Jalisco, México; e William Faulkner em New Albany, no Mississippi, Sul dos Estados Unidos.

Quem não se emociona ao ler, nas últimas páginas do 'Grande sertão', as palavras de Riobaldo sobre a morte de Diadorim? Qual leitor não se abisma com as vozes dos mortos-vivos no único romance de Juan Rulfo ? Ou com a tirania desse “rancor vivo”, o próprio Pedro Páramo, personagem que dá nome ao romance notável do escritor mexicano? Quem não se inquieta com a relação incestuosa de Judith com seu irmão Charles Bon no romance 'Absalão, absalão', de Faulkner? Ou com a monstruosidade do pai de Judith, o coronel Thomas Sutpen, cuja ambição desmesurada acaba causando uma catástrofe coletiva?

Esses romances não são ambientados numa metrópole ou numa cidade moderna. Mas, como no sertão de Rosa, que está em toda parte, a geografia do romance é ubíqua. Pode situar-se numa ilha, como em 'Robinson Crusoé', lá no século 18, nas origens do romance moderno. Pode situar-se num lugar assinalado no mapa geográfico ou num lugar estranho, no mapa da mente. Ou até mesmo no deserto, num quarto ou num canto recôndito e misterioso, desvão do inconsciente, habitado por fantasmas, assombrações.

De um modo geral, um escritor constrói sua narrativa num espaço familiar, num raio de ação cujo centro é a sua infância ou juventude. Lugares onde viveu, espaços conhecidos ou reconhecidos pela memória. É o que ocorre com os nossos três escritores. No entanto, o mais decisivo não é o espaço onde transcorre a ficção, mas o modo de narrar, de dar uma forma coesa à narrativa, em que os elementos, em sua aparente dispersão, façam parte de uma estrutura. O espaço romanesco e sua dimensão simbólica não são gratuitos nem arbitrários, são partes constitutivas da narrativa.

Logo nas primeiras páginas de 'Pedro Páramo' lemos que Comala está sobre as brasas da terra, na boca do inferno, como diz um dos narradores. Isso vai repercutir em toda a narrativa: a descida dos personagens ao inferno, às brasas da terra.

Um lugar aparentemente deslocado em 'Absalão, absalão' é o Haiti, para onde Sutpen, ainda jovem e pobre, se aventura numa viagem meio fantasiosa, com lances romanescos. No Haiti, ele se casa e tem um filho mestiço; depois, larga a família e volta ao Mississippi com um arquiteto francês e vários escravos, que vão trabalhar na construção da mansão e na propriedade agrícola de Sutpen, no condado de Yoknapatawpha, em Jefferson (Mississippi). Assim, a ex-colônia francesa adquire um significado social e histórico, que será relevante no desdobramento da ação narrativa.

Isso ocorre em muitas passagens de 'Grande sertão: veredas'. Uma delas é quando Riobaldo vê uma encruzilhada e pergunta: “Agouro? Eu creio no temor de certos pontos”. E essa encruzilhada de veredas que se alargam e formam um “tristonho brejão, apodrecido em escuro”, é um lugar chamado Veredas Mortas. É aí que Riobaldo fica “demudado, com uma raiva espalhada em tudo, frouxa nervosia”. Nessas Veredas Mortas, depois de tanto pensar e sonhar coisas muito duras, Riobaldo e Diadorim confabulam sobre o destino de Hermógenes.

“Que sim, certo. O inimigo é o Hermógenes.”

Todos esses lugares onde vivem ou por onde passam as personagens têm um significado latente, e são pensados, interiorizados pelo escritor. Lugares entrelaçados ao tempo, à passagem do tempo da narração, às mudanças do modo de ser de cada personagem. E tudo isso tem a ver com o verbo que aparece duas vezes no tema deste festival: imaginar.

Vários escritores negam ou negaram a inspiração. Muitos implicam com essa palavra. Em que você se inspirou para criar tal personagem ou para escrever tal cena? São perguntas recorrentes. Manuel Bandeira usou uma palavra bonita para evocar a inspiração: alumbramento, aparição súbita de uma imagem.

Poetas como Paul Valery ou João Cabral eram refratários à inspiração, eles valorizavam a poesia como trabalho de arte, feito com toda lucidez. A luta com as palavras, essa luta vã, dos versos de Drummond.

Para o poeta Wallace Stevens, a poesia deve ser construída por um “esforço da mente”. Mas o grande poeta norte-americano reconheceu que a poesia também brotava da “faculdade construtiva da imaginação ou por uma milagrosa forma da razão que a imaginação às vezes promove”.

Com ou sem inspiração, penso que a imaginação é o que dá força à arte da ficção e a qualquer arte. A imaginação tem a ver com a misteriosa diversidade dos seres, da natureza, do mundo. Podemos imaginar inúmeras coisas e situações, podemos construir personagens com graus variados de complexidade. Mas no romance, a imaginação, através da linguagem, deve dar unidade à diversidade e à multiplicidade. Imaginar o pequeno e o grande: do nome da personagem aos detalhes e à vastidão da natureza. Exemplos não faltam. O próprio título do livro de Rulfo: 'Pedro Páramo'. A pedra: o homem terrível que desmorona no fim. E o páramo: terreno deserto, sem cultivo e sem abrigo. Em sentido figurado, páramo é qualquer lugar frio e desamparado. O nome da personagem, a paisagem e o estado da alma, juntos.

Algo semelhante ocorre com Diadorim e Riobaldo, nomes plenos de sugestões. Ou com o nome daquela moça estrangeira, Rosa’uarda, filha de turcos; na verdade, filha do árabe – sírio ou libanês – Assis Wababa. G. Rosa conhecia a língua árabe, sabia que “uarda” significa flor. Rosa’uarda: Rosa-flor, a que ensina a Riobaldo as primeiras bandalheiras na Fazenda Curralinho. E essa Rosa-flor reaparece nas lembranças lúbricas do narrador.

O páramo, o sertão e o Mississippi configuram o vasto espaço de uma travessia solitária de heróis romanescos, que se interrogam sobre o sentido da experiência individual. E tudo isso só faz sentido à percepção do leitor por meio da linguagem. E a linguagem, segundo Aganbem, aparece como o lugar em que a experiência deve tornar-se verdade. Esse é, a meu ver, um dos fundamentos do romance. A relação profunda entre experiência, linguagem e verdade. Mas qual verdade? A verdade das relações humanas, a verdade construída pela linguagem e o que nela há de simbólico, de histórico e social.

É muito difícil saber como a experiência de vida e leitura de um escritor é transferida ao narrador e sedimentada na linguagem. De qualquer maneira, o desafio do escritor é dar forma literária às reflexões, ideias e questões entranhadas na experiência individual e histórica. O mais difícil é isso: construir uma ponte entre a experiência, a imaginação e a linguagem. Nem é preciso dizer que os nossos três autores foram excelentes leitores, que souberam selecionar e usar textos em proveito de seu próprio trabalho. E não apenas textos de literatura. Leitores com uma intuição poderosa, e com uma sensibilidade muito aguda no trato com a linguagem. E, não menos importante, com uma percepção também aguda do tempo em que viveram e da memória histórica. A frase famosa de Rosa diz muito sobre isso: Aprender a viver é que é o viver mesmo.

As décadas que Faulkner conviveu com fazendeiros e plantadores de algodão no Sul dos Estados Unidos. Rulfo não apenas conviveu com índios e mestiços mexicanos, como também tirou belas fotografias de paisagens, pueblos, camponeses. As longas conversas de Rosa com os capiaus do Centro-norte de Minas, as minuciosas anotações que fez dessas conversas, e o olhar atento às pessoas e à natureza.

Tudo isso serviu de matriz do que seria a fala delirante de tia Rosa e a fala dos escravos em 'Absalão, absalão', o estranho coral de fantasmas dos camponeses de Jalisco, e o longo e sinuoso monólogo interior de Riobaldo e de outros sertanejos. A fala de cada um deles, vozes estilizadas, reinventadas pela linguagem de cada escritor. Essa compreensão profunda da realidade e da história do país, somadas a muitas leituras, são formas de conhecimento, decisivas para imaginar a matéria a ser narrada e para usar técnicas e estratégias narrativas. Como diz Riobaldo: “É preciso a gente saber tudo, formar alma, na consciência”.

São livros fascinantes porque, entre outras coisas, superam o realismo documental, referencial, o realismo raso, sem nenhuma transcendência, às vezes com feições de reportagem que se pretende ficção. E há ainda nesses três romances americanos uma ousadia formal, uma vontade de estilo que dá a eles uma dimensão estética incomum, que nada deve aos grandes romances europeus do século passado. Nessas três obras-primas de alcance universal, impressionam os jogos temporais, a perspectiva interna da narração, a indagação metafísica, a dimensão social numa região atrasada, rústica e pobre como o sertão, ou certas regiões rurais do México, e também do Mississippi, o velho Sul castigado e arruinado durante a segunda metade do século 19, que forma o arco temporal do romance de Faulkner.

As consequências trágicas da Revolução Mexicana de 1910 aparecem na terra arruinada de 'Pedro Páramo'; e não menos trágica é a herança da guerra civil norte-americana, a Guerra de Secessão, entre 1861 e 1865. Em ambos os livros são expostos a dor, o sofrimento e a loucura dos personagens. No romance de Faulkner, a fatalidade e a maldição agravadas pela questão racial nos estados sulistas, cuja tensão e violência perduram, como ocorreu há pouco tempo numa igreja de Charleston, onde vários negros foram executados por um racista.

Essas narrativas recorrem de modo exemplar a duas fontes da literatura. A primeira é a dimensão mítica. Os personagens principais são pactários do demônio. Cada um a seu modo, Hermógenes, Pedro Páramo e o coronel Sutpen são mais ou menos expostos à violência mítica do diabo.

Na época em que eu pensava cursar a pós-graduação, o tema do doutorado era “Três demônios nas Américas”. Mas abandonei esse tema cabeludo e escolhi outro, igualmente cabeludo e abandonado. Depois abandonei o doutorado e me entreguei aos demônios da minha própria ficção, infinitamente mais modestos, os demônios e a minha ficção.

Claro que há outros mitos disseminados nesses três romances, mitos de ressonância bíblica em 'Absalão, absalão', ou extraídos da literatura clássica em 'Pedro Páramo'. Mas são mitos transformados em narrativas realistas, ou em modalidades complexas da ficção realista, com uma perspectiva do fantástico em 'Pedro Páramo', do romance de formação no 'GS: veredas', e com um denso sentido histórico em 'Absalão, absalão'.

A segunda dimensão fundamental nesses livros é a poética. A poesia que está entranhada na prosa dos narradores. Não me refiro à narrativa com adornos líricos, e, sim, ao ritmo e à atmosfera poética, prosa e poesia misturadas no interior da narração: “a matéria vertente”, como diz Riobaldo. Quando isso ocorre de forma plena, exemplar, é sinal de que a obra alcançou um patamar muito elevado.

***

De vez em quando alguém fala da crise do romance. É um assunto tão velho quanto a idade do romance, que já nasceu em crise. Como definir uma narrativa onívora, aberta a todas as novidades? Por isso, em sua origem inglesa no século 18, essa narrativa chamava-se “novel”. Um gênero com fome de novidade, que tenta reinventar-se. Quer dizer, já nasceu com o fardo de encontrar uma forma adequada de narrar uma história, de se renovar ou, ao menos, de falar uma verdade ao leitor, a partir de uma história inventada e, se possível, pouco convencional.

Por volta de 1980, durante uma conversa radiofônica sobre literatura, Maurice Nadeau perguntou a Barthes sobre a crise do romance. Barthes respondeu que a verdadeira crise era o excesso de livros. Certamente, referia-se à indústria cultural, que cresceu exponencialmente nas três últimas décadas. Mas, como disse Octavio Paz, a lógica do mercado não é a lógica da literatura. E a pressão do mercado, com os 50 tons de cinza e inúmeros matizes de bobagens, não deveria usurpar a imaginação e a sensibilidade dos leitores. Porque a imaginação do leitor é cúmplice da imaginação do escritor. A leitura descobre caminhos no interior do texto, trilhas e veredas que conduzem ao conhecimento de nós mesmos e dos outros, penetram no que há de mais obscuro na vida do espírito, indagam sobre a existência do mal, ou do demônio, como fez Riobaldo na sua longa travessia pelo sertão, pela vida e pela linguagem.

A literatura, como disse Antonio Candido, “age com o impacto indiscriminado da própria vida e educa como ela, com altos e baixos, luzes e sombras”. Concordo também com outro grande crítico, Davi Arrigucci Jr., quando afirma que “a literatura pode também contribuir para a formação da personalidade humana, adquirindo uma função social específica, seja por responder a determinadas necessidades psicológicas de fantasia ou ficção, seja pelo papel educativo que pode desempenhar num sentido amplo”.

A literatura não é uma receita de bem viver, não funciona como autoajuda. Contribui como indagação à vida, como estímulo à reflexão e ao pensamento. Ela é um convite à aventura da palavra e seus símbolos. Por isso a boa literatura causa surpresa, dúvidas, estimula nosso pensamento.

Mencionei esses três livros porque causaram tudo isso em mim, um jovem leitor nos anos 1970, estudante de arquitetura que queria ser escritor. Esses e outros livros me fascinaram e me inibiram, usurparam quase toda a vaidade da juventude, mas me estimularam. Quando a gente se sente derrotado pela genialidade dos grandes artistas, as obras que eles escreveram nos estimulam e nos apontam um caminho a seguir.

Li esses livros àquela época; depois, cada releitura foi uma descoberta, um novo encantamento, uma verdadeira lição de literatura e de vida. Romances que têm um ponto final, mas não têm fim. Nunca acabam...


Referências bibliográficas

. Arrigucci Jr., 'Davi. Movimentos de um leitor – Ensaio e imaginação crítica em Antonio Candido'. In: 'Dentro do texto, dentro da vida', orgs. Maria Angela D’Incao e Eloísa Faria Scarabôtolo. Instituto
Moreira Salles/Companhia das Letras, 1992.

. Arrigucci Jr., Davi. 'O mundo misturado: romance e experiência em G. Rosa'. In: 'América Latina – Palavra, literatura e cultura'. Org. Ana Pizarro, vol 3, 'Vanguarda e modernismo', ed. Unicamp/Memorial da América Latina, 1995.

. Brooks, Cleanth. 'William Faulkner: Toward Yoknapatawpha and Beyond'. Yale University Press, 1978.

. Stevens, Wallace. 'Selected poems', edited by John N. Serio, Alfred Knopf, New York, 2009.

PARA LER MAIS

. 'GRANDE SERTÃO: VEREDAS'
De João Guimarães Rosa
Editora Nova Fronteira,
608 páginas, R$ 44,90

. 'PEDRO PÁRAMO'
De Juan Rulfo
Editora Paz e Terra, 162 páginas (fora de catálogo)

. 'ABSALÃO, ABSALÃO'
De William Faulkner
Cosac Naify, 352 páginas, R$ 69,90

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