Fabiano Calixto reúne poemas no volume 'A canção do vendedor de pipocas'

Publicação é lançada neste sábado em Belo Horizonte

por André Di Bernardi Batista Mendes 09/11/2013 00:13
Regiane Coelho/Divulgação
(foto: Regiane Coelho/Divulgação)
Um poeta que entende, que gosta e vive a poesia. Um anarquista. Um poeta que sabe de cor o nome do vento. Fabiano Calixto acaba de lançar, pela Editora 7 Letras, A canção do vendedor de pipocas, livro que reúne sua múltipla produção poética, de 1998 a 2012, com poemas retirados dos livros Algum (edição do autor, 1998), Fábrica (Alpharrabio Edições, 2000), Um mundo só para cada par (Alpharrabio Edições, 2001), Música possível (Cosa Naify/7 Letras, 2006) e Sanguínea (Editora 34, 2007).

Fabiano deixa impresso, no cimento, nos edifícios, nas entrelinhas, no substrato do real uma profusão de sons e tons que marcam e revelam intensidades e a crueza da paisagem urbana. Cada poema concentra grandes doses de vigor, de intensidades. Mas Fabiano, contudo, não deixa de lado algo importantíssimo, uma ternura, uma paixão que atinge o leitor com força e vigor. Poesia é, antes de tudo, também, celebração. Fabiano capta a força de ruídos, de rostos, o poeta capta , com sua rede feita de sonhos, a velocidade – a voracidade – e a melancolia que desce dos amores mais genuínos. Fabiano encontra, em sua utopia, um lugar para cada coração, para cada amante, para cada coisa. Existe um céu para cada verso. Mas, poesia é isto, o poeta alardeia: um grito lançado para um mundo surdo.

A cidade é fonte para a poesia de Fabiano, como também um pardal no telhado, a porta de um bar, fiapos de garoa, tiros imaginários, risadas, córregos fétidos, guimbas de cigarros e um carro de entulhos. As coisas escondem segredos. A poesia de Fabiano é propícia e faz surgir pássaros para o corpo das meninas.

O poeta sofre de uma “noite crônica do organismo”, sabe de situações que acordam todas as fomes, sabe que “na pior das hipóteses/ ainda há uma chuva/ que, de vez em quando,/ cai sobre esse declínio civilizado/ sobre essas palavras que saem ocas/ sobre essas máquinas”. O poeta, anárquico, contudo se abre, pronto para tudo que é verde. Fabiano sabe e tem ouvidos de ouvir o som da garoa, e tantos ecos de canções. O poeta tem braços, e neles cabem “um abraço/ um abraço não dicionarizado/ um abraço sem contusão/ abraço de silêncios e vácuo”. O que de melhor existe, nos poemas: um cheiro de grama depois da chuva, e várias tempestades. O poeta quer, no fundo, “adormecer os poemas”.

Fabiano Calixto nasceu em Garanhuns (PE), em 1973, mas vive em São Paulo. Tem poemas publicados em vários jornais e suplementos no Brasil e no exterior. Traduziu poemas de Jim Morrison, Allen Ginsberg, John Lennon, Roberto Bolaño, Laurie Anderson, entre outros. Fabiano foi também editor da revista de poesia Modo de Usar. Seu próximo livro de poemas, Nominata morfina, será publicado em breve.

A canção do vendedor de pipocas tem lançamento hoje, com direito a boas surpresas: os poemas de Fabiano Calixto vão ser lidos por escritores e poetas mineiros como Ana Martins Marques, Fabrício Marques, Kiko Ferreira, Júlio Abreu, Michelle Campos, Renato Negrão, Simone Andrade Neves, entre outros.

A CANÇÃO DO VENDEDOR DE PIPOCAS
. De Fabiano Calixto
. Editora 7 Letras, 132 páginas, R$ 39
. Lançamento hoje, às 11h30, na Scriptum, Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi

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